Comparando o Salmo 19 com Romanos 1, aprendemos que a natureza revela a glória de Deus e que a cada dia podemos obter novos ensinamentos dela. Além disso, a natureza revela atributos de Deus, não apenas sua existência. A Bíblia tem pequenas falhas: erros de cópia e talvez de escrita no original (é possível trocar uma letra aqui ou ali). Equívocos em traduções, porque foram muitas ao longo da história. Mas a mensagem básica está correta; os princípios permanecem intocados. O mesmo ocorre com a natureza. O pecado tocou em circunstâncias, mas não em princípios, em leis, pois essas coisas são diretamente controladas pelo próprio Deus. Acompanhe esta série de textos de Ellen White que esclarecem pontos mais específicos:
“Hoje os homens declaram que os ensinos de Cristo concernentes a Deus não podem ser provados pelas coisas do mundo natural, que a natureza não está em harmonia com as escrituras do Antigo e Novo Testamentos. Não existe essa suposta falta de harmonia entre a natureza e a ciência. A Palavra do Deus do Céu não está em harmonia com a ciência humana, mas em perfeito acordo com Sua própria ciência criada” (Olhando para o Alto [MM 1983], 21 de setembro).
“Aos olhos dos homens, a vã filosofia e a falsamente chamada ciência são de mais valor do que a Palavra de Deus. Prevalece em grande medida a ideia de que o Mediador divino não é necessário à salvação dos homens. Teorias várias, avançadas pelos chamados sábios segundo o mundo, destinadas ao enobrecimento do homem, são acolhidas e acreditadas mais do que a verdade divina, ensinada por Cristo e Seus apóstolos” (Review and Herald, 8 de novembro de 1892).
Note que entre os ensinos errados está o de que os ensinos de Cristo não podem ser provados pelas coisas do mundo natural.
“O Céu é uma escola; o campo de seus estudos, o Universo; seu professor, o Ser infinito. Uma ramificação dessa escola foi estabelecida no Éden; e, cumprindo o plano da redenção, reassumir-se-á a educação na escola edênica” (Educação, p. 301).
Isso é para o futuro. Também há referências a coisas semelhantes antes do pecado. Mas e na era do pecado, como ficam as coisas? Veremos.
Primeiro um conselho geral:
“Seremos julgados de acordo com o que nos cumpria fazer, mas que não executamos por não usar nossas capacidades para glorificar a Deus. Mesmo que não percamos a salvação, reconheceremos na eternidade a consequência de não empregarmos nossos talentos. Haverá eterna perda por todo conhecimento e capacidade não alcançados, que poderíamos ter ganho” (Mensagens aos Jovens, p. 309).
Mas temos limitações sérias. O que fazer quanto a isso?
“Mas se nos entregarmos completamente a Deus, e seguirmos Sua direção em nosso trabalho, Ele mesmo Se responsabilizará pelo cumprimento. Não quer que nos entreguemos a conjecturas sobre o êxito de nossos esforços honestos. Nem uma vez devemos pensar em fracasso. Devemos cooperar com Aquele que não conhece fracasso. Não devemos falar de nossa fraqueza e inaptidão. Com isso manifestamos desconfiança para com Deus, e negamos Sua Palavra” (Mensagens aos Jovens, p. 309).
Ok. Mas essas coisas são um tanto gerais. E sobre a ciência propriamente?
“Aquele que conhece a Deus e a Sua Palavra por experiência pessoal […] sabe que, na verdadeira ciência, nada pode haver que esteja em contradição com o ensino da Palavra; uma vez que procedem ambas do mesmo Autor, a verdadeira compreensão delas demonstrará sua harmonia. A esse estudante a pesquisa científica abrirá vastos campos de pensamentos e informações. Ao ele contemplar as coisas da natureza, advém-lhe uma nova percepção da verdade. O livro da natureza e a Palavra escrita derramam luz um sobre o outro. Ambos o fazem relacionar-se melhor com Deus, ensinando-lhe o que concerne ao Seu caráter e às leis por meio das quais Ele opera” (A Ciência do Bom Viver, p. 462).
“Deus é o autor da ciência. As pesquisas científicas abrem ao espírito vasto campo de ideias e informações, habilitando-nos a ver Deus em Suas obras criadas. A ignorância pode tentar apoiar o ceticismo, apelando para a ciência; em vez de o sustentar, porém, a verdadeira ciência contribui com novas provas da sabedoria e do poder de Deus. Devidamente compreendidas, a ciência e a Palavra escrita concordam entre si, lançando luz uma sobre a outra. Juntas, conduzem-nos para Deus, ensinando-nos algo das sábias e benéficas leis por que Ele opera” (Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, p. 426).
