Começo com esta mensagem de Ellen G. White para os soldados de Cristo: "A igreja de Cristo pode ser comparada apropriadamente a um exército. A vida de todo soldado é de labuta, privações e perigos. Acham-se por todo lado inimigos alerta, dirigidos pelo príncipe das potestades das trevas, que nunca dorme nem jamais deserta de seu posto. Sempre que um cristão não se acha em guarda, esse poderoso adversário faz súbito e violento ataque. A menos que os membros da igreja sejam ativos e vigilantes, serão vencidos por seus ardis" (Testemunhos para a Igreja 5, p. 394).
Escrevendo aos Efésios, Paulo coloca o conflito cristão dentro dos limites do sobrenatural. "Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo; porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne”, diz ele (Ef 6:11, 12). O inimigo é entendido como acima do plano humano. De fato, as Escrituras ensinam que Satanás e as forças do mal são uma realidade. Elas são muitas e são poderosas, organizadas, excessivamente astutas, possuindo mil disfarces e estratégias. São especialistas na psicologia humana, hábeis no uso do engano e invisíveis. O inimigo que não vemos ou do qual não temos consciência é provavelmente o pior de todos. Em condições normais, não teríamos nenhuma chance.
Contudo, a maior característica do inimigo não foi incluída acima. O que a Bíblia ensina de mais importante sobre Satanás e seus aliados é que eles são inimigos vencidos. Foram derrotados de modo completo por Cristo em Sua vida, ministério e ressurreição. Todos aqueles que genuinamente se submetem a Jesus partilham dessa vitória. Às vezes, tornamo-nos tão presos às circunstâncias, tão obcecados pelos problemas da vida, que nos esquecemos de que a vitória já está assegurada e das medidas tomadas por Deus para garantir nossa proteção no combate. Se nossa luta não é contra o sangue e a carne, o Senhor cria o equilíbrio, lembrando-nos de que “as armas da nossa milícia [também] não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas” (2Co 10:4).
Paulo descreve o teor das armas disponíveis, utilizando símbolos e metáforas tiradas do mundo militar antigo. Todas essas são armas defensivas. Ellen G. White assim as descreve: "Deus proveu meios abundantes para o êxito na luta contra o mal que há no mundo. A Bíblia é a armadura com que nos podemos equipar para a luta. Nossos lombos devem estar cingidos com a verdade. Nossa couraça deve ser de justiça. Na mão devemos ter o escudo da fé, e na cabeça o capacete da salvação; e com a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus, devemos abrir caminho por entre as obstruções e embaraços do pecado" (Atos dos Apóstolos, p. 502).
“Cingindo os vossos lombos com a verdade” (Ef 6:14). A verdade é vista como um cinturão de couro semelhante ao que era utilizado pelos soldados romanos para cobrir os órgãos nobres e vitais. Por que iniciar com a verdade? Porque a mentira é a mais poderosa arma do inimigo. Com ela, o diabo introduziu a rebelião no Céu. Também estabeleceu na Terra um reino nela baseado: mentira a respeito de Deus, do significado da vida, de nós próprios, da família, do sucesso, do dinheiro, do sexo. Respiramos mentiras por todas as partes. Apenas a verdade tem o poder de nos proteger contra a mentira. Apenas a verdade pode libertar nossa visão e coração. Para Jesus, a verdade é uma força protetora (Jo 8:32). Apenas a verdade pode desmascarar as mentiras do diabo.
"Couraça da justiça" (Ef 6:14). Pela fé, a justiça de Cristo se torna nossa justiça. Lutero inicialmente entendeu a justiça de Deus como sendo justiça condenatória. Mas compreendeu afinal que justiça é o que Deus oferece, não o que Ele exige. Isso o transformou para sempre.
“Calçados os pés na preparação do evangelho da paz” (v. 15, ARC). As sandálias eram características das pessoas livres. Em termos militares, elas representavam prontidão para avançar. O evangelho da paz também nos torna embaixadores da paz entre famílias em guerra, em conflitos na fábrica, no escritório, na escola e na própria igreja. Os filhos do reino agem como agentes de reconciliação.
“O escudo da fé” (Ef 6:16). A referência era um grande escudo oval usado pelos soldados em batalhas. Os dardos inflamados eram uma perigosa arma do inimigo. Setas com pontas em fogo eram disparadas de direções desconhecidas. O escudo, por sua mobilidade, representava uma extraordinária proteção. A fé é tal escudo. Hebreus 11 ilustra o enorme poder da fé atuando na vida dos filhos de Deus: pela fé venceram reinos, praticaram a justiça, alcançaram promessas, fecharam a boca dos leões, apagaram a força do fogo, escaparam do fio da espada e da fraqueza tiraram força; na batalha se esforçaram e puseram em fuga os exércitos inimigos (v. 33, 34). Que descrição impressionante daquilo que a fé em Deus é capaz!
“O capacete da salvação” (Ef 6:17). O capacete é a proteção da cabeça, parte vulnerável do corpo. Ele significa proteção contra a dúvida. Frequentemente recebemos mensagens negativas vindas de familiares, de um chefe, do professor, de amigos, de inimigos e do diabo. A salvação é a permanente afirmação de nosso valor. No mundo, se você não possui dinheiro, inteligência ou aparência física segundo os padrões da sociedade, as circunstâncias podem estar lhe dizendo que você não vale muito. Lembre-se: o Rei do Universo entregou-Se por você para que você nunca mais se veja em termos negativos. A salvação assegura o perdão do passado, poder para as vitórias no presente e a promessa da redenção final.
"A espada do Espírito" (Ef 6:17). Em todas as batalhas da vida, armas são usadas. Seu manejo é aprendido para afastar ou dominar o inimigo. O mesmo sucede em nossa guerra contra Satanás. Devemos usar algumas armas. Entre essas, figura a espada do Espírito. Ela é "viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes e penetra até a divisão da alma e do espírito e das juntas e medulas e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração" (Hebreus 4:12). Esta espada é a Palavra de Deus.
Ellen G. White adverte: "Estamos agora no campo de batalha. Não há tempo para inatividade, tempo para ócio, tempo para condescendência egoísta. Depois de obter uma vantagem, deveis batalhar de novo; deveis sair vencendo e para vencer, reunindo novas forças para outras lutas. Toda vitória ganha produz um aumento de coragem, fé e determinação. Pela força divina, demonstrareis estar à altura de enfrentar vossos adversários" (The Signs of the Times, 7 de Setembro de 1891).
E conclui: "Há diligente trabalho que precisamos fazer individualmente, se quisermos combater o bom combate da fé. Acham-se em jogo interesses eternos. Cumpre-nos revestir-nos de toda a armadura da justiça, resistir ao diabo, e temos a firme promessa de que ele será posto em fuga. A igreja deve manter uma luta agressiva, fazer conquistas para Cristo e libertar pessoas do poder do inimigo. Deus e os santos anjos estão empenhados nesse conflito. Agrademos Àquele que nos chamou para sermos soldados" (Review and Herald, 17 de julho de 1883).
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