terça-feira, 1 de março de 2022

ARMAGEDOM

Embora a maioria das pessoas, inclusive muitos cristãos, não tenha muito conhecimento sobre o livro do Apocalipse, uma imagem ou palavra desse livro alcançou a cultura popular: Armagedom. Mesmo na cultura secular, a palavra passou a representar uma luta final em que o destino da Terra está em jogo. Hollywood produziu um filme chamado Armagedom, a respeito de um asteroide gigante pronto para destruir o planeta. Até certo ponto, a ideia do fim do mundo também está na mente das pessoas seculares.

Muitas teorias especulativas têm sido propostas na tentativa de interpretar o Armagedom mencionado em Apocalipse 16:12-16. Hoje, uma das mais populares é a de que ele será uma guerra nuclear de grandes proporções. Como já ocorreram duas guerras mundiais, e o texto bíblico fala que nesse confronto estarão envolvidos os “reis do mundo inteiro” (verso 14), muitos imaginam que o Armagedom só poderá ser uma terceira guerra mundial.  Ainda mais agora que o fantasma da terceira guerra mundial volta a assombrar o Ocidente. Tudo cortesia do embate subjacente à guerra que se desenrola na Ucrânia: a disputa entre Moscou e o conglomerado Estados Unidos/Otan, centrada no desenho das fronteiras de segurança do Leste Europeu. Por mais fascinante e lógica que essa ideia possa parecer, ela não passa de uma teoria especulativa, sem base bíblica.

Conflitos bélicos certamente continuarão existindo, e mesmo se intensificando, até o fim dos tempos (ver Mt 24:6-8). Mas o Armagedom é descrito no livro do Apocalipse como “a peleja do grande Dia do Deus todo-poderoso” (16:14), travada entre os poderes demoníacos da “besta” e dos “reis da terra, com os seus exércitos”, de um lado, e o “Rei dos reis e Senhor dos senhores” e “o seu exército”, do outro (19:16 e 19).

A natureza essencialmente espiritual desse conflito é confirmada pela participação nele tanto de Cristo, o “Rei dos reis e Senhor dos senhores” que monta o “cavalo branco” (Ap 19:11, 16, 20), quanto do “dragão”, que é Satanás, e de outros “espíritos de demônios” (Ap 16:13 e 14 e 12:9). Os dois grupos conflitantes serão definidos pelo seu relacionamento com os “mandamentos de Deus” e o “testemunho de Jesus” (Ap 12:17). De um lado, estarão “os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus”, e que, consequentemente, não adoram “a besta e a sua imagem”; e, do outro, estarão os que adoram “a besta e a sua imagem”, e que, por conseguinte, não “guardam os mandamentos de Deus” e que não “têm o testemunho de Jesus” (Ap 12:17, 14:12).

A palavra “Armagedom” é a junção de duas palavras: (1) o termo hebraico har, que é “monte”; e (2) o nome Magedon, que é a transliteração do hebraico Megiddo para o grego. Assim, Armagedom, literalmente, quer dizer “Monte de Megido”. No Apocalipse, portanto, o Armagedom não deve ser exatamente um “monte geográfico”, mas um “evento escatológico” que se estenderá por toda a superfície da Terra. Longe de ser um mero conflito bélico-nuclear, o Armagedom será o confronto cósmico final entre as forças do bem e os poderes do mal, no qual será decidido, para sempre, quem é digno de adoração (comparar com 1Rs 18). 

Embora os ímpios se prepararão belicamente para a batalha (Ap 16:14; ver também 20:7-9), cremos que os justos jamais assumirão uma postura de combatência militar (ver Mt 5:38-48, Rm 12:17-21). Nesse conflito espiritual (ver Ef 6:10-18), Cristo e os Seus anjos pelejarão em favor dos justos, triunfando definitivamente sobre Satanás e suas hostes (Ap 20:1-21:8).

"Pelejarão eles contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, pois é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão também os chamados, eleitos e fiéis que se acham com Ele" (Apocalipse 17:14).

Ellen G. White assim descreve este evento:

"Precisamos estudar o derramamento da sétima taça. Os poderes do mal não darão por encerrado o conflito sem uma peleja. Mas a Providência divina tem uma parte a desempenhar na batalha do Armagedom. Quando a Terra for iluminada com a glória do anjo de Apocalipse 18, os elementos religiosos, bons e maus, despertarão do sono, e os exércitos do Deus vivo tomarão o campo.

Toda forma de mal há de lançar-se em intensa atividade. Anjos maus unem seus poderes com homens maus, e, como têm estado em constante conflito e obtido uma experiência nos melhores métodos de engano e combate, tendo-se fortalecido durante séculos, eles não capitularão na última grande contenda sem uma furiosa luta. O mundo inteiro estará de um lado ou do outro da questão. Será travada a batalha do Armagedom, e esse dia não deverá encontrar nenhum de nós adormecido. Devemos estar bem despertos, como as virgens prudentes, tendo azeite em nossas vasilhas e em nossas lâmpadas.

O poder do Espírito Santo deve estar sobre nós, e o Capitão do exército do Senhor estará à frente dos anjos do Céu para dirigir a batalha. Ainda ocorrerão diante de nós solenes acontecimentos. Soará uma trombeta após a outra, será derramada uma taça após a outra sobre os habitantes da Terra. Cenas de estupendo interesse estão precisamente diante de nós.

Quatro poderosos anjos seguram os poderes da Terra até que os servos de Deus sejam assinalados na fronte. As nações do mundo são ávidas de conflito; mas elas são detidas pelos anjos. Quando for removido esse poder repressor, haverá um tempo de aflição e angústia. Serão inventados mortíferos instrumentos de guerra. Navios, com sua carga viva, serão sepultados nas profundezas do mar. Todos os que não possuem o espírito da verdade unir-se-ão sob a liderança de agentes satânicos. Mas devem ser mantidos sob controle até chegar o tempo para a grande batalha do Armagedom" (Meditação Matinal – Maranata, O Senhor Vem!, 1977, p. 255).

[Com informações do Centro White]

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