Então, a Bíblia e a verdadeira ciência lançam luz uma sobre a outra. Há uma missão para nós envolvendo a ciência:
“Há poder no conhecimento de ciências de toda a espécie, e é desígnio de Deus que a ciência avançada seja ensinada em nossas escolas como preparação para a obra que há de preceder as cenas finais da história terrestre. A verdade deve ir aos mais remotos confins da Terra mediante pessoas preparadas para a obra. Mas, embora haja poder no conhecimento da ciência, o conhecimento que Jesus veio transmitir pessoalmente ao mundo era o conhecimento do evangelho. A luz da verdade devia lançar seus brilhantes raios nas partes mais longínquas da Terra, e a aceitação ou a rejeição da mensagem de Deus envolvia o destino eterno das pessoas” (Fundamentos da Educação Cristã, p. 186).
Não podemos perder de vista que a prioridade é a salvação revelada por Cristo, mas isso não nos libera do dever de estudar e usar a verdadeira ciência:
“Depois da Bíblia, a natureza deve ser o nosso maior livro de texto” (Conselhos Sobre Educação, p. 171).
“Ao mesmo tempo em que a Bíblia deve ter o primeiro lugar na educação das crianças e jovens, o livro da natureza ocupa o lugar imediato em importância. As obras criadas de Deus testificam de Seu amor e poder. Ele trouxe à existência o mundo, juntamente com tudo que nele se contém” (Exaltai-O Como o Criador [MM 1992] 22 de fevereiro).
“Os jovens que desejam entrar no campo como pastores ou colportores devem primeiro obter um razoável grau de preparo mental, bem como ser especialmente exercitados para sua carreira. Os que não foram educados, exercitados e polidos não se acham preparados para entrar num campo onde as poderosas influências do talento e da educação combatem as verdades da Palavra de Deus. Tampouco podem eles enfrentar com êxito as estranhas formas de erros religiosos e filosóficos combinados, cuja exposição requer conhecimento de verdades científicas, como também bíblicas” (Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, p. 514).
O que podemos aprender sobre leis espirituais ao estudar a natureza? Há algumas referências a isso. Eis uma delas:
“O mesmo poder que mantém a natureza opera também no ser humano. As mesmas grandes leis que guiam tanto a estrela quanto o átomo dirigem a vida humana. As leis que presidem à ação do coração, regulando o fluxo da corrente da vida no corpo são as leis da Inteligência todo-poderosa, as quais presidem às funções da alma. DEle procede toda a vida. Unicamente em harmonia com Ele poderá ser achada a verdadeira esfera daquelas funções. Para todas as coisas de Sua criação, a condição é a mesma: uma vida que se mantém pela recepção da vida de Deus, uma vida exercida de acordo com a vontade do Criador” (Educação, p. 99).
“Transgredir Sua lei, física, mental ou moral corresponde a colocar-se o transgressor fora da harmonia do Universo, ou introduzir discórdia, anarquia e ruína. Para aquele que assim aprende a interpretar seus ensinos, toda a natureza se ilumina; o mundo é um compêndio, e a vida uma escola. A unidade do ser humano com a natureza e com Deus, o domínio universal da lei, os resultados da transgressão, não podem deixar de impressionar o espírito e moldar o caráter” (ibidem, p. 99, 100).
“Aquele que permanece em pecaminosa ignorância das leis da vida e da saúde, ou que voluntariamente viola essas leis, peca contra Deus” (Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, p. 295).
“Deus não Se agrada com a ignorância quanto a Suas leis, sejam elas naturais, sejam espirituais” (Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, p. 467).
Vimos, por exemplo, que há estranhas formas de erros religiosos e filosóficos combinados (não devemos nos contaminar com essas coisas), cuja solução são conhecimentos científicos e bíblicos (precisamos estudar isso). E é muito fácil confundir a verdadeira ciência (na qual deveríamos nos aprofundar) com a falsa (da qual deveríamos fugir). A verdadeira ciência e a Bíblia definitivamente estão entre as coisas que não apenas podemos, mas devemos estudar. Entre as coisas que devemos evitar aparecem nos textos acima a vã filosofia e a falsamente chamada ciência, também chamada de ciência humana.
A Bíblia e a Ciência lançam luz uma sobre a outra justamente por serem complementares. A Bíblia fala mais de motivos, planos e princípios, e a Ciência fornece ferramentas para o estudo da Bíblia e da natureza, esclarecendo mecanismos. As ferramentas da Ciência têm revelado na natureza uma profusão de informações que não estão na Bíblia nem deveriam estar. Isso não acrescenta doutrina nova sobre o evangelho (não vão além da Bíblia nesse aspecto), mas são informações importantes sobre as quais a Bíblia se cala, exceto por nos mandar estudá-las.
[Compilação e comentários por Eduardo Lütz via Michelson Borges]
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