terça-feira, 5 de novembro de 2019

Os filhos do divórcio

“'Eu odeio o divórcio', diz o Senhor, o Deus de Israel." (Malaquias 2:16, NVI)

Talvez um dos maiores problemas da família moderna seja sua desintegração. Milhares de casais que um dia estiveram diante do altar, jurando amor incondicional um ao outro, estarão, neste ano, declarando a bancarrota da família diante de um juiz.

Para os filhos do divórcio, esse é apenas o início de um pesadelo. Em alguns países, só agora está se percebendo o que o divórcio tem feito às crianças. Stephanie Staals, num melancólico livro intitulado O Amor que Eles Perderam, faz uma pesquisa entre crianças que relembram vividamente o amor de que foram privadas com o divórcio de seus pais. 

Judith Wallerstein, professora da Universidade da Califórnia, no livro O Legado Inesperado, afirma que o prejuízo causado pelo divórcio é muito maior do que aquilo que se imaginou no passado ou aquilo que é popularizado em nossa cultura, como se ele fosse algo natural ou mesmo um sinal de “sofisticação”.

Num artigo da revista Time, é contada a história de Joanne, de 9 anos de idade. Numa tarde, ela chegou da escola para descobrir que seu pai havia deixado o lar. A mãe, em depressão, anuncia: “Seu pai saiu de casa.” Joanne, agora com 40 anos, claramente relembra aquele dia e os dias que se seguiram: os soluços abafados, os olhos afogados em lágrimas, buscando pela casa o pai que inesperadamente havia saído de sua vida. O artigo conclui: “Dizem que o tempo cura todas as feridas. Para os filhos do divórcio como Joanne, contudo, o tempo é apenas uma forma de tornar a ferida permanente.”

J. Kerby Anderson, em sua obra Moral Dilemmas, observa: “Existe uma montanha de evidências científicas demonstrando que, quando as famílias se desintegram, as crianças frequentemente terminam com cicatrizes intelectuais, físicas e emocionais que persistem por toda a vida.” E acrescenta: “Nós falamos sobre drogas, crise educacional, problema de adolescentes grávidas e criminalidade juvenil. Mas todos esses males vêm de uma única fonte: famílias partidas.”

Há alguma surpresa por que Deus “odeia o divórcio”? Para efeito de um novo casamento, o divórcio é tolerado apenas em casos de adultério, quando o perdão não é possível. Trivializado em nossa cultura, o divórcio é uma expressão do egoísmo humano, em cujo altar crianças são sacrificadas e marcadas para sempre.

Amin A. Rodor (via Meditações Diárias - Encontros com Deus)


Nota: Ellen G. White deu a única razão para o divórcio: “Nada senão a violação do leito conjugal pode quebrar ou anular o voto conjugal” (O Lar Adventista, p. 341). “Só há uma razão pela qual o marido pode legitimamente separar-se de sua esposa ou a esposa de seu marido: o adultério” (Ibid., p. 345). Ela salientou que Jesus aprovou a dissolução do casamento apenas em caso de adultério (Ibid., p. 340). Em seu Sermão do Monte, Cristo declarou “plenamente” que havia uma única razão para o fim do casamento: infidelidade ao voto conjugal (O Maior Discurso de Cristo, p. 63). “O divórcio é uma eterna e sincera mágoa. O casamento deveria ser muito bem considerado antes de ser contraído”, escreveram Tiago e Ellen G. White em 1868, referindo-se a uma mulher que tinha que viver com um adúltero (The Review and Herald, 24/03/1868, p. 236). Ela ainda acrescenta que os casados deveriam possuir a têmpera do aço em relação a seus votos conjugais (Carta 321, 1903).

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