terça-feira, 11 de junho de 2019

A parábola do juíz injusto

"Então Jesus contou aos seus discípulos uma parábola, para mostrar-lhes que eles deviam orar sempre e nunca desanimar. Ele disse: Em certa cidade havia um juiz que não temia a Deus nem se importava com os homens. E havia naquela cidade uma viúva que se dirigia continuamente a ele, suplicando-lhe: ‘Faze-me justiça contra o meu adversário’. Por algum tempo ele se recusou. Mas finalmente disse a si mesmo: ‘Embora eu não tema a Deus e nem me importe com os homens, esta viúva está me aborrecendo; vou fazer-lhe justiça para que ela não venha me importunar’. E o Senhor continuou: Ouçam o que diz o juiz injusto. Acaso Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele dia e noite? Continuará fazendo-os esperar? Eu lhes digo: ele lhes fará justiça, e depressa. Contudo, quando o Filho do homem vier, encontrará fé na terra?" (Lucas 18:1-8).

Resumo da parábola 
Duas pessoas fazem parte desta parábola de Jesus: um juiz que não temia a Deus e nem respeitava os homens e uma viúva que implorava por justiça. Essa mulher tinha uma causa justa contra uma pessoa, e ia até aquele juiz para clamar que ele julgasse o seu processo, porém, o homem da lei a ignorava totalmente. No entanto, por causa da insistência daquela viúva e pelo incômodo que esta estava lhe causando, o juiz decidiu que atenderia o seu caso. 

Ellen G. White assim descreve: 

"O juiz que nos é descrito, não tinha respeito ao direito, nem piedade pelos sofredores. A viúva que lhe apresentou sua causa com insistência, foi repelida pertinazmente. Repetidas vezes a ele apelara, porém, só para ser tratada com desprezo e expulsa do tribunal. O juiz sabia que a causa era justa, e poderia havê-la auxiliado imediatamente, mas não o quis. Desejava mostrar seu poder arbitrário, e comprazia-se em deixá-la suplicar e pedir em vão. Todavia ela não quis deixar-se desanimar. Apesar da indiferença e dureza de coração dele, tanto insistiu em sua petição, que o juiz enfim consentiu em atender sua causa. Para preservar sua reputação e evitar tornar pública sua sentença arbitrária e parcial, fez justiça à perseverante mulher" (Parábolas de Jesus, pp. 164-165).

O que podemos aprender? 

1) A importância da oração 
Ao contar essa parábola, Jesus não quis falar propriamente da oração, mas sim sobre um dos mais importantes aspectos da oração: a perseverança. A Bíblia nos fala algumas vezes sobre o poder da perseverança na oração. Veja: "Alegrem-se na esperança, sejam pacientes na tribulação, perseverem na oração" (Romanos 12:12); "Orem no Espírito em todas as ocasiões, com toda oração e súplica; tendo isso em mente, estejam atentos e perseverem na oração por todos os santos" (Efésios 6:18); "Perseverem na oração, estejam alertas e sempre agradecidos" (Colossenses 4:2). Vejamos o que Ellen White afirma:

"O Senhor diz: 'Invoca-Me no dia da angústia' (Salmos 50:15). Convida-nos a Lhe expormos nossas perplexidades e carências, e nossa necessidade de auxílio divino. Exorta-nos a perseverar na oração. Logo que surjam dificuldades, devemos apresentar-Lhe nossas petições sinceras e francas. Pelas orações insistentes evidenciamos nossa forte confiança em Deus. O senso de nossa necessidade nos induz a orar com fervor, e nosso Pai celestial é movido por nossas súplicas. Não há perigo de que o Senhor despreze as orações de Seu povo. O perigo está em que desanimem na tentação e prova e deixem de perseverar em oração" (Idem, p.172).

Ellen White também aborda outro aspecto interessante:

"A petição da viúva: 'Faze-me justiça contra o meu adversário' (Lucas 18:3), representa a oração dos filhos de Deus. Satanás é o grande adversário. É 'o acusador de nossos irmãos', que os acusa de dia e de noite perante Deus (Apocalipse 12:10). Instantemente trabalha para mal representar e acusar, para enganar e destruir o povo de Deus. Nesta parábola, Cristo ensina os discípulos a pedirem salvação do poder de Satanás e de seus instrumentos" (Idem, p. 166).

2) O rancor não vale a pena 
Por mais que aquela mulher pudesse sentir raiva ou mágoa daquele homem que ela havia processado, em nenhum momento da parábola a viúva pede vingança contra seu adversário, muito menos que aquele juiz o prejudique de alguma forma. Ela somente quer que a justiça seja feita. Isso mostra que nós podemos usar a nossa fé e perseverança para buscar em Deus a solução das nossas causas, mas não podemos pedir que Deus “pese a mão” sobre tal pessoa e a faça pagar por tudo que ela fez de ruim. A Bíblia diz: "Amados, nunca procurem vingar-se, mas deixem com Deus a ira, pois está escrito: "Minha é a vingança; eu retribuirei", diz o Senhor" (Romanos 12:19). Vejamos o que diz Ellen White:

"Na parábola do juiz injusto, mostrou Cristo o que devemos fazer. Cristo, nosso exemplo, nada fez para Se justificar e livrar. Confiou Sua causa a Deus. Assim Seus seguidores não devem acusar nem condenar, ou recorrer à violência, para se livrarem. Se surgem provações que parecem inexplicáveis, não devemos permitir que nossa paz nos seja roubada. Conquanto sejamos tratados injustamente, não demonstremos raiva. Alimentando o espírito de represália, prejudicamo-nos a nós mesmos. Destruímos nossa confiança em Deus e entristecemos o Espírito Santo" (Idem, pp. 171-172).

