“As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as Suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade” (Lamentações 3:22, 23).
Quantas vezes erramos, ferimos alguém que amamos, não cumprimos um compromisso, traímos a confiança de alguém, mentimos, roubamos, cometemos graves crimes? Quantas vezes tentamos fazer alguma coisa em casa, no trabalho, na escola e fracassamos, e queremos ardentemente ter uma segunda chance? Muitas vezes lamentamos dizendo: “Ah! Se eu tivesse mais uma chance, faria tudo diferente”. Nesta vida, nós estamos sujeitos a cair. Mas às vezes ela não nos dá uma segunda chance.
Mas ao refletir na história de Adão, Abraão, Jacó, Moisés, Elias, Sansão, Jonas, Davi, Marcos, Pedro e um incontável número de outros fracassados, lembro-me dos braços divinos que os envolveram em suas crises e derrotas, animando-os e reabilitando-os. Por isso, há esperança para todos nós. Deus sempre nos dá uma nova oportunidade. “Porque sete vezes cairá o justo e se levantará” (Pv 24:16). O nosso Deus é especialista em dar segunda chance às pessoas! Ele é especialista em trabalhar com pessoas imperfeitas.
Segunda chance para Satanás?
Depois que Satanás foi expulso do céu (como lemos em Ap 12:7-9), ele já havia recebido todas as oportunidades possíveis. Por isso, quando foi jogado para a Terra (Ap 12:12; Lc 10:18), o destino dele já estava selado, pois ele escolheu assim. Oportunidades não faltaram a Lúcifer. Podemos ter certeza disso. Afinal, a Bíblia ensina que “Deus é amor” (1Jo 4:8, 16), que Ele tem “prazer na misericórdia” (Mq 7:19) e que o Criador é “[…] Deus compassivo e cheio de graça, paciente e grande em misericórdia e em verdade”. Além disso, Ele se alegra em ver que o indivíduo, por mais perverso que seja, se converta e viva (Ez 18:23, 32). Ellen G. White nos conta:
“Deus, em Sua grande misericórdia, suportou longamente a Satanás. Este não foi imediatamente degradado de sua posição elevada, quando a princípio condescendeu com o espírito de descontentamento, nem mesmo quando começou a apresentar suas falsas pretensões diante dos anjos fiéis. Muito tempo foi ele conservado no Céu. Reiteradas vezes lhe foi oferecido o perdão, sob a condição de que se arrependesse e submetesse” (O Grande Conflito, pp. 495-496).
Havendo perdido sua posição nas cortes celestiais, Satanás ainda solicitou para ser readmitido no Céu, mas Cristo lhe disse que isto seria impossível. Ellen White relata o que aconteceu:
"Satanás agora observava os terríveis resultados de sua rebelião. Satanás estava espantado ante sua nova condição. Sua felicidade acabara. Olhava para os anjos que, com ele, outrora foram tão felizes, mas que tinham sido expulsos do Céu em sua companhia. (...) Ele está sozinho, meditando sobre o passado, o presente e o futuro de seus planos. Sua poderosa estrutura vacila como numa tempestade. (...) Um anjo do Céu está passando. Ele o chama e suplica uma entrevista com Cristo. Isto lhe é concedido. Então, relata ao Filho de Deus que está arrependido de sua rebelião e deseja voltar ao favor divino. Está disposto a tomar o lugar que previamente Deus lhe designara e sujeitar-se a Seu sábio comando. Cristo chorou ante o infortúnio de Satanás, mas disse-lhe, como pensamento de Deus, que ele jamais poderia ser recebido no Céu. O Céu não devia ser colocado em perigo. Se fosse recebido de volta, todo o Céu seria manchado pelo pecado e rebelião originados com ele. As sementes da rebelião ainda estavam nele. Não tivera, em sua rebelião, nenhum motivo para seu procedimento, e arruinara irremediavelmente não só a si mesmo, mas a multidão de anjos, que teria sido feliz no Céu, tivesse ele permanecido firme. A lei de Deus podia condenar, mas não podia perdoar. Ele não se arrependeu de sua rebelião porque visse a bondade de Deus, da qual havia abusado.
Não era possível que seu amor por Deus tivesse aumentado tanto desde a queda, que o levasse a uma alegre submissão e feliz obediência à Sua lei, por ele desprezada. A desgraça que experimentara em perder a doce luz do Céu, o senso de culpa que o oprimia, o desapontamento que sentiu em não ver realizadas suas esperanças, foram a causa de sua dor. Ser comandante fora do Céu era vastamente diferente de ser assim honrado no Céu. A perda que sofreu de todos os privilégios celestiais parecia demais para suportar. Desejava recuperá-los. Esta grande mudança de posição não tinha aumentado seu amor por Deus, nem por Sua sábia e justa lei.
Quando Satanás se tornou plenamente convencido de que não havia possibilidade de ser reintegrado no favor de Deus, manifestou sua maldade com aumentado ódio e feroz veemência. Deus sabia que tão determinada rebelião não permaneceria inativa. Satanás inventaria meios para importunar os anjos celestiais e mostrar desdém por Sua autoridade. Como não podia ser admitido no interior dos portais celestes, aguardaria mesmo à entrada, para escarnecer dos anjos e procurar contender com eles ao passarem. Procuraria destruir a felicidade de Adão e Eva. Esforçar-se-ia por incitá-los à rebelião, sabendo que isto causaria tristeza no Céu” (História da Redenção, pp. 24-27).
Conclusão
Deus nos dá as mesmas oportunidades para arrependimento e mudança de nossos conceitos religiosos equivocados que podem nos levar à perdição eterna. Iremos aproveitar as oportunidades que o Espírito Santo nos oferece todos os dias? “Como diz o Espírito Santo: Se hoje vocês ouvirem a voz de Deus, não sejam teimosos...” (Hb 3:7, 8, NTLH).
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