Quando a gente lê o
Velho Testamento, e percebe a infidelidade que marcou a história dos
reinos de Judá e Israel - começamos a nos perguntar como é que este povo
foi capaz de abandonar a lei, os sinais maravilhosos e os ensinos do
Senhor, e se prostituir alegremente atrás de outros deuses, período após
período, com raras exceções.
Os antigos livros históricos estão recheados de líderes (patriarcas,
juízes, reis e até alguns profetas) que permitiram que seu rebanho se
desviasse após divindades estrangeiras como Baal e Astarote.
Ellen G. White relata: "Sob a danosa influência do reinado de Acabe,
Israel afastou-se do Deus vivo, e corrompeu seus caminhos perante Ele.
Por muitos anos tinham estado a perder o senso de reverência e piedoso
temor; e agora parecia não haver ninguém que ousasse expor a vida
colocando-se abertamente em oposição à predominante blasfêmia. A escura
sombra da apostasia cobria toda a terra. Imagens de Baal e Astarote
estavam em todo lugar para serem vistas" (Profetas e Reis, p. 55).
Nós, cristãos do século XXI, sempre olhamos com um certo desdém para o
povo bíblico daquela era, nos considerando, por assim dizer, imunes ao
paganismo e à idolatria. Entretanto, a realidade da modernidade nos
pegou de calças curtas, e nos mostrou - na nossa meninice vaidosa - que a
antiguidade não tem nada de diferente dos tempos atuais.
Ellen G. White observa: "Há entre nós um afastamento de Deus, e ainda
não se fez a zelosa obra do arrependimento e volta ao primeiro amor
essencial à restituição a Deus e à regeneração do coração. A
infidelidade está fazendo suas incursões em nossas fileiras; pois é moda
apartar-se de Cristo e dar lugar ao ceticismo. Para muitos, o clamor do
coração tem sido: 'Não queremos que Este reine sobre nós.' Baal, Baal, é
a escolha. A religião de muitos dentre nós será a religião do Israel
apostatado, porque amam a seus próprios caminhos, e abandonam o caminho
do Senhor" (Testemunhos para Ministros e Obreiros Evangélicos, p. 467)
A pandemia, que hoje devasta a Terra, reforçou o comportamento de muitos
"evangélicos" que preferiram dobrar seus joelhos a um poste-ídolo em
nome de uma "ideolatria", uma adoração da ideologia que - felizes e
gozosos - abraçam e defendem com unhas e dentes.
Um fanatismo inaudito invadiu muitas denominações que se dizem
"cristãs", já que não se pode mais chamá-las de "igrejas" visto que
funcionam como comitês eleitorais e partidos políticos. Tudo isto aceito
com a mais absoluta normalidade.
Ellen G. White adverte: "O Senhor quer que Seu povo enterre as questões
políticas. Sobre esses assuntos, o silêncio é eloquência. Cristo convida
Seus seguidores a chegarem à unidade nos puros princípios evangélicos
que são positivamente revelados na Palavra de Deus. Não podemos, com
segurança, votar por partidos políticos; pois não sabemos em quem
votamos. Não podemos, com segurança, tomar parte em nenhum plano
político. Deus emprega as mais vigorosas imagens para mostrar que não
deve haver união entre partidos mundanos e aqueles que estão buscando a
justiça de Cristo" (Fundamentos da Educação Cristã, pp. 475-476).
A igreja, como instituição, não deve se envolver na política, quando o
faz, ela e os seus líderes se tornam vulneráveis a todas as
contingências do mundo político. Também serve de alerta os perigos de
dar corda aos políticos que se julgam salvadores da pátria. Há líderes e
membros de igrejas com uma expectativa ‘messiânica’ que um determinado
político canalize automaticamente as bênçãos de Deus sobre o Brasil,
resolvendo todos os problemas que nos afligem. Esse messianismo é muito
perigoso, para o país e para a igreja.
O resultado da idolatria política para a teologia cristã bíblica é
catastrófica. Não só Cristo é destituído de seu trono no coração do
crente, como a Bíblia e o cristianismo passam a ser usados como meros
objetos úteis para a luta política. Da mesma maneira, os políticos e
ideólogos alvos da idolatria de seus seguidores passam a usar a Bíblia e
o cristianismo como meros objetos úteis para se manterem na posição de
divinos profetas ou até Messias.
Não há mal em defender uma posição política e saber o que está
acontecendo no atual cenário. Mas o cristão deve zelar, acima de tudo,
por princípios bíblicos. Fazer de ideologias, movimentos, partidos,
políticos e ideólogos elementos de um evangelho terreno, não passa de
idolatria. E fazer uso da Bíblia para defender qualquer tipo de
messianismo político é uma clara afronta a Cristo.
Ellen G. White orienta: "O povo de Deus não deve ter ligação alguma com a
idolatria em qualquer de suas formas. Eles devem atingir uma norma mais
elevada. Por que se dá tanta atenção a instrumentos humanos, ao passo
que há tão pouco esforço mental em direção ao Deus eterno? Por que os
que pretendem ser filhos do Rei celestial se acham tão absorvidos nas
coisas deste mundo? Que o Senhor seja exaltado! Que a Palavra do Senhor
seja engrandecida! Sejam os seres humanos colocados em posição inferior,
e que o Senhor seja exaltado! Lembrai-vos de que reinos, nações, reis,
estadistas, conselheiros e grandes exércitos terrestres, e toda a
magnificência e glória mundanas, são como o pó da balança. Deus tem a
fazer um ajuste de contas com todas as nações. Todo reino tem que ser
abatido. A autoridade humana deve tornar-se como nada. Cristo é o Rei do
mundo, e Seu reino deve ser exaltado" (Fundamentos da Educação Cristã, pp. 481-482).
Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!
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