Setembro é o mês que marca a Campanha Nacional para a Doação de Órgãos e Tecidos, também chamado de Setembro Verde, idealizado pela Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). A Igreja Adventista do Sétimo Dia sempre se posicionou estimulando as doações, respeitando obviamente as questões de foro íntimo. A Igreja estimula a doação de sangue, tecidos e órgãos, tanto em vida como no caso da morte encefálica.
Desde o primeiro transplante de órgãos bem-sucedido, em 1960, muitas questões têm sido levantadas sobre este assunto. Enquanto os médicos tiveram que lidar com as questões relacionadas a técnicas cirúrgicas, outros têm salientado preocupações filosóficas, desafios éticos e questões morais. Apesar de esses debates manterem os profissionais ocupados, uma questão importante diz respeito aos possíveis doadores: “Devo ser um doador depois de minha morte? Será que os meus órgãos irão para aqueles que estão realmente precisando? Como a doação de órgãos está relacionada com os meus valores éticos?” Essas e outras questões controversas nos chamam a atenção à doação de órgãos.
Depois de anos lutando contra a rejeição de órgãos e problemas relacionados, os médicos pesquisadores descobriram procedimentos para o sucesso dos transplantes. Na maioria dos casos, esses procedimentos são considerados seguros e rotineiros. Mas por que há tão poucas pessoas dispostas a serem doadoras? Teriam elas medo deste assunto? Enquanto muitos relutam, um número crescente de pacientes deve esperar por meses, às vezes anos, por uma oportunidade de tratamento que permitam que tenham uma vida normal novamente.
De acordo com a United Network for Organ Sharing, mais de 110 mil pessoas nos Estados Unidos estão em uma lista de espera de transplantes. Considere a necessidade do resto do mundo: há um número enorme de pessoas em busca da doação que irá prolongar a vida delas. Sem o transplante a tempo, milhares são privados de vida. Essas mortes são necessárias? A questão deve ser encarada com toda a seriedade quando nos deparamos com uma pessoa jovem, com uma vida inteira pela frente, mas que de repente tem a existência interrompida, sem nenhuma esperança.
Depois de alguma reflexão sobre esses fatos, quando alguém se pergunta se deve ser um doador de órgãos, a resposta mais simples possível é: sim! As pessoas precisam se tornar doadoras de órgãos após a morte. É claro que há uma grande diferença entre ser um doador vivo e se inscrever para a doação de órgãos após a morte. Falando sobre ser um doador vivo, nós devemos considerar cada situação. É necessário pesar os riscos. Há situações únicas que precisam ser resolvidas mediante ajuda profissional. Mas, falando sobre ser um doador de órgãos após a morte, há razões claras para ajudar as pessoas e permitir a doação. Sendo assim, por que há tão poucas pessoas dispostas? Esta questão torna o assunto ainda mais complexo.
Vivemos em uma economia globalizada, em que todas as partes do mundo tentam conviver com as outras. Em um mundo interconectado, é possível que uma causa nobre, como a doação de órgãos, caia nas garras da ganância e da manipulação? São algumas vidas mais dignas do que outras? Será que isso é definido por aquilo que o indivíduo possui em termos de dinheiro, poder e influência? Essas estranhas ponderações conduziriam a práticas indignas na doação de órgãos? É possível matar uma pessoa a fim de obter um órgão que pode ser vendido? A resposta, infelizmente, não é nada agradável. De fato, a ascensão dos mercados ilegais que vendem órgãos e práticas antiéticas de recolhimento de órgãos em algumas partes do mundo, afetando principalmente os setores economicamente desfavorecidos da população, colocaram uma sombra de suspeita sobre a doação e transplante de órgãos. O que deveria ser uma atividade altruísta e humana, de compartilhar o dom da vida, tem o risco de ser dominado por um mercado vicioso. Este é um desafio que requer atenção.
Não podemos resolver este problema a menos que aceitemos um caminho mais elevado, espiritual. Esse caminho é encontrado em uma atitude de altruísmo, amor e confiança. Onde podemos encontrar esse caminho a não ser que aprendamos a colocar a nossa confiança em Deus? O caminho de Deus exige que nós amemos ao nosso próximo como amamos a nós mesmos. Se seguirmos esse caminho, vamos cuidar de nossos vizinhos e ir em seu socorro na hora da necessidade. É esse tipo de amor altruísta e solidário que deve estar na base da discussão de ser um doador de órgãos. Quando esse amor altruísta define o nosso pensamento, e então nos tornamos um doador de órgãos, nossa caridade pode salvar uma vida. Esse ato de salvação não tem preço.
Então, temos uma decisão a tomar. Pense em ser um doador de órgãos. Converse sobre isso com sua família. Cadastre-se como doador de órgãos se isso for necessário em seu país. Não importa todas as questões controversas. Pense nisso como um ato de amor, amor a qualquer custo, e amor sem preço. Quem sabe eu possa ser alguém que vai estar em uma lista de espera algum dia? Enquanto isso, eu sei que existem centenas de pessoas que precisam de um órgão. E o amor me impele a ser uma doadora.
Creriane Lima (via Diálogo Universitário)
Nota: Segue abaixo o posicionamento oficial da Igreja Adventista sobre doação de sangue e órgãos:
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