O termo evangelismo digital e seus derivados estão na moda em nossos dias, principalmente no momento em que estamos vivendo épocas de distanciamento social, quarentena e igrejas fechadas. O termo também tem relação com a busca por conhecimento para colocá-lo em prática e ser parte desse movimento, que por sinal é muito eficiente e tem um poder maior do que muitos imaginam ou acreditam. Mas em outra oportunidade falaremos sobre isso!
Nessa busca pelo como realizar evangelismo digital, as seguintes perguntas são comuns: como faço para dar estudos bíblicos online? Como faço para pregar na internet? Posso ser um evangelista digital sem ter muitos seguidores? Para pregar na internet, preciso ter boa oratória?
Sempre que ouço perguntas dessa natureza me vem à mente algo interessante. Talvez quem as faz, na verdade, não precisa entender como fazer, mas sim, o que significa, na essência, o tão falado evangelismo digital. É exatamente por isso que quero lhe convidar a tirar um pouco o foco da palavra digital. Para isso, quero apresentar aqui 10 dicas para você refletir:
Ideias
1. Não existem tipos de evangelismo, mas apenas evangelismo. E na prática, “somos convidados a amar as almas como Cristo as amava” [1] e a apresentar “o incomparável amor de Cristo” [2], portanto, esse deve ser nosso objetivo final, seja física ou virtualmente. Partindo desse princípio, o evangelismo digital nada mais é do que uma abordagem do evangelismo, que tem como fim a conversão de pessoas. Isso significa que, para entender como pregar na internet, é necessário primeiro entender como pregar no mundo real. Creio que essa visão torna mais fácil a criação de estratégias de evangelização no meio digital.
2. Não é necessário ser famoso para atuar como um evangelista digital, porém é necessário ser cristão! Foi pesado, não é? Eu sei! Mas é a pura verdade. Ellen White fala algo parecido ao escrever que “todo verdadeiro discípulo nasce no reino de Deus como missionário.” [3] Assim como o evangelismo não deve ser feito apenas por evangelistas renomados, o evangelismo digital não deve ser feito apenas por aqueles que têm muitos seguidores ou uma “vida ativa” nas redes sociais.
3. Nem só de live vive o evangelismo digital. Isso precisa ficar claro para você. Por pensar o contrário, muitos consideram que não têm a capacidade de ser um “evangelista digital”. Aqueles que têm um alcance maior nas redes sociais e possuem oratória para tal, parabéns! Façam suas lives! Mas se você não faz parte desse grupo, não se preocupe, nesse barco tem lugar para todos. Atos 1:8 diz que, ao recebermos o poder do Espírito Santo, seremos testemunhas em Jerusalém, Judeia, Samaria e até aos confins da terra. Mas parece que muitos leem apenas a parte dos confins da terra. Se esquecem de que o texto também fala de Jerusalém, Judeia e Samaria, lugares mais próximos e menos abrangentes.
4. Para evangelizar no digital, siga as premissas do mundo real. Para exemplificar este segundo aspecto, podemos citar os crimes cometidos na internet. Em alguns casos em que crimes são cometidos no meio virtual e não há leis específicas para julgá-los, a justiça se vale das leis “normais”, uma vez que crime é crime, seja qual for o meio em que ele é cometido. Dessa forma, assim como o julgamento de crimes virtuais seguem as mesmas premissas dos crimes da vida real, para o evangelismo digital devemos nos valer das mesmas premissas do “evangelismo tradicional”.
5. Use o digital para conectar pessoas fisicamente. Afinal de contas, uma vida não é transformada digital, mas integralmente (2 Coríntios 5:17). O evangelho e a vida cristã vão muito além de um relacionamento digital. O físico jamais será substituído. Dessa forma, o relacionamento presencial e a necessidade de trazer as pessoas fisicamente aos pés da cruz e à comunidade dos salvos jamais mudará, e se isso é evangelismo, o digital deve servir a esse propósito, conectar fisicamente (Hebreus 10:25).
6. O digital é um meio, não um fim em si mesmo. Como um entusiasta do evangelismo digital, também preciso ser equilibrado e consciente. O evangelismo digital não é um fim em si mesmo. Ele é apenas uma ferramenta/meio para algo muito maior e mais importante. Isso também deve ficar claro para você.
7. Como qualquer ferramenta, o digital não é a melhor estratégia sempre. Pense no digital como um martelo. Para fixar um prego na madeira, uma das partes desta ferramenta acaba cumprindo com a função de forma ideal. Já para tirar o prego da madeira, existem as orelhas do utensílio que ajudam mais. Agora pense em utilizar o martelo para serrar uma madeira. Será que ele vai ser útil? Claro que não! Agora mudemos um pouco o exemplo. Para dar estudos bíblicos a amigos que moram longe, o digital é uma boa ferramenta? Sim! Por outro lado, para dar estudos bíblicos a um amigo de faculdade, fazê-lo digitalmente é a melhor opção? Bom, nesse caso precisa-se analisar todo o contexto, porém em um olhar menos clínico e mais pontual, a resposta é não. Se você tem uma proximidade física com a pessoa, o estudo presencial deve ser a sua primeira opção, afinal de contas, em linhas gerais, um estudo presencial é didático e uma reunião presencial pode ter um significado maior para quem participa. Lembre-se de que conhecer a Cristo é um equilíbrio entre a razão e a emoção.
8. Mesmo em estratégias físicas, conecte recursos digitais para o reforço. Se você faz estudos bíblicos de forma presencial com uma pessoa, utilize o WhatsApp para dizer que está orando por ela, envie uma música ou um vídeo e diga que se lembrou dela. Isso também é evangelismo digital!
9. Não condicione o evangelismo. Pretendo escrever algo específico sobre esse aspecto, mas por hora quero apenas que você reflita sobre isso. De alguma forma, os pontos anteriores já lhe ajudaram a fazer essa reflexão, porém acho importante pontuar de forma clara e direta. Como o digital não é um fim em si mesmo e sim uma ferramenta, ao fazer o planejamento de evangelização a principal pergunta não é “como posso usar o digital para evangelizar?”, mas sim “como posso evangelizar?”. Em segunda instância, pode entrar a pergunta: “ferramentas digitais se encaixam no cenário?”. Percebe a diferença? Em uma abordagem você condiciona o evangelismo ao meio digital, na outra você avalia se e como o digital pode ser empregado no evangelismo.
10. Coloque a missão em primeiro lugar. Meu convite final é para que você coloque em primeiro lugar a missão, peça a Deus que Ele lhe ajude a cumpri-la, sem se preocupar com tecnologia ou conhecimentos técnicos, quanto a essa segunda parte, tenha certeza de que Ele lhe mostrará o como!
Acredito que o entendimento desses pontos, por mais simples que possam parecer, será de grande valia para que você saiba como cumprir a missão usando os recursos tecnológicos.
Natanael Castro (via Missão Digital)
Referências:
[1] White, Ellen G. Manuscrito 42.
[2] Idem.
[3] White, Ellen G. Serviço Cristão, p. 9.
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