quarta-feira, 4 de novembro de 2020

JUSTIÇA DOS HOMENS X JUSTIÇA DE DEUS

Começo este artigo com o texto do poeta, cronista e jornalista Fabrício Carpinejar sobre o caso Mariana Ferrer:

"Mariana tem o mesmo nome e idade da minha filha. Não preciso de casualidades biográficas para entender a sua dor e impotência. 

De vítima de estupro, terminou convertida em oportunista. Em vez de ser defendida, resguardada e preservada por tudo o que já sofreu, parecia a única criminosa no tribunal virtual. Como se tivesse provocado aquela situação de abuso contra si. 

Com o veredito de absolvição do réu, a conclusão é que ela mereceu o que provocou. Ainda recebeu o corretivo da humilhação e constrangimento públicos.
 
Segundo a visão do Judiciário catarinense, ela não foi estuprada, oferecia-se tirando fotos seminuas ou em posições sensuais (“ginecológicas”?) nas redes sociais. Ou não foi estuprada, não poderia estar solteira durante uma festa, num clube de Santa Catarina. Ou não foi estuprada, não há como acreditar que era virgem. 

A tese de defesa é a mais indecente: ela estava desempregada, caçava um homem rico, quis aparecer às custas dele e se beneficiar com o crime. 

Primeiro, estupra-se o corpo. Depois, a alma e a reputação. Até não existir mais nada. É um modo de calar futuras denunciantes. 

Tamanha inversão, condenaram Mariana por ser mulher. Por ser livre. Por ser independente. Por denunciar a gravidade da ocorrência. Por procurar os seus direitos. Por não se omitir corajosamente diante de uma elite. 

Não bastaram o excesso de provas, as filmagens, o sêmen, a consumação do ato, as testemunhas, a confissão, o empresário teve a sua inocência confirmada para a violência sexual cometida em 2018. Ainda que a vulnerável estivesse drogada e sem condições de reagir. 

O juiz inventou um expediente - estupro culposo - para justificar o imponderável: não havia como o empresário saber, durante o ato sexual, que a jovem não estava em condições de consentir a relação, não existindo portanto vontade de estuprar. 

Ele estuprou sem intenção de estuprar. O Brasil sempre, criativamente, pioneiro na impunidade."
 
Como disse o pastor Odailson Fonseca, também sobre o caso, em sua página no facebook:
 
"'Nós temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo' (1Jo 2:1). Que a justiça divina seja feita, se possível, através dos homens. Que jamais nos nivelemos pelo abismo do inferno. Que a valorização do ser humano seja nossa lei pétrea. Que culpados sejam punidos. Que as vendas caiam de nossos olhos. E que todos depositemos nossa consciência na balança. Quem somos nesta triste história?⁣ Vítimas ou réus?⁣"

Mas nesta minha postagem hoje, quero apenas usar esse assombroso caso como pano de fundo para refletir sobre outra situação, também caótica, fazendo um paralelo entre a Justiça dos Homens e a Justiça de Deus.

Na Justiça dos Homens, todos são INOCENTES. Essa situação perdura até que haja provas em contrário. Que provas são essas que podem provar a CULPA do réu?

São resultantes de todo um processo investigatório, demorado, penoso, muitas vezes injusto e cheio de falhas. Seus agentes são juízes e jurados cheios de imperfeições.

Na Justiça de Deus, todos são CULPADOS. Essa situação perdura até que haja provas em contrário. Que provas são essas que podem provar a INOCÊNCIA do réu?

São resultantes de um processo já completado, onde um inocente, absolutamente justo e santo, foi considerado culpado, e transferiu seus méritos perfeitos para um culpado, absolutamente injusto e pecador. Desse modo, este pôde ser declarado e tratado como justo e inocente. O agente e promotor desse processo é um Juiz justo, santo, infalível.

Isso é GRAÇA! 

“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso [a salvação pela graça] não vem de vós; é dom de Deus” (Efésios 2:8). 

Termino com este pensamento de Ellen G. White:

"O Juiz de toda a Terra tomará decisão justa. Não poderá ser subornado; não Se pode enganar. Aquele que criou o homem, e a quem pertencem os mundos e todos os tesouros que contêm — Ele é que pesa o caráter nas balanças da justiça eterna" (The Review and Herald, 19 de Janeiro de 1886).

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