Não sou "profeta do apocalipse", nunca fui. Quem me conhece sabe que, definitivamente, não é esse o meu perfil de crente. Sempre procurei viver minha religião com equilíbrio, buscando usufruir da graça de Deus estendida a todos os homens. Sempre procurei extrair da vida cristã todo o potencial de alegria e bem-viver que ela pode nos dar aqui e agora, embora sem perder de vista nosso destino eterno. Sou uma pessoa do meu tempo. Costumo dizer que nasci em meados do século passado, mas não vivo lá. Mas, vendo o que está acontecendo atualmente no mundo, a progressão das doenças de todo tipo, físicas e emocionais, o aumento desmesurado da violência, maldade, desamor, criminalidade, desemprego, fome, terrorismo sanguinário, tragédias naturais, destruição do planeta, desabastecimento, escassez de água e de energia, desgoverno e perplexidade na maioria dos países, corrupção arraigada em todos os níveis da sociedade, relacionamentos humanos em crise, inversão total de valores, desconstrução da família, chega-se de modo fácil à constatação de que o problema desse mundo não é apenas econômico, político, social, moral, mas, principalmente, espiritual.
E é difícil não enxergar que desabam as estruturas criadas pela humanidade ao longo dos séculos e aumenta o vazio no coração do homem, provocado pela ausência de esperança e pelo esgotamento das soluções possíveis. Crescem as igrejas, cresce o número de religiões, crenças, filosofias e misticismo, mas, diminui e cada vez mais ficam em frangalhos a espiritualidade e a fé.
Além disso, perdemos pessoas queridas, cada vez com maior frequência, quase todos os dias. Sabemos que a vontade de ficarmos livres desse sofrimento não deve ser a nossa maior motivação para ver a Jesus, mas, não aguentamos mais. É perfeitamente humano e compreensível querer que isso tenha fim. Profecias? Sim, creio nisso. Há na maioria das religiões escritos proféticos que há milênios vislumbram essa situação de caos. Falando como cristão que sou, a Bíblia encontra-se plena dessas referências, e devemos estudá-las para estar atentos, sem medo, de forma desassombrada, com equilíbrio e a confiança de que, por trás de todas elas há um Deus que controla a história e que a levará a um final ideal e feliz.
Portanto, vivamos nossas vidas com toda a alegria de que formos capazes, seguros na mão do Deus da história. É bom ter religião institucional, adorar em comunidade, crer na doutrina certa, mas isso não é suficiente e nem garante a salvação de ninguém. Há que aceitar na vida a graça multiforme de Deus e desenvolver religião pessoal, comunhão, relacionamento, que se traduz em estudo da Palavra, oração e serviço de amor ao próximo. Não importa quanto tempo ainda falta, Deus conhece a plenitude do tempo, mas, um dia, assim creio - e respeito quem não crê - olharemos para o céu e veremos lá o sinal do Filho do Homem. Teremos de volta nossos queridos, pois a ressurreição está garantida. Iniciar-se-á um nova era de paz e felicidade.
Enquanto isso não acontece, compete-nos trabalhar, fazer nossos projetos e planos, tocar nossas vidas, vencer nossas lutas, superar ou conviver com nossas mazelas e misérias, amar e ser amados, amadurecer, envelhecer e morrer morte temporal, seguindo a ordem natural das coisas, até que algo de sobrenatural aconteça e esse ciclo se interrompa para um novo começo de todas as coisas. Mas, devemos fazer tudo com a vista firmada muito mais além, muito além do sol, muito além das estrelas e galáxias, de onde esperamos, um dia virá o Senhor.
Mário Jorge Lima (via Instantâneos do Reino)
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