"A mensagem à igreja de Laodiceia é uma impressionante acusação, e é aplicável ao povo de Deus no tempo presente." (Ellen G. White - Testemunhos Seletos, vol. 1, p. 327) |
O vale de Lico, na Ásia Menor, tinha três cidades principais: Colossos, conhecida por suas fontes de água fria, Hierápolis, conhecida por suas fontes de águas termais, e Laodiceia, conhecida por sua igreja morna, que causou enjoo no seu Senhor, Jesus Cristo. A igreja em Laodiceia é citada no Apocalipse (aqui em 3:14-22 e em 1:11) e na carta de Paulo aos colossenses (4:13-16).
Laodiceia situava-se no local da cidade moderna de Denizli, Turquia. Era uma cidade muito rica, e a confiança nas riquezas era tanta que seus habitantes não aceitaram ajuda de Roma para reconstruir a cidade depois que um terrível terremoto a destruiu. Sua riqueza vinha principalmente do comércio e dos juros bancários. A região também produzia lã preta e um tipo de colírio para os olhos.
O período relacionado à igreja de Laodiceia vai do ano 1844 d.C. até os dias de hoje. Isso significa que as mensagens de Jesus para este período são para nós que levamos a bandeira das verdades bíblicas; povo cristão que guarda os dez mandamentos e tem o testemunho de Jesus.
Apocalipse 3:14: "E ao anjo da igreja que está em Laodiceia escreve: Isto diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus."
Jesus traz o verdadeiro testemunho sobre seu Pai e a vontade dEle para com os homens. Ele fala a verdade em cada promessa e cada advertência que vem da sua boca. Jesus Se apresenta como o "princípio da criação de Deus". A palavra usada no original, em grego, é arché, que significa “origem ou agente da criação”.
Apocalipse 3:15 e 16: "Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; quem dera foras frio ou quente. Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da Minha boca."
Só esses dois versículos dariam um sermão, tamanha a importância do conteúdo. Jesus começa a mensagem com palavras extremamente fortes. Ele diz conhecer o que está em nosso íntimo. Conhece as intenções do nosso coração. Em seguida, diz que se não somos frios nem quentes, somos pessoas mornas. E afirma que preferiria uma das duas condições, menos a mornidão.
Antigamente, a água da cidade de Laodiceia vinha via aquedutos das fontes termais ao sul da cidade. Até chegar em Laodiceia, a água ficava morna. A qualidade dela não era boa, e a cidade ganhou a reputação de ter água não potável. Ao engolir esta água, muitas pessoas vomitavam. Semelhantemente, Jesus sentiu vontade de vomitar de sua boca a igreja de Laodiceia.
Jesus está falando aqui sobre a mornidão espiritual em que vivemos nos dias de hoje. Estamos dentro da igreja, guardamos os mandamentos, temos o testemunho de Jesus, cremos em Sua volta, mas pelo fato de termos a verdade, achamos que não precisamos mais trabalhar. A mensagem aqui é para todos os cristãos de nome. Àqueles que falam muito bonito, mas que não vivem os ensinos da Palavra. São os cristãos de banco, que ouvem as lindas pregações e os louvores, mas não falam mais de Deus para ninguém. São os cristãos que se tornaram indiferentes espiritualmente.
Jesus usa uma série de adjetivos fortes e negativos para Se referir ao povo morno. É um recado para todos aqueles que se acham bons a ponto de não precisarem de Deus. São aqueles que dizem ser conhecedores da verdade, arrogantes e presunçosos. A mensagem é para as pessoas que têm a pretensão de imaginar ser algo que não são.
Frio – É um estado desconfortável o bastante para saber que há algo errado. São as pessoas que desconhecem as verdades bíblicas, que vivem a vida conforme sua vontade.
Quente – Esta condição representa uma igreja pronta a fazer o bem. Repleta do primeiro amor, do temor, adoração. Cheia de louvor, alegria e sabedoria.
Morno – Mistura de quente e frio. Mistura de mundanismo e religião, o que é nauseante para Cristo. Religiosa o bastante para não desprezar o Seu nome, mas mundana demais para assumir uma posição firme ao lado dEle. O problema não é doutrinário, mas comportamental.
É uma mensagem de Deus para acordar todo cristão que se encontra nessa condição de mornidão.
Apocalipse 3:17: "Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu."
O orgulho dos discípulos de Laodiceia os cegou ao ponto de não enxergarem os seus problemas. Eles se achavam fortes e independentes, mas Jesus viu o estado real de uma igreja fraca, cega e infrutífera. A cidade de Laodiceia sofreu um terremoto em 60 d.C. e foi reedificada com recursos próprios, sem auxílio do governo romano. Parece que a igreja sentia a mesma atitude de auto-suficiência, perigosíssima num rebanho de ovelhas que precisa seguir o seu Bom Pastor! Numa cidade conhecida por tratamentos de olhos, a igreja se tornou cega e não procurou o tratamento do Grande Médico. Precisavam da humildade dos publicanos e pecadores (Lucas 5:31-32). Numa cidade que produzia roupas de lã, a igreja andava nua, sem a vestimenta de justiça oferecida por seu Senhor (2 Coríntios 5:3; Colossenses 3:9-10).
