quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Dia do Professor - Há motivos para se comemorar?


Hoje deveria estar sendo comemorado o Dia do Professor, mas nem tudo é festa na data dedicada a uma das mais nobres profissões da história da humanidade. Realizados com a missão de ensinar e ajudar na formação de futuros cidadãos adultos, ao mesmo tempo os professores sentem na pele o descaso das autoridades com a educação.

E o ano de 2015 entra para a história na luta de classe dos professores tanto na esfera federal, quanto na estadual e municipal. Os professores da rede federal encerraram anteontem a mais longa greve das universidades federais do Brasil. Foram quase cinco meses de paralisação e entre outras reivindicações eles exigiam valorização salarial e melhores condições de trabalho.

Na esfera estadual, não foi diferente e o ano letivo já começou com greve no Paraná. Foram duas paralisações dos professores que culminou com um massacre no Centro Cívico de Curitiba durante manifestações e mais de 200 servidores ficaram feridos por bombas de efeito moral e tiros com munição não letal. A professora Inês Mathias da Silva, que está no magistério há 22 anos, diz que ser professor é um trabalho gratificante, mas o desgaste é grande com a política adotada pelo Estado do Paraná. Para ela, o governo não enxerga a educação como um sistema de formação humana, mas como negócio. Ela ainda se emociona ao lembrar da luta que destronou dois secretários de Estado – Segurança Pública e Educação – e diz que foi uma luta sangrenta e dolorida. Apesar dos problemas, ela diz que ainda vale a pena ser professor. “Quem faz o trabalho com amor sabe o que eu estou falando”, declara. O sistema capitalista obriga os pais a trabalharem cedo e, em muitos casos, os professores, além de ensinar os filhos acabam absorvendo a tarefa também de educar. A tarefa nem sempre é fácil já que muitos estudantes não respeitam o professor em sala de aula.

Em São Paulo, os professores da rede estadual de ensino decretaram a maior greve da história do estado. Foram 92 dias de paralisação, lutando contra o bloqueio midiático e a falta de disposição do governador Geraldo Alckmin (PSDB) para negociar. Além de São Paulo, outros dez estados brasileiros também entraram em greve na Educação. Estes movimentos grevistas denotaram forte luta dos professores brasileiros contra o caos e o desmonte da escola pública.

A professora Verônica Dias integra o quadro da rede municipal de Cascavel no Paraná, e diz que 15 de outubro deveria ser um dia de manifestações e não de comemorações. Para ela, a categoria deveria nesta data expor suas preocupações, angústias e a falta de valorização pelas autoridades. “Não estou falando de valorização só em questão salarial, mas como ser humano mesmo”, declara. Há sete anos atuando na educação, Verônica afirma ainda que hoje deveria ser um dia para reflexão. 

A data
No dia 15 de outubro de 1827, dia consagrado à Santa Teresa d'Ávila - educadora e doutora da Igreja, Dom Pedro I, Imperador do Brasil, baixou um Decreto Imperial que criou o Ensino Elementar no Brasil. Pelo decreto, "todas as cidades, vilas e lugarejos teriam suas escolas de primeiras letras". Esse decreto falava de bastante coisa: descentralização do ensino, o salário dos professores, as matérias básicas que todos os alunos deveriam aprender e até como os professores deveriam ser contratados. A ideia, inovadora e revolucionária, teria sido ótima - caso tivesse sido cumprida. Mas foi somente em 1947, 120 anos após o referido decreto, que ocorreu a primeira comemoração de um dia efetivamente dedicado ao professor. O Dia do Professor foi oficializado nacionalmente como feriado escolar através do Decreto Federal nº 52.682, de 14 de outubro de 1963.

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