"Declarou-lhes Jesus: Em verdade vos digo que publicanos e meretrizes vos precedem no reino de Deus" (Mateus 21:31).
No tempo de Cristo publicanos e meretrizes eram desprezados pela sociedade, especialmente pelos fariseus. Os publicanos, ou cobradores de impostos, eram considerados como estando além da possibilidade de arrependimento, o que os excluía totalmente da salvação.
As meretrizes estavam mais ou menos no mesmo nível, pois a lei de Moisés estabelecia penas severas para as praticantes (Lv 21:9, Dt 22:21).
Agora imagine o espanto e a ira dos fariseus – tidos como exemplos de moralidade – ao ouvirem Jesus dizer que essas duas classes abominadas entrariam no Céu antes deles! Estaria Cristo elogiando os pecadores e condenando os observadores e intérpretes da Lei?
"Os fariseus eram favorecidos com todos os privilégios temporais e espirituais, e diziam com arrogância e orgulho: 'Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; contudo eram desgraçados, e miseráveis, e pobres, e cegos, e nus' (Ap 3:17). Cristo lhes ofereceu a pérola de grande preço; mas desdenharam aceitá-la, e Ele lhes disse: “Os publicanos e as meretrizes entram adiante de vós no reino de Deus” (Parábolas de Jesus, p. 56).
O significado desta parábola é claro: Jesus não está prometendo a salvação nem aos fariseus cheios de justiça própria, nem aos pecadores impenitentes. Ele não está elogiando ninguém aqui; está apenas dizendo que um grupo é menos pior do que o outro. Vejam: os versos precedentes falam de dois filhos: um prometeu ao pai que iria trabalhar na sua vinha, mas não foi. O outro disse que não iria, mas foi.
O primeiro representa os líderes judaicos, que não creram na pregação de João Batista nem aceitaram a mensagem de Jesus. Cumpriam com exatidão e zelo os ritos e cerimônias, mas rejeitavam a verdade, deixando assim de fazer a vontade de Deus. E Jesus deixou claro que sua desobediência lhes impediria a entrada no reino de Deus.
"Na multidão que estava perante Jesus, havia escribas e fariseus, sacerdotes e maiorais, e depois de ter apresentado a parábola dos dois filhos, Jesus perguntou: 'Qual dos dois fez a vontade do pai?' Esquecendo-se de si mesmos os fariseus responderam: 'O primeiro.' Isto disseram sem perceber que pronunciavam sentença contra si mesmos. Os publicanos e meretrizes eram ignorantes, porém estes homens cultos conheciam o caminho da verdade. Contudo recusavam andar no caminho que conduz ao Paraíso de Deus" (Parábolas de Jesus, p. 144).
Assim como na parábola nenhum dos dois filhos trouxe satisfação completa ao seu pai, Jesus quis ensinar também que nem os fariseus nem os publicanos e meretrizes representavam o grupo ideal. Os fariseus, porque diziam e não faziam (Mt 23:3). E palavras belas e piedosas não são substituto para boas ações. Os publicanos e meretrizes também não representavam o filho ideal, pois eram materialistas e mundanos, embora suas ações fossem, às vezes, mais piedosas do que as de muitos seguidores de Jesus. O filho ideal é aquele cuja profissão de fé é coerente com a prática. É o que diz e faz. É esse que traz alegria completa ao Pai.
Mas, é importante frisar que no reino de Deus encontraremos fariseus como Nicodemos, prostitutas como Raabe, e publicanos como Zaqueu. Todos convertidos e salvos pela fé em Jesus.
"Por mais miseráveis que sejam os espécimes da humanidade, de quem outros zombam e se retraem, não são baixos, nem miseráveis demais para a atenção e amor de Deus. Cristo anseia que homens aflitos, cansados e opressos, a Ele vão. Anseia dar-lhes luz, alegria e paz não encontradas em qualquer outra parte. Os piores pecadores são objeto da Sua profunda, ardente misericórdia e amor. Envia o Espírito Santo para sobre eles vigiar com ternura, procurando atraí-los a Si" (Parábolas de Jesus, p. 117).
Rubem M. Scheffel (via Com a Eternidade no Coração)
Inserção de textos de Ellen G. White foram feitas pelo blog.
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