A crescente onda de manifestações públicas exige reflexão e respostas sobre as seguintes questões: Os cristãos deveriam participar desses atos públicos? Pastores e servidores da organização adventista deveriam sair às ruas e apoiar protestos populares?
Vale a pena mencionar uma citação inspirada da escritora Ellen White, que esclarece alguns pontos:
“O governo sob que Jesus viveu era corrupto e opressivo; clamavam de todo lado os abusos — extorsões, intolerância e abusiva crueldade. Não obstante, o Salvador não tentou nenhuma reforma civil. Não atacou nenhum abuso nacional, nem condenou os inimigos da nação. Não interferiu com a autoridade nem com a administração dos que se achavam no poder. Aquele que foi o nosso exemplo, conservou-Se afastado dos governos terrestres. Não porque fosse indiferente às misérias do homem, mas porque o remédio não residia em medidas meramente humanas e externas. Para ser eficiente, a cura deve atingir o próprio homem, individualmente, e regenerar o coração”. (O Desejado de Todas as Nações, p. 358).
A Igreja Adventista deve assumir seu papel na sociedade como uma organização ativamente envolvida nas questões pertinentes aos interesses e necessidades dos cidadãos. Reconhece também o desafio de ser relevante e fazer a diferença na vida das pessoas e das comunidades onde ela está inserida. Quanto às questões que envolvem desigualdade e injustiça social, a igreja desenvolve, apoia e realiza projetos sociais e educacionais que beneficiam a vida comunitária. Suas várias frentes de atuação envolvem a ADRA (Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais), ASA (Ação Solidária Adventista), escolas, colégios e universidades, entre outros programas promovidos pelos vários departamentos e instituições da denominação. No entanto, busca agir na defesa de suas convicções sem conflitar com os princípios bíblicos e sem protestar contra ideologias e autoridades constituídas.
Na continuação, Ellen White diz: “Não pelas decisões dos tribunais e conselhos, nem pelas assembleias legislativas, nem pelo patrocínio dos grandes do mundo, há de estabelecer-se o reino de Cristo, mas pela implantação de Sua natureza na humanidade, mediante o operar do Espírito Santo. 'A todos quantos O receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus; aos que creem no Seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade do varão, mas de Deus' (Jo 1:12, 13). Aí está o único poder capaz de erguer a humanidade. E o instrumento humano para a realização dessa obra é o ensino e a observância da Palavra de Deus”. (O Desejado de Todas as Nações, p. 358)
Estamos, como adventistas, neste mundo com uma mensagem especial que é preparar um povo para o encontro com o Senhor! Cremos que a nossa força não deve estar nas manifestações por justiça, mas em anunciar a volta do Senhor Jesus, a verdadeira causa!
A Bíblia é o nosso guia seguro sempre. No livro de Hebreus 11:16 está escrito que: “Mas, agora, aspiram a uma pátria superior, isto é, celestial. Por isso, Deus não se envergonha deles, de ser chamado o seu Deus, porquanto lhes preparou uma cidade.”
O sonho dos sul-americanos, o sonho dos brasileiros, o sonho dos europeus… Todos querem uma pátria melhor. E ela existe. A cidade de Deus, a pátria celestial.
Assim, a Igreja Adventista do Sétimo Dia:
1. Reconhece seu dever de atender às necessidades das pessoas, exercendo o papel de instituição servidora, sendo relevante na sociedade e fazendo a diferença no contexto onde está inserida.
2. Recomenda que os responsáveis que organizarem atividades públicas ajam com cuidado e prudência para que esses eventos sejam pacíficos e tenham como único objetivo chamar a atenção para as condutas compatíveis com os princípios cristãos, sem violência e sem vandalismo. Por isso, não recomenda a seus membros e nem autoriza seus pastores e servidores a participar em manifestações públicas de cunho político.
3. Incentiva que seus membros orem em favor das cidades e autoridades.
4. Apesar de ser apartidária, reconhece a necessidade de lidar constantemente com representantes dos poderes públicos. Por isso, mantém sua postura de relacionamento adequado com as autoridades constituídas para que o funcionamento da estrutura institucional seja garantido, tendo como único propósito o cumprimento da missão.
5. Estabelece que, havendo atitudes não conformes com as recomendações e determinações deste documento, os casos serão analisados pela instituição ou igreja local a que pertencem os envolvidos.
Como cristãos, reconhecemos o papel legítimo dos governos organizados na sociedade, respeitamos o direito do Estado de legislar nas questões seculares e consentimos com essas leis quando não contrariam os preceitos divinos. Entendemos também que nossos membros devem assumir responsabilidades civis com seriedade e exercer o papel de cidadãos, mas sem se esquecer da cidadania celestial.
Não desmerecendo as questões políticas e sua importância, entendemos ser um dever dar o devido destaque ao nosso verdadeiro papel, que é desenvolver práticas que resultem no fortalecimento da fé e promovam a esperança na iminente volta do Senhor Jesus Cristo. Reconhecemos que a vocação de pregar o evangelho envolve executar ações de solidariedade que expressem amor ao próximo e produzam alívio ao sofrimento humano. Por isso, todo esforço e toda energia devem ser canalizados para o serviço desinteressado em favor das pessoas, revelando profundo interesse na sua salvação. Seja nossa oração: “Vem, Senhor Jesus” (Apocalipse 22:20).
Extraído dos documentos: As Manifestações e o Evangelho e Os Adventistas e a Política
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