Em tempos de
polarização, aprender a dialogar sobre sua própria fé numa cultura
relativista e muitas vezes cética é um desafio para boa parte dos
cristãos. Como você lida, por exemplo, com perguntas sobre tópicos
delicados como descrença em Deus, a existência do mal, a criação em seis
dias literais ou a posição bíblica sobre homossexualidade? As dicas
abaixo podem ajudá-lo a evitar confrontos e a transformar essas
situações em oportunidades de testemunho e crescimento pessoal.
1. NÃO SE DEFENDA
Quando alguém discorda de você ou ridiculariza um ponto de sua fé, a
tentação inicial é responder defensivamente, valendo-se muitas vezes de
respostas prontas ou acusatórias. O problema é que essa atitude não
convence os céticos bem informados, além de estimular o sarcasmo e
dificultar o diálogo. Não defenda a si mesmo; existem vitórias mais
importantes para ganhar.
2. FAÇA PERGUNTAS
As pessoas estão mais interessadas em falar sobre o que acham do que em
ouvir o que os outros pensam. Perguntas educadas e sinceras podem ajudar
você a entender por que a outra pessoa crê daquela maneira. Questione
quais são os dados, especialistas ou experiências nos quais ela se
fundamenta. Dessa maneira, caberá a ela se defender e argumentar sobre o
próprio ponto de vista. Lembre-se de que a verdade é clara e simples,
enquanto o erro é sinuoso e demanda muitas explicações. Não se desespere
se for confrontado com informações que não domina. Reconheça suas
limitações e pesquise posteriormente sobre isso. Não tente “converter”
com uma conversa apenas. Sua função é colocar “pedras no sapato” do
interlocutor.
3. OUÇA
Preste atenção nas respostas dele, no dito e no não dito. Muitas pessoas
que parecem apresentar argumentos racionais para descrer, na verdade
estão sendo movidas por questões emocionais, como o trauma de uma perda,
ou pela decepção com a hipocrisia da igreja. Entender as entrelinhas
dessa descrença vai ajudá-lo no próximo passo.
4. COLOQUE UMA “PEDRA NO SAPATO”
Uma “pedra no sapato“ é uma informação ou pergunta que você levanta que
não pode ser ignorada por seu interlocutor, seja porque desafia a visão
de mundo dele ou porque ele ainda não tem uma resposta satisfatória para
a questão. Esse “desconforto” talvez o leve a refletir até a conversa
seguinte e a se abrir para ouvir seus argumentos.
5. DISCORDE SEM DESRESPEITAR
Como adventistas, cremos numa verdade objetiva e absoluta, conforme
revelada na Bíblia, mas acreditamos também que cada pessoa tem valor
incalculável para Deus; portanto, merece nosso respeito. Isso não
significa concordar com o erro. Contrariando a cultura atual, devemos
deixar claro que as pessoas são iguais em termos de valor, mas que
existem ideias melhores do que outras: algumas são verdadeiras, enquanto
outras são equivocadas e até destrutivas. Demonstre em sua linguagem
corporal e atitudes que valoriza o outro. Desse modo, ainda que continue
discordando, poderá estabelecer ou fortalecer uma amizade. Reflita
sobre o que pode aprender com essa pessoa e seu ponto de vista, e
continue orando para colaborar com a ação do Espírito Santo na vida
dela.
Nathan Tasker (via Revista Adventista)
Nota: Segue abaixo mais algumas dicas de Ellen G. White:
"A obra especial, enganosa de Satanás tem sido a provocação de debates,
para que haja contendas em torno de palavras, que nenhum proveito
trazem. Bem sabe ele que isto ocupará a mente e o tempo. Desperta a
combatividade e sufoca, na mente de muitas pessoas, o ardor da
convicção, levando-as à diversidade de opiniões, acusação e preconceito,
o que cerra a porta para a verdade" (Evangelismo, p. 155).
"Na Sua maneira de tratar com Tomé, Jesus deu uma lição para Seus
seguidores. Seu exemplo nos mostra como devemos tratar aqueles cuja fé é
fraca, e põem suas dúvidas em destaque. Jesus não esmagou a Tomé com
censuras, nem entrou com ele em discussão. Revelou-Se ao duvidoso. Tomé
fora muito irrazoável em ditar as condições de sua fé, mas Jesus, por
Seu generoso amor e consideração, venceu todas as barreiras. Raramente
se vence a incredulidade pela discussão. Antes, isso como que a põe em
guarda, encontrando novo apoio e desculpa. Mas revele-Se Jesus, em Seu
amor e misericórdia, como o Salvador crucificado e, de muitos lábios
antes contrários, ouvir-se-á a frase de reconhecimento, proferida por
Tomé: 'Senhor meu e Deus meu!' (João 20:28)" (O Desejado de Todas as Nações, p. 808).
"Não somos chamados a entrar em controvérsia com aqueles que mantêm
teorias falsas. A controvérsia é sem proveito. Cristo nunca participou
dela. 'Está escrito' é a arma que o Redentor do mundo usava.
Conservemo-nos bem achegados à Palavra. Deixemos que o Senhor Jesus e
Seus mensageiros testifiquem. Sabemos que seu testemunho é verdadeiro" (Life Sketches, p. 93).
"Não cultiveis um espírito de controvérsia ou polêmica. Pouco bem é
realizado pelos discursos acusatórios. O mais seguro meio de destruir
falsas doutrinas, é pregar a verdade. Apegai-vos à afirmativa. Fazei com
que as preciosas verdades do evangelho matem a força do mal. Manifestai
um espírito brando, compassivo para com os que erram. Ponde-vos em
contato com os corações" (Evangelismo, p. 304).
“Não devemos, ao entrar em um lugar, criar barreiras desnecessárias
entre nós e outras denominações, de maneira que eles pensem que somos
declarados inimigos seus. Não devemos suscitar preconceito
desnecessariamente em seu espírito, fazendo ataques contra eles” (Manuscrito 14, 1887).
“Esta mensagem tem de ser dada, mas conquanto tenha de ser dada, devemos
ter cuidado em não acusar, constranger e condenar os que não possuem a
luz que nós possuímos. Não devemos sair de nosso caminho a fazer duras
acusações aos católicos. Entre eles existem muitos que são cristãos
conscienciosos, que vivem segundo a luz que lhes é proporcionada, e Deus
operará em seu favor” (Obreiros Evangélicos, p. 329).
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