segunda-feira, 29 de abril de 2019

Relacionamentos saudáveis em um mundo louco por sexo

Recentemente, celebramos 32 anos de casados. Uau, isso é muito tempo! Para muitos que estão lendo este artigo, isso é mais tempo do que já viveram. No entanto, para nós, parece que foi ontem que estávamos trocando os votos matrimoniais em uma bela tarde de agosto, na Igreja Adventista do Sétimo Dia de Village, em South Lancaster, Massachusetts, nos Estados Unidos da América do Norte. 
Enquanto estávamos diante do pastor, prometendo amar um ao outro “até que a morte nos separe”, não tínhamos ideia de quão difícil seria manter os votos intactos. As palavras eram relativamente fáceis de pronunciar, especialmente naquele ambiente de enlevo e emoção, sob os flashes das câmeras, vendo os rostos radiantes dos familiares e amigos, e com nossas mais altas expectativas de finalmente vivermos juntos, sem qualquer inibição e sem restrições. Por outro lado, nada poderia ter nos preparado para a vida extremamente gratificante que temos vivido como marido e mulher, apesar de termos que enfrentar a realidade de que não há casamentos perfeitos, porque não existem pessoas perfeitas. 
Muitos cristãos adultos e solteiros desejam se casar e acreditam que sua vida seria mais fácil de administrar e seguir a vontade de Deus, se essa fosse a sua realidade. Isso é realmente verdade? As pessoas casadas levam alguma vantagem neste mundo louco por sexo em que vivemos? Ou as pessoas casadas também são vulneráveis por terem que lidar com as pressões da vida universitária, com seus prazos e exigências arbitrárias para alcançarem o sucesso? 
A verdade é: casar é fácil; continuar casado não é nada fácil. Permanecer feliz no casamento por toda a vida é uma das mais belas artes da vida. Então, o que um estudante universitário ou de pós-graduação deve fazer até ele ou ela encontrar a pessoa certa para se casar, diante dos fortes impulsos e mensagens sexuais que há por toda parte e que são uma realidade constante na vida pós-moderna hoje? 
À medida que exploramos esse tema tão importante, é essencial reconhecermos que a sexualidade foi ideia de Deus e que, sem dúvida, é muito boa; certamente, podemos dar testemunho disso depois de 32 anos de casamento. No entanto, tudo o que Deus criou para o nosso bem, Satanás tenta destruir. Como a experiência de Eva com a serpente no Jardim do Éden, Satanás continua a apresentar alternativas sedutoras contra as normas dadas por Deus para que vivamos uma vida melhor, pois ele deseja que caiamos em suas mentiras, levando-nos à angústia e à agonia no final. 
Lá no princípio, Deus declarou: “Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e eles se tornarão uma só carne. O homem e sua mulher viviam nus, e não sentiam vergonha” (Gênesis 2:24, 25). 
Dessa forma, há um contexto distinto para a expressão sexual, de acordo com a Bíblia; depois de deixar pai e mãe, a pessoa, decididamente, se compromete com o cônjuge. Esse é o ambiente no qual uma realidade em que a não vergonha é estimulada para levar à atividade sexual, uma vez que alguém fez uma promessa de compromisso com outro ser humano ao longo de toda a vida e agora está pronto para desfrutar dos privilégios inerentes a tal dedicação. 
Mesmo diante da possibilidade de acreditarmos que podemos não levar em consideração essa declaração celestial, as Escrituras continuam fazendo essa afirmação ao longo de suas páginas. Por exemplo, Paulo afirma: “A vontade de Deus é que vocês sejam santificados: abstenham-se da imoralidade sexual. Cada um saiba controlar o próprio corpo de maneira santa e honrosa, não com a paixão de desejo desenfreado, como os pagãos que desconhecem a Deus” (1 Tessalonicenses 4:3-5). Essa passagem torna claro que alguém, que se diz ser um filho de Deus, deve estar no controle de seu corpo e de suas paixões, para assim honrá-Lo. 
Paulo continua suas colocações expositivas sobre o contexto apropriado para a atividade sexual com a clara cadência das mensagens apresentadas aos crentes de Corinto: “É bom que o homem não toque em mulher”, mas por causa da imoralidade, cada um deve ter sua esposa, e cada mulher o seu próprio marido” (1 Co 7:1, 2). Para não termos dúvida, a inspiração não é algo simplesmente sobrenatural, mas fundamentada na realidade da vida na Terra. 
Paulo reconhece que, por sermos “programados” por Deus para mantermos relações sexuais, teremos um profundo desejo de fazê-lo. No entanto, essa realidade intensa não dá permissão aos seres humanos que creem em Deus para renunciar às convenções estabelecidas no princípio. Ao contrário, os parâmetros são distintos; para que a expressão sexual ocorra, DEVE – por definição – acontecer entre um homem e sua esposa, ou uma mulher e seu marido. Também não percamos de vista a restrição apresentada pelo apóstolo de que, se alguém é do sexo masculino, que então se case com uma mulher, e se é do sexo feminino, que se case com um homem. 