3) Deus é bom e nos ama 
Para mostrar como o poder de Deus é grande, Jesus ilustrou essa parábola com um representante do cargo mais importante e respeitado pela sociedade e, do outro, uma mulher viúva que, naquela época, era marginalizada e sobrevivia graças às boas ações de algumas pessoas de bom coração. Como aquele homem da lei era cheio de si mesmo, não temia ao Senhor e não respeitava ninguém, ele atendeu a viúva apenas para que ela não o incomodasse mais. Já Deus nos atende por amor! Jesus quer que nós entendamos que, se aquele juiz injusto atendeu o pedido de uma pessoa humilde e sofredora, o Deus Todo-Poderoso, o nosso justo juiz, fará muito mais por nós todos, com o maior prazer do mundo, pois Ele nos ama! Ellen White nos diz:

"Cristo traça aqui um vivo contraste entre o juiz injusto e Deus. O juiz cedeu ao pedido da viúva só por egoísmo e para esquivar-se à contínua importunação. Não sentia por ela compaixão nem piedade; sua indigência lhe era indiferente. Que diversa é a atitude de Deus para com os que O procuram! Os apelos dos necessitados e aflitos são atendidos com infinita misericórdia. O injusto juiz não tinha interesse particular na viúva que o importunava pelo veredicto; porém, para subtrair-se a suas súplicas comoventes, ouviu a petição, e fez-lhe justiça contra o adversário. Deus, porém, ama Seus filhos com infinito amor" (Idem, p. 165).

4. Não confiar em juízes terrestres
Ellen White nos deixa aqui um importante alerta: 

"O caráter do juiz, na parábola, que não temia a Deus nem respeitava os homens, foi apresentado por Cristo para mostrar a espécie de justiça então exercida, e que seria brevemente testemunhada em Seu julgamento. Deseja que, em todo o tempo, os Seus reconheçam quão pouco, no dia da adversidade, podem confiar em governantes e juízes terrestres. Frequentemente o povo eleito de Deus precisa comparecer perante homens que desempenham funções oficiais, e não fazem da Palavra de Deus seu guia e conselheiro, antes seguem seus próprios impulsos não consagrados nem disciplinados" (Idem, p. 167).

5. A perseverança da fé 
No último versículo da parábola, Jesus faz um questionamento que deveria nos deixar envergonhados: "Contudo, quando o Filho do homem vier, encontrará fé na terra?" (Lucas 18:8). Ao fazer essa pergunta, Jesus afirma que muitos de nós deixamos de lado a nossa fé por causa do imediatismo. Queremos tudo “para ontem” e nos esquecemos que temos um Deus que é dono do tempo e de todas as coisas. Nada foge do controle e da soberania dEle. Muitas pessoas perguntam: "Até quando devo ficar orando por uma situação?" E a resposta é: "Até Deus atender!" Quase sempre não entendemos o porquê da "demora" de Deus, mas se perseverarmos até o final, veremos que Ele age no tempo perfeito! Por isso eu te pergunto: "Será que temos a mesma perseverança que aquela viúva teve? Ou será que, ao ouvir o primeiro "não" durante uma provação, abandonaremos a nossa fé e decidiremos resolver as situações com as nossas próprias forças?" 

"Não abandoneis, portanto, a vossa confiança; ela tem grande galardão. Com efeito, tendes necessidade de perseverança, para que, havendo feito a vontade de Deus, alcanceis a promessa. Porque, ainda dentro de pouco tempo, Aquele que vem virá e não tardará" (Hebreus 10:35-37). 

"Eis que o lavrador espera o precioso fruto da terra, aguardando-o com paciência, até que receba a chuva temporã e serôdia. Sede vós também pacientes, fortalecei o vosso coração; porque já a vinda do Senhor está próxima" (Tiago 5:7 e 8).

Concluo com este texto de Ellen White:

"O mundo tornou-se ousado na transgressão da lei de Deus. Por causa de Sua longa clemência os homens Lhe espezinharam a autoridade. Fortaleceram-se na opressão e crueldade contra Sua herança, dizendo: 'Como o sabe Deus? Ou: Há conhecimento no Altíssimo?' (Salmos 73:11). Há, porém, um limite além do qual não podem passar. Próximo está o tempo em que atingirão o limite prescrito. Mesmo agora quase excederam os termos da longanimidade de Deus, e a medida de Sua graça e misericórdia. O Senhor Se interporá para vindicar Sua própria honra, para livrar Seu povo e reprimir os excessos da injustiça" (Idem, p. 178).

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