PERGUNTA: Segundo a Bíblia, qual é a origem da chuva?
Não sei se compreendi o objetivo da sua pergunta, mas presumo que você está interessado em demonstrar como a percepção bíblica da chuva, como um fenômeno natural, difere da visão científica contemporânea. Provavelmente, seja desaconselhável qualquer comparação, uma vez que a Bíblia foi escrita muito antes de surgir no ocidente, o interesse pela ciência. Estudiosos críticos, considerando a Bíblia como filha do antigo Oriente Próximo, concluíram que, respeitando as operações do mundo natural, ela corresponde às conclusões mitológicas das culturas circunvizinhas. A visão bíblica da chuva não apoia essa perspectiva. A chuva é um fenômeno surpreendentemente complexo.
1. Chuva do Céu: A associação da chuva com o céu é natural, baseada na observação: a chuva cai do céu (“Mas a terra […] bebe chuva do céu” – Deuteronômio 11:11). Segundo os estudiosos críticos, os hebreus criam num oceano cósmico acima do firmamento e, ocasionalmente, suas janelas eram abertas e terríveis chuvas caíam (Gênesis 7:11). Outros textos dão a impressão de que encontramos no céu garrafas cheias de água, e sempre que Deus as inclina, a água cai na terra (Jó 38:37). Essas sugestões precisam ser avaliadas. Primeiro, a Bíblia não ensina que o firmamento é uma abóboda sólida que retém águas cósmicas. Isso pode ser parte da mitologia antiga, mas não é bíblico. Segundo, a linguagem de reservatórios, garrafas e janelas, são obviamente metafóricas. As janelas do céu também são mencionadas junto com as bênçãos, pão e problemas vindos do céu (Malaquias 3:10; 2 Reis 7:2; veja Salmos 78:23; Isaías 24:18). Tanto quanto eu saiba, ninguém jamais sugeriu que essas janelas devem ser compreendidas como literais. Terceiro, os israelitas sabiam que a chuva caía durante a estação das chuvas (Joel 2:23), e que ela caía das nuvens (Eclesiastes 11:3). Eles também sabiam que o vento do norte trazia chuva (Provérbios 25:23).
2. A Origem da Chuva: Como, segundo a Bíblia, a água vai para o céu ou para as nuvens? Os israelitas tinham um método natural para explicar esse fenômeno, ou simplesmente diziam: “É Deus quem faz isso”? Há uma resposta que não exclui Deus. Primeiro, deveríamos indicar que as nuvens “desde os confins da terra” (Salmos 135:7; Jeremias 10:13), pode referir-se ao oceano (1Reis 18:44) carregado de água (Jó 26:8). Essa água não vem de um oceano cósmico acima do firmamento, mas da terra. Segundo, os escritores bíblicos tinham uma noção básica do ciclo da evaporação: “Porque atrai para si as gotas de água que de seu vapor destilam em chuva, a qual as nuvens [Heb. šeúaqîm, “nuvens, céu”] derramam e gotejam sobre o homem abundantemente – (Jó 36:27-28). Note o processo: Deus atrai as gotas de água transformando-as em vapor (vaporização), o vapor transforma-se em líquido (condensação) e cai do céu/nuvens em forma de chuva (precipitação). Deus não foi excluído porque é por meio do Seu poder que tudo isso acontece.
3. É Deus Quem Faz Isso!: Chuva na Bíblia é simples, embora misteriosa, previsível e imprevisível; ela alimenta a vida e a destrói. Embora os hebreus tivessem boa compreensão sobre o assunto, sempre ficavam maravilhados com o seu significado, creditando ao Senhor essa maravilha: “Ele realiza maravilhas insondáveis, milagres que não se pode contar. Derrama chuva sobre a terra, e envia água sobre os campos” (Jó 5:9-10). Esse senso de admiração é expresso em louvores ao Senhor: “Cantem ao Senhor com ações de graças; que cobre de nuvens os céus, prepara a chuva para a terra” (Salmos 147:7-8). Mesmo não sendo capazes de compreender todos os aspectos do fenômeno, principalmente, quando assumia a forma de tempestade, eles sabiam que Deus o compreendia muito bem (Salmos 29). Ao dizer “Deus fez isso”, mostravam gratidão e nunca consideravam a chuva como garantida. Ela era, sempre, um presente do Senhor.
Angel Manuel Rodríguez (via Adventist World)
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