terça-feira, 19 de setembro de 2017

Escravidão atinge 40 milhões de pessoas - O que diz a Bíblia?

Um total de 40 milhões de pessoas no mundo ainda são vítimas da escravidão, enquanto outras 152 milhões de crianças são obrigadas a trabalhar. Dados divulgados nesta terça-feira pela ONU e pela Organização Internacional do Trabalho revelam que a escravidão moderna é ainda uma realidade.

O levantamento aponta que mulheres e meninas são desproporcionalmente afetadas. Elas representam 71% das pessoas em situação de escravidão, quase 29 milhões. Dezesseis milhões de pessoas trabalham em condições de escravidão como domésticas, na construção civil ou na agricultura. Na indústria do sexo, são 5 milhões de vítimas pelo mundo. Outras 4 milhões de pessoas são obrigadas a trabalhar pelas próprias autoridades. 

No caso das Américas, quase 2 milhões de pessoas ainda seriam vítimas da escravidão moderna. São 24 milhões na Ásia e 9 milhões na África. O que também chama a atenção das autoridades é que uma a cada quatro vítimas da escravidão é menor de idade, cerca de 10 milhões de crianças. Destas, 5,7 milhões ainda são obrigadas a se casar. No que se refere ao trabalho infantil, o principal empregador é a agricultura, onde estão 70% dos menores. No setor de serviços, estão 17% das vítimas. 

O epicentro do problema do trabalho infantil continua sendo a África, com 72,1 milhões de pessoas. Na Ásia, são 62 milhões, contra 10,7 milhões nas Américas. (Com informações de ISTOÉ

A Bíblia e a escravidão
É uma acusação comum contra os cristãos: "A Bíblia defende a escravidão!" Não. A Bíblia regulamenta e humaniza temporariamente a escravidão, uma prática que nunca esteve nos planos de Deus.

As leis divinas para Israel estabeleciam regras inovadoras para a relação senhor e servos. A servidão, conforme regulamentada no Antigo Testamento, em nada se parecia com a escravidão que permeia nossa mente: navios negreiros, senzalas, açoites, estupros. Vejamos um breve resumo da legislação bíblica sobre a escravidão:

Escravidão foi a primeira lei que Deus deu aos israelitas quando eles saíram do Egito (cf. Êx 21:1-11). Na lei mosaica, sequestrar alguém para ser vendido como escravo era um crime punido com pena capital (Êx 21:16). Um escravo hebreu deveria trabalhar apenas seis anos para pagar sua dívida, sendo libertado no sétimo ano, sem pagar nada (Êx 21:2). Além disso, ele deveria receber de seu proprietário alguns animais e alimentos para recomeçar a vida (Dt 15:13, 14). Durante seu período de serviço, o(a) escravo(a) teria um dia de folga semanal, o sábado (Êx 20:10). É interessante notar que na versão dos 10 mandamentos de Deuteronômio 5, é nos dito que o sábado foi dado para que o servo e a serva “descansem como tu”, no caso, o patrão.

Biblicamente, os servos tinham direitos e deveres. E ao lermos a Bíblia inteira, percebemos um movimento social em direção à igualdade e liberdade. E se a Palavra de Deus fosse levada à sério desde o início, a escravidão não teria durado tanto tempo. O Senhor estabeleceu o Ano do Jubileu, a cada 50 anos, terras seriam restituídas, todos os escravos seriam libertos, devedores seriam perdoados, e a igualdade seria celebrada ao lado da liberdade: 
"Declarareis santo o quinquagésimo ano e proclamareis a libertação de todos os moradores da terra. Será para vós um jubileu: cada um de vós retornará a seu patrimônio, e cada um de vós voltará a seu clã." (Levítico 26:10) 
Alguém pode questionar o motivo pelo qual Deus não aboliu a escravidão entre os israelitas. Lembre-se de que eles estavam inseridos numa cultura impregnada dessa prática. Mesmo que Deus a abolisse, isso não mudaria a forma como eles pensavam. Portanto, criticar a Bíblia afirmando que ela defende a prática da escravidão é desconhecer quase por completo o ambiente histórico no qual ela foi produzida.

O Novo Testamento fecha a questão deixando bem claro que no cristianismo:
"Não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus." (Gálatas 3:28)
Deus estabeleceu liberdade e igualdade. O homem é que não consegue implementar isso. Até hoje.

4 comentários:

  1. Ellen G. White viveu nos tempos da escravidão, o que ela fez quando havia escravos em sua casa? Como ela tratava eles? Gostaria que pudesse falar algo que ela fazia por eles, abraços

    ResponderExcluir
  2. Jeffinho, pelo que me consta, Ellen G. White nunca citou em seus escritos o fato de que havia escravos em sua casa. Além do que não condiz com o estilo de vida e princípios que nortearam a sua vida. No livro Primeiros Escritos, p. 286, ela menciona os escravos entre os justos que receberão a vida eterna: “Vi o escravo piedoso levantar-se com vitória e triunfo, e sacudir as cadeias que o ligavam, enquanto seu ímpio senhor estava em confusão e não sabia o que fazer; pois os ímpios não podiam compreender as palavras da voz de Deus.” Só para constar, a abolição dos escravos nos EUA aconteceu em 1º de janeiro de 1863. Grande abraço!

    ResponderExcluir
  3. Me perdoe, mas acho esse argumento fraco. Eles também estavam inseridos em uma cultura impregnada pela idolatria, e nem por isso Deus deixou de proibi-la.

    ResponderExcluir