quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

Quando as pedras falam

Pesquisadores da Autoridade de Antiguidades de Israel e da Universidade de Tel Aviv descobriram uma passagem antiga construída por Pôncio Pilatos, famoso governador de Judeia responsável por condenar Jesus à morte por crucificação. Escondidas sob as pedras do pavimento haviam mais de 100 moedas datadas de aproximadamente 17 a 31 dC.

Essa descoberta, feita no sítio arqueológico da Cidade de Davi, localizado no Parque Nacional dos Muros de Jerusalém, é uma forte evidência de que a rua foi encomendada por Pilatos, atual “prefeito” de Judeia no período.

A passarela
A antiga passarela era provavelmente usada por peregrinos que se dirigiam para o culto no Monte do Templo, um local significativo até hoje tanto para seguidores do judaísmo quanto do cristianismo. A passarela sobe da Piscina de Siloé para o Monte, o que é um forte indicativo de que era uma rota especial, utilizada por religiosos.

No momento da construção da rua, Jesus teria curado a cegueira de um homem ali, enviando-o para se lavar na Piscina de Siloé.

A passagem, com cerca 600 metros de comprimento e 8 de largura, foi pavimentada com pedras grandes comuns durante o Império Romano. Estima-se que aproximadamente 10.000 toneladas de rocha calcária tenham sido usadas em sua construção, o que teria exigido habilidades especiais.

“Se fosse uma passagem simples que ligasse um ponto A a um ponto B, não haveria necessidade de construir uma rua tão grande. No mínimo, tem 8 metros de largura. Isso, combinado com a pedra finamente esculpida e os ‘objetos’ ornamentados como um pódio ao longo da rua, indicam que era uma passagem especial”, afirmaram Joe Uziel e Moran Hagbi, arqueólogos da Autoridade de Antiguidades de Israel, que participaram da pesquisa.

A escavação
Os pesquisadores realizaram uma extensa escavação no local durante seis anos até revelar uma seção de 220 metros da rua “perdida”, identificada pela primeira vez em 1894 por arqueólogos britânicos.

As pedras da passagem estavam escondidas atrás de camadas de pedregulhos, destroços de quando os romanos assolaram a cidade em 70 dC. A “mistura” de estruturas desabadas continha restos de armas como pontas de flechas e estilingues, além de árvores queimadas.

No processo de escavação, centenas de moedas presas sob as pedras foram descobertas, datadas entre 17 e 31 dC. Esse período sugere que o trabalho começou e foi concluído durante o governo de Pôncio Pilatos em Judeia.

“Datar usando moedas é muito exato. Como algumas têm o ano em que foram cunhadas, isso significa que, se uma moeda com a data 30 dC foi encontrada embaixo da rua, a rua terá que ter sido construída no mesmo ano ou depois dessa moeda ter sido cunhada, então a qualquer momento depois de 30 dC. No entanto, nosso estudo vai além, porque estatisticamente as moedas cunhadas cerca de 10 anos depois são as mais comuns em Jerusalém; portanto, não tê-las abaixo da rua significa que a rua foi construída antes de sua aparição, ou seja, somente na época de Pilatos”, esclareceu Donald T. Ariel, arqueólogo e especialista em moedas da Autoridade de Antiguidades de Israel, um dos autores do estudo.

Um artigo sobre a descoberta foi publicado na revista científica Tel Aviv: Journal of the Institute of Archaeology


Nota: A arqueologia apresenta evidências de que a Bíblia tem fundamento histórico e, portanto, é um relato confiável. Embora o propósito da arqueologia não seja provar a Bíblia nem despertar a fé, ela pode reforçar a veracidade do livro sagrado e demolir os argumentos do ceticismo. O papel da arqueologia não é julgar as Escrituras nem testar sua autenticidade, mas esclarecer e confirmar suas declarações. 

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