Os presunçosos e arrogantes, Jesus coloca nas condições de:
Desgraçados - dignos da misericórdia de Deus.
Miseráveis - dignos de pena.
Pobres - pobreza espiritual, falta de dedicação, trabalho, oração.
Cegos - cegos para as necessidades alheias e para a necessidade da pregação do evangelho.
Nus - despidos, desprovidos das vestes de glória e beleza que devem adornar a igreja de Deus.
Apocalipse 3:18: "Aconselho-te que de Mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e roupas brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas."
Através do Seu inexplicável amor, Jesus dá a receita para os que necessitam de cura. Chama Seu povo para comprar (de graça) dEle ouro e roupas brancas.
Jó 23:10: "Porém Ele sabe o meu caminho; provando-me Ele, sairei como o ouro." Jesus nos convida a nos purificarmos e a refinarmos a fé. A verdadeira riqueza é espiritual, e vem exclusivamente de Deus. Ele oferece o ouro puro, refinado pelo fogo.
Apocalipse 19:8: "E foi-lhe dado que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente; porque o linho fino são as justiças dos santos." Os fiéis herdarão a justiça de Cristo. Jesus nos chama para nos despirmos de nossa própria justiça e vestirmos a dEle. É Deus quem lava os nossos pecados e nos veste de pureza e de atos de justiça.
Atos 10:38: "Como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com virtude; o qual andou fazendo o bem, e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com Ele." O colírio é o Espírito Santo. Somente Jesus pode curar a cegueira espiritual que aflige os orgulhosos e auto-suficientes. Foi exatamente o mesmo problema que Jesus criticou nos fariseus (Mateus 15:14; 23:25-26). É o mesmo problema de qualquer um que esquece da importância do sacrifício de Jesus e começa a confiar em si mesmo (2 Pedro 1:9).
Efésios 1:18: "Tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos." O trabalho do Espírito Santo é iluminar nossa mente, abrir nossos olhos para que enxergamos o que Deus tem para nos mostrar.
Apocalipse 3:19: "Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê pois zeloso, e arrepende-te."
A correção que vem de Deus é uma manifestação do seu amor (Hebreus 12:4-11). Quando Deus nos corrige, devemos aceitar a disciplina como Ele deseja, para o nosso próprio bem. Ele quer nos conduzir ao arrependimento e à plena comunhão com Ele. A disciplina aplicada pelos servos de Deus deve, também, ser motivada pelo amor (Hebreus 12:12-13). Esta atitude deve guiar os pais que corrigem os seus filhos (Provérbios 13:24), e os cristãos que corrigem os seus irmãos na fé (Tiago 5:19-20; 2 Coríntios 2:5-8).
Apocalipse 3:20: "Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a Minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo."
Um dos mais lindos versículos da Bíblia. É interessante notar que anteriormente Jesus também fala de uma porta. Mas Ele tinha a chave para abri-la. Aqui Jesus afirma que Ele está à porta e precisa bater, logo, entende-se que Ele está do lado de fora. Esta porta representa o seu e o meu coração. Jesus está ali, a todo o momento, batendo para que possamos abrir. Jesus não força a entrada pela porta do nosso coração. Ele valoriza nossa liberdade de escolha. Respeita nosso livre-arbítrio. Ele entra na casa e habita naqueles que obedecem a palavra dEle (João 14:23). Cear com alguém sugere uma relação especial de estar de acordo ou em comunhão (1 Coríntios 10:21; 5:11). É um privilégio especial comer à mesa do rei (2 Samuel 19:28). Não há privilégio maior do que a bênção de cear com o Rei dos reis!
Apocalipse 3:21: "Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no Meu trono; assim como Eu venci, e Me assentei com Meu Pai no Seu trono."
Os vencedores terão o privilégio de reinar com Cristo. Tal honra não seria para os orgulhosos e auto-suficientes, mas para os humildes e obedientes. Jesus foi obediente ao Pai aqui na terra para ser exaltado ao lado dEle no céu (Filipenses 2:8-9). Somente os obedientes serão exaltados com Cristo.
Apocalipse 3:22: "Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas."
Cabe ao homem ouvir e atender a Sua voz!
Na carta à igreja em Laodiceia, Jesus não citou nenhuma doutrina errada e pecado de imoralidade. Não condenou a igreja por práticas idólatras. Esta igreja, que se achava rica e forte, foi criticada por seu orgulho e auto-suficiência. Exaltou-se, ao invés de se humilhar diante do Senhor dos senhores.
"Vivemos num importante, soleníssimo tempo da história terrestre. Achamo-nos entre os perigos dos últimos dias. Importantes e tremendos acontecimentos se acham diante de nós. Quão necessário é que todos os que temem a Deus e amam Sua lei, se humilhem diante dEle, e se aflijam e pranteiem, e confessem os pecados que têm separado Deus de Seu povo! O que deve suscitar o maior alarme, é que não sentimos nem compreendemos nossa condição, nosso baixo estado, e satisfazemo-nos de permanecer como estamos. Devemos refugiar-nos na Palavra de Deus e na oração, buscando individual e fervorosamente ao Senhor, para que O possamos achar. Cumpre-nos fazer disto nossa primeira ocupação." (Ellen G. White - Testimonies, vol. 3, p. 53, 1872)
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