Faltando pouco para completar 6 anos, minha filha entrou numa fase interessante da infância: a de se identificar com outras pessoas e desejar imitá-las. Agora, quase diariamente, quando ela vê um documentário, assiste a uma ópera, vê um desenho animado ou lê um livro, vira-se para mim e pergunta, para que eu escolha dentre os personagens: “Papai, quem você quer ser?”. E eu tenho de escolher algum personagem com que me identifico: ou o palhaço, porque é engraçado; ou o heroizinho, porque tem cabelos castanhos; ou o suricato, porque anda de um jeito esquisito como eu ando. Em seguida, ela também aponta “quem ela é”, seja a princezinha, seja o golfinho, seja a colombina. É interessante ver essa necessidade de se enxergar em alguém que tenha qualidades com quem a bebê procura se identificar. Sem que ela perceba, minha filhinha vive o que todos nós, adultos, deveríamos viver.
Sempre nos espelhamos em alguém que admiramos. Freud baseou toda sua psicologia nesse fato, discorrendo a respeito da influência de nossos pais no desenvolvimento do indivíduo. Todos precisamos de modelos e, até mesmo inconscientemente, elegemos aqueles que desejamos “ser”. É por isso que os meninos se vestem como Batman ou Homem de Ferro e as meninas querem ganhar a roupa da Elsa, do “Frozen”. É trazendo para nosso ser as características daqueles que escolhemos como modelos que vamos formando nosso senso de identidade. E isso, acredite, é bíblico.
“Sejam meus imitadores, como eu sou imitador de Cristo” (1Co 11:1, NVT), escreveu Paulo, mostrando que devemos imitar Jesus. O mesmo Paulo também nos orientou acerca de um dos grandes objetivos da vida: “Pois Deus conheceu de antemão os seus e os predestinou para se tornarem semelhantes à imagem de seu Filho, a fim de que ele fosse o primeiro entre muitos irmãos” (Rm 8:29, NVT). Sim, Deus quer que sejamos semelhantes a seu Filho. Em outras palavras, o Senhor vira-se para nós e pergunta: “Quem você quer ser?”, desejando que olhemos para todas as pessoas que já pisaram na terra e, dentre todos esses bilhões de indivíduos, apontemos para Jesus e respondamos: “Ele!”.
Isso significa que Jesus deve ser nosso referencial em tudo o que fazemos. Se somos tentados, precisamos querer imitar o Cristo que “Uma vez que Ele próprio passou por sofrimento e tentação, é capaz de ajudar aqueles que são tentados” (Hb 2:18, NVT). Se olhamos para o mundo afundado em pecado, precisamos fazer como o Cristo que “Quando viu as multidões, teve compaixão delas, pois estavam confusas e desamparadas, como ovelhas sem pastor” (Mt 9:36, NVT). Se deparamos com os doentes, aflitos e necessitados, é necessário amá-los como os amou o Cristo que “viu a grande multidão, teve compaixão dela” (Mt 14:14, NVT). Em tudo o que fazemos, precisamos imitar o exemplo de Cristo.
Quando lavou os pés de seus discípulos, Jesus deu a instrução máxima a ser seguida. É como se Ele tivesse perguntado “quem você quer ser?”. E Ele mesmo respondeu: “Eu lhes dei um exemplo a ser seguido. Façam como eu fiz a vocês” (Jo 13:15). É disso que precisamos: fazer como Ele fez. Servir como Ele serviu. Ser manso e humilde de coração, como Ele foi. Glorificar o Pai, como Ele glorificou. Amar o próximo como a si mesmo, como Ele amou. Viver como Ele viveu.
A regra de tomar Cristo como o modelo de tudo deve valer para tudo. Respeitando os limites pelo fato de Ele ser Deus e nós não, é importante copiá-Lo descaradamente. Esse tipo de pirataria não O incomoda; pelo contrário, Deus a incentiva. Se você precisa tomar decisões e não sabe o que decidir, procure pensar: o que Jesus faria nessa situação? E, ao obter sua resposta, pense: “eu quero ser como Ele é”. E, assim, faça o que Cristo faria. Essa é uma dinâmica que, se posta em prática, vai conduzi-lo muito mais perto da vontade do Senhor.
E então, quem você quer ser? E, se quer, já é? Se ainda não é, o que está esperando para começar a ser?
Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício Zágari (via Apenas)
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