AMOR: UM PRINCÍPIO ELEVADO E SANTO

Walter Trobisch, missionário alemão enviado para Camarões, que também é um escritor prolífico sobre questões matrimoniais e familiares, disse certa vez: “O sexo não é prova de amor, pois é precisamente a própria coisa que se quer testar que é destruída pelo teste.”1 Ellen White escreveu: “O verdadeiro amor é um princípio elevado e santo, inteiramente diferente em seu caráter daquele amor que se desperta por um impulso e que subitamente morre quando severamente provado.”2 Essas declarações são contrárias às convenções de nossos dias, em que o indivíduo é que tem maior valor na sociedade. Muitas vezes, ouvimos as pessoas dizerem: “O que quer que a pessoa deseje fazer, tem o direito de fazer, desde que ninguém saia ferido no processo.” Tais noções narcisistas e hedonistas, com certeza, teriam menos importância para quem sai prejudicado.  O tipo de pessoa que pensa dessa forma está interessada no que ela pode obter, e não no que pode dar. O verdadeiro amor sempre faz a pergunta: O que eu posso dar? E isso é dramaticamente revelado em João 3:16: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu…”. 

Desde já, enfatizamos que, diante de qualquer outra opção que esteja ao seu alcance, as oportunidades baseadas na ética de Deus, que nos criou para a Sua glória, serão sempre a melhor opção possível. Em Jeremias 29:11, Deus nos lembra: “‘Porque sou Eu que conheço os planos que tenho para vocês’, diz o Senhor, ‘planos de fazê-los prosperar e não de lhes causar dano, planos de dar-lhes esperança e um futuro.’” Esse já é um bom começo, quando se trata de nossa ética sexual, para que possamos ter relacionamentos saudáveis em um mundo louco por sexo. 
Falando sobre uma boa forma de começar, Stephen R. Covey, em seu livro, The Seven Habits of Highly Effective Families,identifica esse princípio como o hábito nº 2: Comece com o fim em mente. Em resumo, esse hábito é como o vôo de um avião. Cada vez que um avião voa a partir do ponto A para o ponto B, o piloto deve apresentar um plano de voo com um destino claro em mente. Isso é extremamente importante porque, muitas vezes, tempestades se desencadeiam durante a viagem, forçando o piloto a conduzir o avião acima ou em torno de uma turbulência. No entanto, como o piloto apresentou o plano de vôo com um destino definido em mente, é muito provável que o avião pousará no ponto de chegada bem próximo do horário programado. 
O mesmo acontece com a nossa vida. Temos que decidir muito cedo um destino claro para o nosso casamento ou relações familiares em nossa jornada ao longo da vida e criar uma declaração de missão que nos mantenha focados nesse destino final. Esse “plano de voo” está relacionado com a nossa escolha de valores. Temos que decidir quais valores irão fazer parte do nosso voo e quais valores vamos excluir, para que possamos chegar com segurança ao destino que escolhemos para a nossa vida. Sentimentos e impulsos, sem dúvida, se desenvolverão durante a nossa viagem, à medida que vierem as tempestades, como em um voo literal de avião. No entanto, se o plano de voo da nossa vida estiver baseado nos valores encontrados na Palavra de Deus, é mais provável que cheguemos bem ao destino que escolhemos no início da viagem. 
Uma das armadilhas que leva à impureza sexual são os pensamentos que a pessoa cultiva. O que ela pensa tem muito a ver com o que ela vê e o que ela ouve. Nunca antes na história da humanidade a exposição a conteúdos impuros para se ver e ouvir proliferou tanto como hoje. A Rede Mundial de Computadores tornou a vida mais fácil de muitas maneiras aos estudantes universitários, mas, ao mesmo tempo, fez com que a pureza se tornasse mais difícil como nunca. Com conteúdo sexual tão amplamente acessível nos computadores, tablets e smartphones, permanecer puro está se tornando um desafio cada vez maior para todos. Além do mais, as pessoas solteiras não têm como se esconder desse tipo de tentação, que é uma realidade de igual alcance para todos os seres humanos, casados ou solteiros.  O sábio Salomão nos advertiu com muita propriedade: “Acima de tudo, guarde o seu coração, pois dele depende toda a sua vida” (Provérbios 4:23). Isso, provavelmente, faz com que muitos de vocês que no passado frequentaram a Escola Sabatina dos Primários lembrem-se de um dos principais hinos do repertório da época: “Cuidado olhinho o que vê […] Cuidado ouvidinho o que ouve […] Pois o Salvador Jesus está olhando pra você, cuidado olhinho o que vê [cuidado ouvidinho o que ouve]”. 
Assim, ao contrário das convenções que prevalecem em nossos dias, de que não podemos fazer nada para dominar nossos instintos animais, há uma realidade muito bem documentada nos círculos das Ciências Sociais que diz que o cérebro é o mais importante órgão sexual humano. Sem dúvida, a sexualidade humana é completamente diferente da dos animais. O impulso sexual humano é ativado no córtex pré-frontal do cérebro, o mesmo lugar onde ocorre toda a aprendizagem e onde está o centro da tomada de decisão, do julgamento. Como Deus nos criou com um cérebro, somos responsáveis pela nossa sexualidade e pelas escolhas que fazemos com relação a isso todos os dias. Temos o poder de fazer escolhas, mesmo quando nossa bioquímica batalha em nosso cérebro. Como seres humanos, temos que usar nosso cérebro altamente desenvolvido para decidir como, quando, onde, e se vamos dar expressão a nossos impulsos sexuais, pois é esse poder de decisão que nos torna diferentes dos animais.
Outra mentira que está sendo disseminada em nossa sociedade hoje é que o sexo vai reforçar a autoimagem, tornando-nos mais desejáveis ou mais confiantes. Especialmente as mulheres querem se tornar mais desejáveis e, muitas vezes, usam o sexo como barômetro da dignidade e como um meio de conexão relacional. Os homens, por outro lado, usam o sexo para se sentirem mais confiantes e capazes; isso realmente tem a ver com a potência e o desempenho, com a concorrência e realização; e, para muitos, tudo não passa de um jogo de números para determinar quantas conquistas são capazes de fazer. 
Infelizmente, o sexo antes do casamento e/ou extraconjugal nunca vai conferir maior valor a você ou ao seu relacionamento. Se você é mulher, não a torna mais desejável. Se você é homem, não vai livrá-lo da sua insegurança; na verdade, é mais provável que o sexo ilícito cause o efeito oposto. Ele vai acabar fazendo você se sentir mais autodesvalorizado, desesperado, sozinho e inseguro. 

