“Martírio de Tiradentes”, óleo sobre tela de Francisco Aurélio de Figueiredo e Melo (1893) |
Neste 21 de abril, mesmo dia em que, no ano de 1792, o alferes Joaquim José da Silva Xavier era enforcado pelo crime de "lesa-majestade", o rosto de Tiradentes, este grande herói nacional, ainda é um verdadeiro mistério. Sua face mítica, reproduzida nos mais diversos livros de História do Brasil, foi reforçada cerca de um século após a sua morte, no burburinho republicano.
Os adeptos do novo regime precisavam gerar um levante patriótico e, convenhamos: nada melhor do que tornar o mártir uma referência republicana e, por que não, fazer do episódio a própria Paixão de Cristo moderna? Afinal, bastou colocar uma barba ali, um Judas acolá... Nem Pedro faltaria para renegar o humilde alferes...
Dito e feito. Não teve para ninguém. As semelhanças entre Tiradentes e Jesus Cristo eram inegáveis: o nosso aprendiz de dentista foi traído por trinta dinheiros, carregava a tiracolo seus 12 apóstolos e, na ressurreição cívica, sua biografia foi sendo composta ao sabor das paixões e necessidades políticas, sem maior compromisso com a veracidade.
Por isso, embora estivesse com barba e cabelo raspados diante da sentença - como costume entre prisioneiros da época -, diversos pintores começaram a retratar Tiradentes com as feições de um Jesus brasileiro, vestido com uma imaculada túnica branca.
E assim, a imagem resignada de nosso mártir cívico-religioso, porta-voz dos fracos e oprimidos, vem a calhar com a memória propagada pela política vigente do período, esquartejada e distribuída como saber didático em todo o país.
Mas acima de qualquer herói humano, está Jesus, o Mártir dos mártires. Deixou as cortes celestes, desceu ao fosso em que se encontrava a humanidade, foi alvo de uma conspiração tramada pelos líderes de então, e crucificado com todos os requintes de maldade. Mas, na verdade, Ele chamou a si a responsabilidade por todos os nossos pecados. Dali em diante, a cruz tornou-se um símbolo de amor, desprendimento e, ao mesmo tempo, admiração. O apóstolo Paulo afirma: “Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo.” (Gálatas 6:14).
Paulo gloriava-se na cruz porque ela fora o meio pelo qual Jesus nos libertou do jugo do pecado. Na cruz, o Céu pagou o preço da nossa independência. Por isso podemos dizer com alegria: “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.” (Romanos 8:1).
O caminho da liberdade foi aberto por Cristo. Quem anda por ele, sente o desejo de partilhar com outros o prazer da libertação espiritual. No livro Nisto Cremos, à página 245, lemos o seguinte: “O vasto abismo existente entre o Céu e nós, o abismo atravessado por Cristo, torna insignificante o pequeno trecho de rua que nós temos de caminhar para podermos alcançar o nosso irmão.”
O ato heroico de nosso Salvador mostra que ninguém é sem valor. Todos são desejados.
Pensamento para reflexão: Por que andar em pecado, se na cruz Cristo nos libertou?
"Mas Ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e pelas Suas pisaduras fomos sarados." (Isaías 53:5).
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