A cena chocante do segurança George Floyd, 46, sendo asfixiado pelo policial Derek Chauvin na cidade de Minneapolis, noroeste dos Estados Unidos, é uma grave violação de um direito humano fundamental: a vida. Mais grave ainda perceber que a história se repete e a vítima continua sendo negra. Não só na megapotência norte-americana, como também no Brasil. A recente morte de João Pedro, 14, numa operação policial conjunta entre as polícias Federal e Civil também causou enorme indignação. A cada 23 minutos, morre um jovem negro no nosso país, segundo levantamento feito pela Anistia Internacional na campanha Jovem Negro Vivo.
O tiro que matou o adolescente João Pedro foi dado pelas costas dentro de casa. O estrangulamento de George Floyd foi sob os olhos da população. Lá como cá, os assassinatos racistas são covardes, cruéis.
Um dos males mais odiosos dos nossos dias é o racismo, a crença ou prática que vê ou trata certos grupos étnicos como inferiores e, portanto, objetos de dominação, discriminação e segregação. Embora o pecado do racismo seja um fenômeno antiquíssimo baseado na ignorância, no medo, na alienação e no falso orgulho, algumas das suas mais hediondas manifestações têm ocorrido em nosso tempo. O racismo e os preconceitos irracionais operam em um circulo vicioso.
O racismo está entre os piores dos arraigados preconceitos que caracterizam seres humanos pecaminosos. Suas consequências são geralmente devastadoras, porque o racismo facilmente torna-se permanentemente institucionalizado e legalizado. Em suas manifestações extremas, ele pode levar à perseguição sistemática e mesmo ao genocídio.
As Escrituras ensinam claramente que todas as pessoas foram criadas à imagem de Deus, que “de um só fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da Terra” (Atos 17:26). A discriminação racial é uma ofensa contra seres humanos iguais, que foram criados à imagem de Deus. Em Cristo, “não há judeu nem grego” (Gálatas 3:28). Portanto, o racismo é realmente uma heresia e em essência uma forma de idolatria, pois limita a paternidade de Deus, negando a irmandade de toda a espécie humana e exaltando a superioridade racial de alguém.
Em Cristo somos uma nova criação; distinções de raça, cultura e nacionalidade, e diferenças entre altos e baixos, ricos e pobres, homens e mulheres, não devem ser motivo de dissensões entre nós. Todos somos iguais em Cristo, o qual por um só Espírito nos uniu numa comunhão com Ele e uns com os outros; devemos servir e ser servidos sem parcialidade ou restrição. Qualquer outra abordagem destrói o âmago do evangelho cristão.
Infelizmente, acredito que as atitudes racistas persistem no mundo porque seus mais ferrenhos detratores reagem com indiferença aos atos de discriminação étnica. Concluo com um texto do queridíssimo pastor Amilton Luiz de Mello:
Na página nove do seu livro Fé que opera (Meditações Matinais de 1981), o falecido pastor Morris Venden conta que uma inscrição num antigo túmulo nos Estados Unidos diz: "Aqui Jaz Lem S. Frame, o qual matou 89 índios durante a sua vida. Esperava haver matado 100 até o fim do ano, quando adormeceu em Jesus, na sua residência em Hawk's Ferry." O pastor Venden então pergunta: "Será que isso constitui uma boa representação de Deus, ou revela que alguém representou mal o caráter de Deus?"
Várias pessoas, entre elas eu, fizeram posts no facebook nessa última semana lamentando e condenando barbaridades como o fuzilamento de um adolescente negro no Rio de Janeiro, e o assassinato de um homem negro na cidade de Minneapolis. Racismo nos deixa indignados... ou pelo menos deveria deixar, assim como todas as formas de pecado! Porém alguns tem ficado insensíveis a isso, achando que é exagero ou o famoso "mi mi mi". Agem como os "cristãos" que achavam normal um outro "cristão" matar 89 índios"! Com certeza existem assuntos que são desagradáveis de falar: Racismo, violência policial, abuso sexual, xenofobia, violência doméstica, desigualdade econômica, injustiça social, etc. Mas não falar desses assuntos não fará que eles desapareçam... continuarão existindo até que nos posicionemos contra eles ou que nos acostumemos com eles, o que será muito pior.
Nosso mundo está doente. Não só por causa de uma pandemia. Por causa de um vírus muito pior e mais terrível que o coronavírus: o vírus do pecado. Ele nos faz achar normal aquilo que não pode nem deve ser considerado normal. Na década de 60, durante os protestos pelos direitos civis, Martin Luther King foi acusado de tudo, inclusive de ser comunista, enquanto ele só queria ser cristão. Porém, com coragem e sem violência, representou mais o Mestre Jesus do que aqueles que preferiram o caminho da indiferença!
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