13 de julho se comemora o Dia Mundial do Rock, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), como uma homenagem ao megaespetáculo Live Aid, ocorrido nesta mesma data em 1985, com o fim de arrecadar fundos para combater a fome na África.
Muito se tem dito acerca do Rock, e alguns chegam atribuir sua paternidade ao diabo. Por causa disso, nem todos olham com bons olhos a influência que o rock tem exercido na música cristã contemporânea.
Afinal de contas, o diabo é ou não o pai do rock?
Para respondermos a esta questão, que tal apelarmos a um exame de DNA?
Vamos examinar as origens deste ritmo que tem embalado jovens por várias gerações.
Apesar de no decorrer de sua história o rock and roll ter ficado mais marcado por astros brancos, deve-se aos negros, escravos trazidos da África para as plantações de algodão dos Estados Unidos, a criação da estrutura rítmica e melódica que seria a base do rock. Os cantos entoados pelos negros durante o trabalho, no início do século XX dariam origem ao Blues (do inglês azul, usado para designar pessoa de pele escura, bem como tristeza ou melancolia). Focado basicamente no vocal, o blues era geralmente acompanhado apenas por violão.
Enquanto o blues se desenvolvia nos campos e pequenas cidades, nas grandes cidades por sua vez tocava-se o jazz, baseado na improvisação e marcado por bandas maiores e arranjos mais elaborados, com percussão e instrumentos de sopro.
Por um outro lado, nas igrejas evangélicas desenvolvia-se a música gospel negra, que embora obedecendo as escalas de blues, caracterizavam-se por ritmo frenético, canções de redenção e esperança para um povo oprimido. A música era acompanhada por piano ou órgão.
A economia de guerra e o desenvolvimento da indústria havia levado mais gente dos campos para a cidade, forçando o relacionamento entre brancos e negros e a tensão social e racial mas também favorecendo a influência mútua entre a música negra (blues e seus derivados) e a música branca (principalmente country e jazz). Da fusão do blues original com os ritmos mais dançantes dos brancos surgiu o rhythm and blues, que levou a música negra ao conhecimento da população consumista.
No início da década de 50, com o final da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos despontavam como grande potência mundial. A população de maneira geral (inclusive as minorias) pela primeira vez tinha dinheiro para gastar com supérfluos como música. Com o anúncio da explosão de bombas atômicas pela União Soviética e um possível "fim do mundo" a qualquer momento, a ordem geral era aproveitar cada momento como se fosse o último.
Em pleno crescimento econômico capitalista o consumo era considerado fator primordial para geração de empregos e divisas, bem como o melhor antídoto contra o comunismo, e a busca por novos mercados consumidores era incessante. Obviamente a parcela mais jovem da população rapidamente se mostrou mais facilmente influenciavel e ao público adolescente pela primeira vez foi dado o direito de ter produtos destinados ao seu consumo exclusivo, bem como poder de escolha.
Estranhamente, porém, os jovens brancos, em grande parte, se negavam a consumir a música normalmente consumida pela maioria branca. Começaram a buscar na música dos guetos algo diferente.
A aceitação deste tipo de música pelo público de maior poder aquisitivo levou a incipiente indústria fonográfica da época a investir na evolução do estilo e procura e contratação de novos talentos, principalmente na procura de um jovem branco que pudesse domar aquele estilo aliando a ele uma imagem que pudesse ser vendida mais facilmente. Tornaram-se comuns os relançamentos de versões de músicas dos negros regravadas por artistas brancos, que terminavam por tirar os verdadeiros criadores do estilo do topo das paradas.
A mistura explosiva da empolgante música negra com o consumismo branco adolescente havia sido feita... a explosão era questão de tempo....
Mas quem teria sido o homem que mereceria ser coroado como responsável pela "criação" do rock and roll? Obviamente um estilo musical tão complexo não poderia ter sua invenção atribuída incontestavelmente a apenas um indivíduo ou grupo de indivíduos. Mas se alguém merecesse ter seu nome associado à "criação" do rock como o conhecemos este alguém não seria Elvis ou Bill Haley ou Chuck Berry ou nenhum outro cantor ou band leader. O "inventor" do termo rock and roll e grande responsável pela difusão do estilo foi o disk jokey Allan Freed, radialista de programas de rhythm and blues de Cleveland, Ohio, que primeiro captou e investiu na carência do público jovem consumista por um novo tipo de música mais energética e primeiro percebeu o potencial comercial da música negra.
Portanto, apesar de muitos terem usado o ritmo para fins pouco louváveis, o rock não é filho do diabo, mas a fusão de várias influências musicais, entre elas, o gospel.
Hermes C. Fernandes - Cristianismo Subversivo
Nenhum comentário:
Postar um comentário