Fomos totalmente corrompidos pelo pecado? E nosso livre arbítrio? Temos, ainda, a habilidade de escolher entre o bem e o mal?
O tema sobre o efeito do pecado sobre nós, e sobre a natureza do livre arbítrio tem sido estudado e discutido há séculos, sem uma conclusão unânime. Vou compartilhar alguns conceitos para estimular seu pensamento. Quero iniciar com um paradoxo: A Bíblia afirma que temos livre arbítrio, mas ensina que somos escravizados pelo pecado. Considere o paradoxo e pense sobre ele.
A queda de Adão e Eva alterou radicalmente a natureza humana. O coração, centro racional e volitivo do ser humano, foi corrompido: “O coração é mais enganoso que qualquer outra coisa e sua doença é incurável. Quem é capaz de compreendê-lo?” (Jeremias 17:9). O dano foi irreparável; os seres humanos não são apenas incapazes de se compreenderem, também enganam-se uns aos outros. Nenhuma dimensão da natureza humana ficou livre do toque do pecado; assim, ninguém é justo (Romanos 3:10) ou naturalmente busca a Deus (Salmos 53:2-3; Efésios 2:1-3).
O pecado é uma realidade humana. Isaías escreveu: “Somos como o impuro – todos nós! Todos os nossos atos de justiça são como trapo imundo. Murchamos como folhas, e como o vento as nossas iniquidades nos levam para longe” (Isaías 64:6); até os melhores seres humanos estão contaminados com nosso estado pecaminoso. Há uma inimizade natural contra Deus no coração humano que nos incapacita de procurar e de fazer o bem, ou de nos submetermos à Sua vontade (Romanos 8:7). Somos controlados pelos desejos pecaminosos e egoístas de nossa natureza caída (Romanos 8:6-8). A situação é desesperadora porque não há nada que possamos fazer para mudar essa realidade (Jeremias 13:23). Os seres humanos vivem sob o domínio do pecado, governados por um déspota e incapazes de fazer o que, talvez, gostariam de fazer (Romanos 6:16; conforme Romanos 7:18-23).
E o livre arbítrio?
2. A Situação do Livre Arbítrio
Permita-me dar uma definição de livre arbítrio: é o poder de escolha, independente de condições e forças internas ou externas as quais não podemos controlar. Se, é verdade que somos escravizados pelo pecado, então, é difícil falar sobre liberdade de escolha. Mas, se este é realmente o caso, é impossível falar de nossa responsabilidade sobre nossos atos. No entanto, a doutrina bíblica de julgamento e castigo admite que temos livre arbítrio. Podemos argumentar que o pecado não obliterou a imagem de Deus em nós e, portanto, temos livre arbítrio (Romanos 3:23). Se ele faz parte da imagem de Deus e de nossa humanidade, então ainda o temos. Isso, porém, deve ser apropriadamente compreendido. O livre arbítrio que temos, está deteriorado e corrompido. A pergunta agora é: quão deteriorado está ele?
Deixa-me sugerir algo: O pecado mudou a ênfase da função do livre arbítrio, das decisões altruístas que beneficiavam os outros, para a autopreservação. A situação é tal que não há nada que possamos fazer a respeito. O livre arbítrio ainda está sob o poder do pecado!
3. Deus Conosco
Se o livre arbítrio é a ferramenta para atualizar meu egoísmo e minha corrupção, então não é livre coisa nenhuma, e a questão de sermos responsáveis por nossos atos não foi resolvida. Como saímos desse dilema? “Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor!” (Romanos 7:25). Após a queda, o Filho de Deus não nos abandonou (Apocalipse 13:8). Desde aquele momento Deus está trabalhando no coração humano, convidando cada indivíduo para a verdadeira liberdade do poder do pecado. Por meio do trabalho do Espírito, Deus tem criado nos corações humanos o desejo e a disposição de escolher o bem. Essa graça divina invade o planeta, toma a iniciativa, alcança cada indivíduo (João 1:9), e desperta o livre arbítrio, capacitando os seres humanos a escolher a Cristo ou a continuarem sendo escravos do pecado, que é sua tendência natural. Esse silencioso trabalho do Espírito faz-nos responsáveis por nossas decisões.
Verdadeira liberdade há somente em Cristo.
Angel Manuel Rodríguez (via Revista Adventist World)
Verdadeira liberdade há somente em Cristo.
Angel Manuel Rodríguez (via Revista Adventist World)
"Quando examinamos a Palavra de Deus, anjos estão ao nosso lado, fazendo incidir brilhantes raios de luz sobre suas páginas sagradas. As Escrituras falam ao homem como tendo ele poder de escolha entre o certo e o errado; falam-lhe em advertências, em repreensão, em súplica, em animação. A mente tem de exercitar-se nas solenes verdades da Palavra de Deus, ou do contrário se enfraquecerá. Temos de examinar por nós mesmos e saber as razões de nossa fé, comparando passagem com passagem. Tomai a Bíblia, e de joelhos suplicai a Deus que vós ilumine a mente." (Ellen G. White - Review and Herald, 5 de março de 1884)
"Muitos indagam: 'Como devo eu fazer a entrega do próprio eu a Deus?' Desejais entregar-vos a Ele, mas sois faltos de poder moral, escravos da dúvida e dirigidos pelos hábitos de vossa vida de pecado. Vossas promessas e resoluções são como palavras escritas na areia. Não podeis dominar os pensamentos, os impulsos, as afeições. O conhecimento de vossas promessas violadas e dos votos não cumpridos, enfraquece a confiança em vossa própria sinceridade, levando-vos a julgar que Deus não vos pode aceitar; mas não precisais desesperar. O que deveis compreender é a verdadeira força da vontade. Esta é o poder que governa a natureza do homem, o poder da decisão ou de escolha. Tudo depende da reta ação da vontade. O poder da escolha deu-o Deus ao homem; a ele compete exercê-lo. Não podeis mudar vosso coração, não podeis por vós mesmos consagrar a Deus as vossas afeições; mas podeis escolher servi-Lo. Podeis dar-Lhe a vossa vontade; Ele então operará em vós o querer e o efetuar, segundo a Sua vontade. Desse modo toda a vossa natureza será levada sob o domínio do Espírito de Cristo; vossas afeições centralizar-se-ão nEle; vossos pensamentos estarão em harmonia com Ele." (Idem - Caminho a Cristo, p. 47)
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