O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2017 será realizado em dois domingos consecutivos: 5 e 12 de novembro. No ano passado, a prova foi aplicada em um fim de semana (sábado e domingo, 5 e 6 de novembro). A modificação integra uma lista de novidades divulgadas pelo Ministério da Educação (MEC) na manhã desta quinta-feira (9).
A decisão de alterar o esquema de datas do Enem foi decidida após a realização da consulta pública sobre o exame, entre os dias 18 de janeiro e 17 de fevereiro.
Dos mais de 600 mil participantes, 63,70% votaram que o Enem deveria ocorrer em dois dias e 36,30% opinaram que deveria ser aplicado em um dia só. Em seguida, aqueles que participaram da consulta pública tiveram de responder à seguinte questão: “Caso o exame continue sendo aplicado em dois dias, qual formato deverá ser realizado?”. A maior parte (42,30%) optou que ele ocorresse em dois domingos seguidos – por isso, o MEC implementou a mudança.
Em segundo lugar, ficou a opção de um domingo e uma segunda-feira (que se tornaria feriado escolar), votada por 34,10% dos participantes. Por último, restou a alternativa de manter-se o esquema até então vigente, de sábado e domingo, com 23,60% dos votos.
Sabatistas
Uma das consequências da realização do exame somente aos domingos é atender uma antiga reclamação dos candidatos sabatistas – por causa da religião, eles só podem estudar ou trabalhar aos sábados após o sol se pôr. Consequentemente, todos os anos, eles entram no local de prova às 13h (horário de Brasília) e ficam isolados em uma sala até as 19h, quando começam o exame. No Acre, por exemplo, por causa do fuso horário, o tempo de espera é de 9 horas.
De acordo com o Inep, isso faz com que cada candidato sabatista custe para o governo R$ 16,39 a mais do que os demais participantes, devido às despesas extras trazidas pela aplicação do exame à noite no sábado. No Enem 2016, os 76 mil sabatistas que fizeram a prova acarretaram um gasto de aproximadamente R$ 646 mil. (Com informações do G1)
Nota da ASN: A Consulta Pública lançada pelo Ministério das Educação sobre as mudanças no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que contemplou alterações do dia de realização da prova, nesse ano, não foi uma vitória apenas para os guardadores do sábado, mas principalmente para a Liberdade Religiosa.
Nos últimos anos, diversas pessoas têm lutado para ter seus direitos garantidos diante de situações que envolvem sua liberdade de consciência e culto, de acordo com suas crenças. Nesse sentido, dar a oportunidade para que a sociedade se manifeste e seja ouvida mostra que o governo brasileiro está interessado em entender a realidade de milhares de pessoas que veem no sábado não apenas um dia sagrado, mas um mandamento divino caracterizado por um estilo de vida.
Os sabatistas, como são chamados aqueles que dedicam o dia de sábado para a prática de atividades religiosas e de auxílio ao próximo, têm se sentido prejudicados desde que o exame fora implantado justamente por precisar aguardar o início da realização da prova após o pôr do sol. Estima-se que mais de 70 mil estudantes se inscrevam anualmente no Enem com o pedido de realizar a avaliação em horário alternativo. No entanto, creem que, a partir de agora, todos os candidatos terão as mesmas oportunidades de alcançar os resultados sem prejuízo em relação ao desgaste físico e emocional ocasionado pelas horas de confinamento que antecediam o começo do exame.
A Igreja Adventista do Sétimo Dia no Brasil reconhece os esforços do Ministério da Educação de até aqui ter oferecido uma alternativa para que os guardadores do sábado pudessem ter sua fé respeitada enquanto buscavam a oportunidade de alcançar seus sonhos e de se preparar para servir ao país e ao próximo.
Parte de uma comunidade composta por cerca de 20 milhões de membros em mais de 200 países, apenas no Brasil 1,6 milhão de pessoas compartilham a mesma fé de que, ao terem seus direitos religiosos respeitados e preservados, está se investindo não apenas na educação, mas no desenvolvimento de toda uma sociedade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário