quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Reflexão sobre o tiroteio dentro da Catedral de Campinas

O que leva uma pessoa a entrar com uma pistola 9mm e um revólver calibre 38 em uma igreja e atirar cerca de 20 vezes, matando quatro pessoas e, depois suicidando-se. A pergunta é retórica, claro, porque ela seria seguida naturalmente por milhares de páginas de explicações sobre distúrbios psiquiátricos, sobre a incapacidade de sentir empatia por um semelhante ou qualquer outra razão que não faça sentido.

Um homem de 49 anos identificado pela polícia como Euler Fernando Grandolpho, que morava em uma área nobre de Valinhos (SP), entrou na Catedral Metropolitana de Campinas, sentou-se entre os fiéis e cometeu a chacina logo após o final da missa na tarde desta terça (11). Não tinha ficha criminal, segundo o delegado.

A motivação do crime ainda é desconhecida, se é que existe. Atos de insanidade são atos de insanidade. A nossa sociedade, concordemos ou não, vai continuar produzindo situações como essa. Temos dificuldade de concordar com esse fato porque acreditamos que, criando regras e impondo normas, somos capazes de zerar o risco da morte – o que não é verdade. Jogamos, então, o imponderável para baixo do tapete porque, se pensarmos nele, nem levantamos da cama de manhã para ir trabalhar ou estudar com receio de morrer. [...]

Contudo, se não somos capazes de antever certos atos de insanidade, há coisas que conseguimos minimamente controlar. Por exemplo, evitar que o Estatuto do Desarmamento seja alterado para generalizar o porte de armas e tornar os critérios para a posse mais suaves, como é defendido pelo presidente eleito Jair Bolsonaro. 

Não se sabe como Euler conseguiu as suas, mas um mercado mais restrito para armas legais significa menos delas em circulação (armas que, muitas vezes, são roubadas e caem no mercado ilegal) e menor possibilidade de mortes em massa. 

Podemos não reduzir a ocorrência de tragédias, mas – ao menos – dá para diminuir o seu tamanho. Desde que não optemos por responder estupidez com mais estupidez. (via Blog do Sakamoto)

E qual seria o posicionamento da Igreja Adventista do Sétimo Dia sobre a questão do porte de armas? A declaração abaixo foi liberada peio então presidente da Associação Geral, Neal C. Wilson, após consulta com os 16 vice-presidentes da Igreja Adventista, em 5 de julho de 1990, durante a Assembleia da Associação Geral realizada em Indianápolis, Indiana.

As armas automáticas ou semi-automáticas de estilo militar estão se tornando cada vez mais disponíveis aos civis. Em algumas regiões do mundo é relativamente fácil a aquisição de tais armas. Elas aparecem não apenas nas ruas, mas também nas mãos de jovens nas escolas. Muitos crimes são cometidos por meio do uso dessas armas. São feitas para matar e não têm nenhuma utilidade recreativa legítima. Os ensinos e o exemplo de Cristo constituem a norma e o guia para o cristão de hoje. Cristo veio ao mundo para salvar vidas, não para destruí-las (Lucas 9:56). Quando Pedro sacou de sua arma, Jesus lhe disse: “Embainha a tua espada; pois todos os que lançam mão da espada, à espada perecerão” (Mateus 26:52). Jesus não Se envolvia em violência.

Alguns argumentam que a interdição das armas de fogo limita os direitos das pessoas e que as armas não cometem crimes, mas sim as pessoas. Embora seja verdade que a violência e as inclinações criminosas conduzem às armas, também é verdade que a disponibilidade das armas leva à violência. A oportunidade de civis comprarem ou adquirirem de outro modo as armas automáticas ou semi-automáticas apenas aumenta o número de mortes resultantes dos crimes humanos. [...] Na maior parte do mundo, as armas não podem ser adquiridas por nenhum meio legal. A igreja vê com alarme a relativa facilidade com que elas podem ser adquiridas em algumas regiões. Sua acessibilidade só pode abrir a possibilidade de mais tragédias.

A busca da paz e a preservação da vida devem ser os objetivos do cristão. O mal não pode ser combatido eficazmente com o mal, mas deve ser vencido com o bem. Os adventistas, como outras pessoas de boa vontade, desejam cooperar na utilização de todos os meios legítimos para reduzir e eliminar, onde possível, as causas fundamentais do crime. Além disso, tendo-se em mente a segurança pública e o valor da vida humana, a venda de armas de fogo automáticas ou semi-automáticas deveria ser estritamente controlada. Isso reduziria o uso de armas por pessoas mentalmente perturbadas e por criminosos, principalmente aqueles envolvidos com drogas e atividades de quadrilhas.

A série Falando de Esperança, com posicionamento da Igreja Adventista do Sétimo Dia sobre vários temas de interesse da sociedade, também abordou a questão do porte de armas:

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