Na tarde de 9 de outubro de 2012, uma adolescente de 15 anos entrou em uma van escolar, em uma província no nordeste do Paquistão. Um homem chamou-a pelo nome e apontou-lhe uma arma. Três tiros foram disparados. Uma das balas atingiu o lado esquerdo do rosto da estudante. Ela sobreviveu ao ataque e passou a ser conhecida no mundo inteiro. Seu nome é Malala Yousafzai. Desde cedo defensora dos direitos das mulheres e crianças ao acesso à educação em seu país natal, é a mais jovem laureada com o Prêmio Nobel da Paz.
O homem que executou o atentado contra sua vida era membro do Talibã, um movimento construído por forças que unem religião, política, nacionalismo e intolerância, demonstrando o quão aterrorizante esta mistura pode ser e por que a laicidade é importante. Agora, estas mesmas forças voltam a tomar o poder no Afeganistão depois de 20 anos, em um dos mais importantes acontecimentos da geopolítica global recente. Em artigo no jornal The New York Times, Malala expressa seu lamento: “Os países que usaram os afegãos como peões em suas guerras ideológicas e gananciosas os deixaram com o peso por conta própria”.
O peso da politização e da ideologia pode calejar a sensibilidade humana para algo horrível, que é a maneira como a história se repete como um looping de tragédias que parece infinito. E para os cristãos, o desafio é olhar para o sofrimento dessas pessoas de uma maneira que vá além da resignação, seguida por cabeças sendo balançadas enquanto escutam que “são sinais de que o mundo está perto do fim”. O momento exige um testemunho que também se manifeste em ações práticas de compaixão e cuidado com as pessoas que sofrem, ainda que à distância. E há maneiras de fazer isso, mesmo que remotamente.
Veja, por exemplo, o que acontece no Haiti. Em 2010, um terremoto atingiu este país, deixando cerca de 220 mil mortos. Agora, 11 anos depois, um terremoto ainda mais intenso sacudiu o país já tão empobrecido, sobrecarregando hospitais, destruindo prédios, prendendo pessoas sob escombros, deixando outra vez milhares de mortes.
Papel ativo
Por favor, ore pelo Haiti e apoie o trabalho de organizações humanitárias como a ADRA Internacional, uma das primeiras a chegar ao local. Os danos são terríveis e os agentes humanitários sofrem com bloqueios de gangues que dificultam acesso às áreas mais vulneráveis. Considere seguir as redes sociais da ADRA e fazer uma doação para apoiar este trabalho de socorro e emergência. O acompanhamento das ações e o apoio com recursos são, junto com as orações, formas de minimizar o sofrimento dos haitianos.
Em 1996, Cabul, no Afeganistão, foi tomada pelo movimento que agora volta a dominar o país. Naquela ocasião, mulheres foram proibidas de trabalhar, provocando o caos: à época, um quarto dos serviços civis de Cabul, todo o ensino e grande parte dos serviços de saúde dependiam das mulheres. As escolas femininas foram fechadas. Cerca de 2.750 obras de arte antigas no Museu Nacional da cidade foram destruídas a golpes de machado, mais de 55 mil livros de bibliotecas públicas do Afeganistão foram destruídos. O receio da comunidade internacional é que este estado de terror volte a ser uma realidade, sacrificando o futuro de mulheres e de crianças.
Ore pelo Afeganistão e apoie agências que continuam a trabalhar no país, como a Médicos Sem Fronteiras, que segue amenizando a dor das pessoas. “Continuamos a tratar pacientes em todos os nossos projetos, em circunstâncias terríveis”, diz trecho de post publicado no site internacional da agência, que continua: “Os sons da guerra tornam muito difícil dormir, mas a equipe mantém todos os departamentos do hospital abertos até hoje”. Suas orações e seu apoio, com atenção e recursos, serão uma dádiva para iniciativas tão essenciais como estas.
Sensibilidade necessária
Em momentos de tantos desafios, a Igreja pode se levantar e testemunhar de um Deus que sempre se preocupou com todas as pessoas. Em Deuteronômio 14:28-29, o Senhor aconselha os hebreus que desfrutavam de uma liberdade recém-conquistada, depois de séculos de escravidão no Egito, a destinar receitas da colheita armazenada do terceiro ano de cultivo para ajudar os estrangeiros, órfãos e viúvas, para que pudessem “se achegar, comer e saciar-se, e para que Yahweh, teu Deus, os abençoe em todo o trabalho de tuas mãos”.
É uma descrição que nos ajuda a pensar sobre a importância da liberalidade humanitária como testemunho do amor de Deus. “O que Deus nos dá é para ser repartido e multiplicado”, ensinou o pastor Diego Barreto. E concluiu: o mordomo fiel é o que reparte, cuidando do outro, e não de si mesmo apenas.
Que você ajude a inspirar a sua igreja a dedicar orações e liberalidade humanitária para abençoar os que sofrem neste momento. Esteja em Cabul. Esteja no Haiti.
Heron Santana (via Igreja Relevante)
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