O maior problema dos cristãos na atualidade não é a superficialidade, como muitos apregoam, é, isto sim, viver de modo extremamente diferente do que a Bíblia diz. Funciona mais ou menos assim: Deus nos converte, lemos a Bíblia, aprendemos a ser crentes e, a partir daí, formamos uma ideia mental do que é ser cristão. O problema é que passamos a pôr o foco em uma dúzia de temas da Escritura e nos esquecemos de todo o restante.
Em dias de polarização ideológica e teológica, isso está mais claro do que nunca. Conservadores passam a agir como se a Bíblia só falasse de aborto, homoafetividade e liberalismo econômico. Progressistas passam a agir como se a Bíblia só falasse dos pobres e do racismo. Pentecostais passam a agir como se a Bíblia só falasse de poder e vitória. Calvinistas passam a agir como se a Bíblia só falasse dos cinco pontos. Neopentecostais passam a agir como se a Bíblia só falasse de prosperidade e cura. E assim por diante.
(Se você ficou incomodado com o que falei no parágrafo anterior, possivelmente, este texto é para você).
O evangelho jamais pode ser vivido de forma fracionada. Ele não menospreza nem inferioriza nenhum tema que é importante para Deus. O coração de Deus se preocupa com os pobres, pretos e favelados tanto quanto com as crianças assassinadas no ventre e os que pecam em sua sexualidade. O olhar de Deus é amplo, geral e irrestrito.
O Criador fala na Palavra sobre justiça social e fala sobre moralidade. Ele põe o adultério e o assassinato no mesmo decálogo que a desonra a pai e mãe e a cobiça ao que é do outro. Deus valoriza os cinco pontos, mas também valoriza outros 600. Nós é que complicamos, parcelando e fragmentando a boa nova de Cristo.
Não é pecado você dar mais atenção a certas temáticas bíblicas que a outras. O pecado está em menosprezar as demais e, pior, desqualificar os irmãos que atentam para as demais, como se evangelho fosse só o que te interessa.
Que vivamos o evangelho pleno, amando-o e valorizando-o em sua integralidade. Fora disso, só resta um outro evangelho, feito à imagem e semelhança de si próprio e não do Salvador, Jesus.
Maurício Zágari (via facebook)
"Devemos procurar viver o evangelho em todos os seus ângulos, a fim de que suas bênçãos temporais e espirituais sejam sentidas ao redor de nós" (Beneficência Social, p. 199).
"O Evangelho que apresentamos para a salvação das almas deve ser o Evangelho pelo qual nós mesmos sejamos salvos. Só por uma fé viva em Cristo como Salvador pessoal é que se torna possível fazer sentir nossa influência num mundo incrédulo. Se queremos retirar os pecadores da impetuosa corrente, devemos firmar os pés sobre a Rocha, Jesus Cristo" (A Ciência do Bom Viver, p. 208).
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