“Aí Jesus deu um grito forte e morreu.” (Marcos 15:37 NTLH)
Não há um jeito mais humano de morrer – um grito. Na cruz, os lábios que só conheciam benção, louvor e cura são de repente violados por um grito – expressão que ultrapassa as barreiras do tempo, do espaço, da linguagem, e comunica mais que as próprias palavras.
Sombras intrusas roubam as cores do espetáculo sinistro que toma lugar. Escuridão... Se em Seu nascimento houvera luz à meia-noite, em Sua morte há trevas ao meio-dia. Ausência de luz, denunciando a ausência do Pai. E um grito de dor. Nada poderia feri-Lo com maior intensidade do que a estranha sensação de abandono do céu.
O quadro romântico que os artistas pintaram ao longo da história não passa de uma fórmula adulterada da cena vexatória protagonizada por um homem nu. Na Bíblia, nudez é um símbolo de pecado. Onde há nudez, há pecado. Foi assim no Éden, na criação, quando o primeiro casal pecou. Foi assim depois do dilúvio, na recriação, quando Noé pecou. É assim na mensagem profética para a última igreja, nas cartas do Apocalipse. O mesmo aconteceu na cruz... Ali, sobre dois toscos pedaços de madeira, toda vergonha do mundo repousava num só homem. Deus estava nu. Em Cristo, Deus tomou nosso pecado. Carregou todas as vergonhas consigo, mas nem sequer uma delas era Sua. Era peso demais. Era estranho demais.
E um grito cortou o coração da mãe, sangrou o coração do pai, mas dividiu a história em duas. Um grito rasgou o diafragma do pecado e alcançou o céu, para dar sentido a todos os gritos de quem se sente perdido, mas não encontra em si meios de salvação.
As dores de Cristo são a cura para cada alma perdida. O grito da cruz é a melodia do céu, é a canção dos salvos. Que esse grito encontre eco em seu coração. Que você encontre vida em Cristo. E descanse.
Pr. Cândido Gomes - Éoqhá
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