FAZER AS ESCOLHAS CERTAS

Então, como a pessoa deve lidar com a sua sexualidade? Que bom que você perguntou isso. É necessário que se mantenha sempre consciente das escolhas que você faz, e também de controlá-las, em vez de permitir que elas controlem você. Aqui estão algumas dessas escolhas: a escolha que “já aconteceu”; a escolha “se estamos apaixonados não pode dar errado”; a escolha “o sexo nos aproxima mais”; a escolha “eu não serei um ser sexual até estarmos casados”; e a escolha “vamos pôr limites”. Sendo casado ou solteiro, todas essas escolhas são falsas, exceto a última. A menos que você defina limites saudáveis logo no início, quer seja casado ou solteiro, estará em apuros; assim, defina os limites saudáveis agora, antes que a tentação se apresente. 

Para desfrutar de relacionamentos saudáveis em um mundo louco por sexo, é importante seguir cuidadosamente os paradigmas sancionados pela Bíblia. Para que isso aconteça, precisará definir limites saudáveis no início, a fim de evitar dilemas perigosos, que alteram o curso da vida. Uma boa maneira de se lembrar daquilo que mantém como convicção é pensar em um fruto chamado ackee, encontrado na Jamaica e em outras ilhas do Caribe. O pé desse fruto chega a se tornar uma árvore bem grande. Se você pegar o ackee e comê-lo antes que se abra naturalmente, ele mata, pois é venenoso. No entanto, se você esperar até que o ackee esteja completamente maduro e o fruto se abra na árvore, e esse é o ponto certo para colher e comê-lo, verá que é muito saboroso e nutritivo. 
A relação sexual é muito semelhante a esse fruto. Se você forçá-la antes do tempo certo – o casamento – ela vai lhe envenenar e prejudicar toda a sua vida. No entanto, se você permitir que ela esteja totalmente madura – após o casamento – você poderá desfrutar plenamente dela, sem medo, e ela vai dar sabor à sua vida. 
Estamos casados há 32 anos, por isso é relativamente fácil para nós falarmos a respeito desse tema de uma forma quase clínica. No entanto, reconhecemos quão difícil é lidar com esse assunto, especialmente como estudantes universitários; muitos de vocês estão no início da vida sexual e lidam com muitas outras formas de pressão. A resposta a essa situação, no entanto, é sempre a mesma, e a promessa de sucesso é encontrada em Filipenses 4:13: “Posso todas as coisas nAquele que me fortalece”. 
Que sua escolha seja sempre manter relacionamentos saudáveis em um mundo louco por sexo, apesar da realidade da tentação que se alastra por todos os lados. Nosso desejo e oração é que você faça a escolha certa. 
Willie Oliver PhD pela American University e C.F.L.E., é pastor ordenado, conselheiro pastoral, possui o certificado de Educador em Vida Familiar, é Sociólogo na área da Família e diretor do Departamento de Ministério da Família na sede mundial da Igreja Adventista do Sétimo Dia, em Silver Spring, Maryland, EUA. E-mail: OliverW@gc.adventist.org 
Elaine Oliver MA pela Columbia University e C.F.L.E., é psicóloga, educadora com certificação em Vida Familiar e diretora associada do Departamento de Ministério da Família na sede mundial da Igreja Adventista do Sétimo Dia. E-mail: OliverE@gc.adventist.org

NOTAS E REFERÊNCIAS

  1. Walter Trobisch, I Married You (New York: Harper & Row, 1989), p. 99. 
  2. Ellen G. White, O Lar Adventista (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1992), p. 50. 
  3. Steven R. Covey, The Seven Habits of Highly Effective Families (New York: Golden Books, 1997).

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