sexta-feira, 27 de outubro de 2017

O perigo de viver constantemente sob pressão

Desde o nascimento até a morte, a vida humana é marcada por tensões. No ventre materno, por exemplo, o bebê está tranquilo, protegido da luz e de ruídos excessivos, flutuando em um líquido morno e encapsulado num ambiente acolhedor, até que, de repente, hormônios induzem contrações uterinas vigorosas, empurrando-o em direção a um mundo desconhecido. O barulho assustador, as luzes intensas e o ar que penetra em seus pequenos pulmões, provocando-lhe dor, fazem com que o recém-nascido chegue a um clímax de estresse. A partir desse instante, sua mente e seu corpo serão submetidos às tensões diárias que, se não forem administradas de maneira adequada, poderão eventualmente matá-lo na vida adulta. 

As enfermidades mais comuns relacionadas ao estresse são as cardiovasculares e neuropsiquiátricas, os distúrbios respiratórios, metabólicos e digestivos, além do temido câncer. E o estresse pode desencadear infarto do miocárdio e morte súbita. Ele em si não é perigoso; tem que ver com a preparação da mente e do corpo para a fuga ou a luta. O problema é o constante estado de tensão da vida moderna.

Para ilustrar isso, imagine a seguinte situação. Você está caminhando altas horas da noite numa rua mal iluminada, quando de repente vê alguém com uma faca indo em sua direção. Em milésimos de segundos suas glândulas suprarrenais liberam grande quantidade de adrenalina na sua corrente sanguínea e, instantaneamente, vários fenômenos fisiológicos passam a ocorrer, preparando você para lutar ou correr. O sangue é sequestrado da periferia do corpo para os músculos, aumentam a frequência cardíaca e o número de plaquetas, antevendo possíveis ferimentos. Você perde a visão periférica e sua respiração acelera. Vamos supor que você decida fugir. Quando chega em casa, longe do perigo, seu cérebro começa a reciclar adrenalina e, aos poucos, a tensão diminui até você voltar ao estado normal. 

Nessa ilustração temos um ciclo que se completou: uma elevação brusca dos hormônios do estresse, seguida por uma resposta física que induzirá a diminuição desses hormônios e o retorno do organismo à normalidade. Porém, no cotidiano agitado, esse ciclo não fecha por causa da complexidade e continuidade dos problemas, seja no trabalho, nos relacionamentos ou nas finanças. Na maioria das vezes, como não há uma resposta física, os hormônios do estresse mantêm-se elevados, abrindo as portas para uma série de alterações na saúde. 

Para lidar com isso, sugiro algumas atitudes: 

1. Faça alongamentos e atividade física moderada, preferencialmente à noite, se seu trabalho é sedentário. O cérebro vai interpretar esses exercícios como uma reposta física a uma situação de perigo, trazendo os hormônios do estresse ao nível normal. 

2. Coma alimentos ricos em vitaminas do complexo B. Um artigo publicado na revista Nutrients, de fevereiro de 2016, aponta essas substâncias como fundamentais para fortalecer o sistema nervoso e regular as atividades cerebrais. 

3. Verifique o nível de vitamina D3 e tome suplementos, se necessário. Segundo a revista Current Opinion on Clinical Nutrition and Metabolic Care, de novembro de 2012, essa vitamina é importante em situações de estresse agudo. 

4. Limite suas refeições a três por dia, com intervalo mínimo de cinco horas. Ter o cérebro trabalhando o tempo todo no processo digestivo é desperdício de energia mental. 

5. Faça uma lista das tarefas mais importantes e dedique-se primeiro a elas. Se não conseguir cumprir todas, pelo menos terá dado conta das indispensáveis. 

6. Não viva no limite do tempo. Programe-se contando com imprevistos. 

7. Tire tempo para refletir e relaxar. Leia a Bíblia, medite no texto e ore. Esses pequenos “oásis de tranquilidade” nos ajudam a lembrar que Deus está no controle de tudo.

Silmar Cristo (via Revista Adventista julho/2017)

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