terça-feira, 31 de agosto de 2021

DETECTOR DE FALÁCIAS

Nunca ideias e opiniões circularam tão ampla e intensamente como hoje. Porém, isso não significa necessariamente mais pluralidade, qualidade e utilidade. Para auxiliar você a navegar por esse mar de informação, vale aqui conhecer ou revisitar alguns princípios da lógica, campo da filosofia que estuda a validade das argumentações. Abaixo você confere algumas falácias: técnicas usadas por alguém que está errado, mas que vence uma discussão por parecer que está certo.

APELO À AUTORIDADE
“Você sabe com quem está falando?” Essa típica “carteirada” evoca uma suposta autoridade de si, que não permite questionamentos. No caso de um debate, é como se o interlocutor tivesse um conhecimento não acessível e superior ao do outro.

APELO À CONSEQUÊNCIA
Parecido com o tópico anterior, nessa situação, quem profere a falácia não advoga para si conhecimento superior, mas sim uma posição social ou poder mais elevados. A discussão é vencida no grito, na base da intimidação.

APELO AO RIDÍCULO
É quando o interlocutor exagera algum elemento da argumentação contrária, fazendo ela parecer fantasiosa ou irreal. A estratégia é levar o outro a duvidar e se calar pelo medo de parecer ridículo.

APELO À POPULARIDADE
O fato de muitas pessoas acreditarem em algo comprovaria o valor de certa ideia. É o que ocorre, por exemplo, com a visibilidade que teorias conspiratórias ganharam nas mídias sociais. Mas nem sempre a voz do povo é a de Deus.

APELO AO TEMPO
Nesse caso, a virtude da argumentação estaria em sua novidade ou antiguidade. Uma ideia seria válida pelo fato de ser tradicional (“no meu tempo era melhor”) ou de ser uma novidade (“isso é antiquado”).

EVIDÊNCIA ANEDÓTICA
É quando a experiência pessoal de alguém, seja positiva ou negativa, é colocada como suposta evidência de uma tese que não foi comprovada. Na pandemia, esse recurso foi muito usado, por exemplo, para se defender um tratamento precoce contra a Covid-19.

ATAQUE PESSOAL
Conhecido como argumento ad hominem (do latim, “ao homem”), é a tentativa de desqualificar o adversário, seja xingando ou desmoralizando aspectos relacionados à sua sexualidade, idade, classe social, gênero, religião ou ideologia política. Rotular ou “demonizar” o adversário também segue essa argumentação.

PROVA DO CONTRÁRIO
A inversão do ônus da prova (“prove que eu estou errado”) é quando um interlocutor, em vez de apresentar os argumentos para sustentar sua tese, joga para seu adversário a responsabilidade de refutar a ideia apresentada.

GENERALIZAÇÃO
Conhecido também como o argumento do falso escocês, é quando alguém faz uma afirmação generalista sem apresentar evidências específicas que a sustentem. Quando o adversário contesta com um contraexemplo, o interlocutor questiona a legitimidade do exemplo apresentado, mudando o objeto de discussão.

O QUE FAZER?
O ceticismo é uma ferramenta intelectual que serve de defesa aos argumentos falaciosos. Consiste na postura de duvidar de tudo, mas estar aberto às novas evidências, ainda que elas contrariem suas crenças.

Wendel Lima (via Revista Adventista)

Fontes: “O que é uma falácia. E quais são seus principais tipos”, artigo de Cesar Gaglioni no Nexo Jornal (nexojornal.com.br), 10 de fevereiro de 2021; “A falácia das redes”, programa Linhas Cruzadas da TV Cultura (youtube.com/jornalismotvcultura), em 11 de março de 2021.

Nenhum comentário:

Postar um comentário