terça-feira, 10 de agosto de 2021

SUPLEMENTOS

Uma das perguntas que mais frequentemente me fazem é se existe ou não benefício no uso de suplementos alimentares. Como a nutrição não é uma ciência exata (ainda que seja ensinada como se fosse), a resposta para essa pergunta não é simplesmente sim ou não. Para se tirar uma conclusão equilibrada, é necessário fazer uma análise dos fatos que envolvem a produção, a distribuição, a indicação, o consumo e os possíveis efeitos deles.

Os pontos principais que a indústria dos suplementos alega para justificar a necessidade de suplementação alimentar estão fundamentados em duas premissas:

1. Os alimentos no seu estado natural não possuem nutrientes em quantidade adequada devido ao cultivo excessivo que empobrece o solo, principalmente no caso dos minerais. É verdade que o cultivo excessivo da terra pode levar à diminuição de certos nutrientes do solo. Entretanto, a presença de nutrientes nos alimentos é redundante, ou seja, eles existem sempre em quantidades acima da capacidade do organismo de absorvê-los e assimilá-los. A absorção também depende da interação entre alguns nutrientes, situação em que a presença de alguns facilitam ou dificultam a absorção de outros. Muitos acham que precisamos de todos os nutrientes diariamente, mas essa crença é equivocada. Alguns nutrientes precisamos não somente diariamente, mas a cada minuto. Um bom exemplo é a ­glicose, cuja falta aguda pode levar o indivíduo ao estado de coma em minutos. Já a vitamina B12 pode ser “reservada” no corpo por até 3,5 anos.

2. A correria do dia a dia imposta pela vida moderna não permite uma alimentação saudável e, portanto, a suplementação é necessária. Apesar de parecer uma solução ideal e cômoda, essa decisão pode colocar a pessoa em uma posição de falsa segurança porque, pensando que está com o problema resolvido, ela acaba deixando de implementar as reformas necessárias à boa saúde. Outro problema sério é que alguns nutrientes, entre os quais as vitaminas A, D, E e K, são solúveis em gordura. Assim, o excesso pode levar à toxicidade e causar efeito contrário ao que se busca, como apontam algumas pesquisas.

Ao considerar a utilização de suplementos alimentares, pense nestes fatores:

- Suplementos alimentares não são para todas as pessoas. Deve haver indicação médica correta, na dosagem certa. Por exemplo, vitamina A em excesso pode aumentar os riscos de defeitos de nascimento, e o de vitamina E pode favorecer hemorragias.

- Nutrientes isolados não têm a mesma biodisponibilidade dos que estão presentes nos alimentos naturalmente. Isso porque, isolados, carecem de elementos que ajudam na digestão, absorção e assimilação.

- Não há controle de qualidade nem fiscalização adequada para saber se o produto pelo qual você está pagando tem realmente a quantidade de nutrientes informada no rótulo.

- É necessário muito cuidado com os suplementos que alegam curar determinadas enfermidades. A não ser no caso das enfermidades relacionadas com sua carência, os efeitos dos suplementos para problemas de saúde são limitados e muitas vezes inócuos.

- Se o organismo tem carência de algum nutriente, é necessário também verificar se não existe alguma enfermidade que está causando a deficiência, a fim de lidar com a causa, e não somente com os sintomas. Por exemplo, a deficiência de ferro pode ser o resultado de uma úlcera que está sangrando ou de carência de vitamina C, que auxilia na absorção dele.

Não existe suplemento superior aos nutrientes que se encontram nos alimentos saudáveis em seu estado natural, como frutas, verduras, nozes e cereais. O segredo está na variedade. Tendo uma alimentação variada, pode-se ter uma dieta que fornece ao organismo todos os elementos necessários. Por isso, antes de utilizar algum suplemento, considere os fatores mencionados.

Silmar Cristo (via Revista Adventista)

Nota do blog: Segue alguns sábios conselhos de Ellen G. White:

"Cozinhar não é ciência desprezível, porém uma das mais essenciais na vida prática. Fazer comida apetecível e ao mesmo tempo simples e nutritiva requer habilidade; pode no entanto ser feito. As cozinheiras devem saber preparar alimento de maneira simples e saudável, e de modo que seja mais apetecível e mais são, justo por causa de sua simplicidade" (A Ciência do Bom Viver, pp. 302, 303).

"O Senhor ensinará a muitos, em toda parte do mundo, a combinar frutas, cereais e verduras numa alimentação que sustenha a vida e não produza doença. Os que nunca viram as receitas dos alimentos saudáveis que agora há a venda, procederão inteligentemente com experimentar os alimentos que a terra produz, e ser-lhes-á concedido entendimento no tocante a esses produtos. O Senhor lhes mostrará o que fazerem" (Conselhos sobre Regime Alimentar, p. 96).

"A fim de saber quais são os melhores alimentos, cumpre-nos estudar o plano original de Deus para o regime do homem. Aquele que criou o homem e lhe compreende as necessidades designou a Adão o que devia comer: 'Eis que vos tenho dado toda erva que dá semente […] e toda árvore em que há fruto de árvore que dá semente; ser-vos-ão para mantimento' (Gênesis 1:29). Ao deixar o Éden para ganhar a subsistência lavrando a terra sob a maldição do pecado, o homem recebeu também permissão para comer a 'erva do campo' (Gênesis 3:18). Se planejarmos sabiamente, os artigos que promovem a boa saúde podem ser obtidos em quase todas as terras. Os vários artigos preparados de arroz, trigo, milho e aveia são enviados para toda parte, bem como feijões, ervilhas e lentilhas. Estes, juntamente com as frutas nacionais ou importadas, e a quantidade de verduras que dão em todas as localidades, oferecem oportunidade de escolher um regime dietético completo, sem o uso de alimentos cárneos" (A Ciência do Bom Viver, pp. 295, 296, 299).

"Quando o abuso da saúde é levado tão longe que traz em resultado a enfermidade, o doente pode muitas vezes fazer por si mesmo o que ninguém mais pode fazer. A primeira coisa é verificar o verdadeiro caráter do mal, e então operar inteligentemente para remover a causa. Se a harmoniosa operação do organismo se desequilibrou por excesso de trabalho, de comida ou de outras irregularidades, não tenteis ajustar a desordem ajuntando uma carga de venenosos medicamentos" (A Ciência do Bom Viver, p. 235).

Nenhum comentário:

Postar um comentário