quarta-feira, 25 de maio de 2022

A BANALIZAÇÃO DA VIOLÊNCIA ARMADA

Massacre nos EUA e chacina no Rio são reflexos de política armamentista

Crimes de ódio e operações policiais que deixam um grande número de mortos são atualmente uma violenta rotina tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil, e têm em comum o uso indiscriminado de armas de fogo.

A terça-feira (24/5) foi mais um dia de contagem de baleados nos dois países – por aqui, o Ministério Público Federal (MPF) abriu investigação criminal para apurar a legalidade de uma operação realizada na Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro, que deixou ao menos 24 pessoas mortas. Nos EUA, mais um ataque a tiros a uma escola deixou ao menos 21 mortos, sendo 19 crianças e uma professora, incluindo o atirador.

Ataques armados são hoje um evento comum e naturalizado pelas sociedades dos dois países. Nos Estados Unidos, ataques a tiros como o ocorrido na escola primária Robb Elementary, no Texas, e violência policial, sobretudo contra negros e outras minorias, se tornaram rotineiras.

No Brasil, o primeiro modelo de atentado não é comum, mas o uso da força descomunal da polícia, principalmente contra negros, é quase cotidiana, assim como a justificativa de que os alvejados seriam todos criminosos. Os exemplos são numerosos, em especial nas grandes cidades.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse em um pronunciamento nesta terça-feira que "é hora de agir" contra o lobby de empresas de armas no país. O democrata pediu ainda que os americanos pressionem seus representantes no Congresso para que deixem de barrar as votações de propostas que podem limitar o acesso às armas. Já o presidente Jair Bolsonaro (PL) elogiou o Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) e a Polícia Militar pela operação na madrugada desta terça-feira. O presidente disse que os mortos no conflito foram responsáveis pelo assassinato de 13 agentes de segurança pública em 2022, mas que especialistas “omitem essas informações com o intuito de demonizar aqueles que arriscam suas vidas”.

Alguns dados também são muito preocupantes no Brasil com relação ao porte de armas. A indústria armamentista continuou a crescer no 3º ano do governo Jair Bolsonaro. Desde 2018, com a eleição do presidente, os números de registros, importação e porte de armas de fogo quebram recorde sucessivamente. O presidente é a favor de munições. Defende armar a população. “Todo mundo tem que comprar fuzil, pô. Povo armado jamais será escravizado”, disse em agosto de 2021. Essa era uma das suas bandeiras desde a campanha eleitoral. O setor encontrou um cenário mais favorável sob Bolsonaro. Novos registros de armas feitos à Polícia Federal quadruplicaram em 4 anos. Passaram de 51.027 em 2018 para 204.314 no ano passado.

Posição da Igreja Adventista
E qual seria o posicionamento da Igreja Adventista do Sétimo Dia sobre a questão do porte de armas? A declaração abaixo foi liberada peio então presidente da Associação Geral, Neal C. Wilson, após consulta com os 16 vice-presidentes da Igreja Adventista, em 5 de julho de 1990, durante a Assembleia da Associação Geral realizada em Indianápolis, Indiana.

As armas automáticas ou semi-automáticas de estilo militar estão se tornando cada vez mais disponíveis aos civis. Em algumas regiões do mundo é relativamente fácil a aquisição de tais armas. Elas aparecem não apenas nas ruas, mas também nas mãos de jovens nas escolas. Muitos crimes são cometidos por meio do uso dessas armas. São feitas para matar e não têm nenhuma utilidade recreativa legítima. Os ensinos e o exemplo de Cristo constituem a norma e o guia para o cristão de hoje. Cristo veio ao mundo para salvar vidas, não para destruí-las (Lucas 9:56). Quando Pedro sacou de sua arma, Jesus lhe disse: “Embainha a tua espada; pois todos os que lançam mão da espada, à espada perecerão” (Mateus 26:52). Jesus não Se envolvia em violência.

Alguns argumentam que a interdição das armas de fogo limita os direitos das pessoas e que as armas não cometem crimes, mas sim as pessoas. Embora seja verdade que a violência e as inclinações criminosas conduzem às armas, também é verdade que a disponibilidade das armas leva à violência. A oportunidade de civis comprarem ou adquirirem de outro modo as armas automáticas ou semi-automáticas apenas aumenta o número de mortes resultantes dos crimes humanos. [...] Na maior parte do mundo, as armas não podem ser adquiridas por nenhum meio legal. A igreja vê com alarme a relativa facilidade com que elas podem ser adquiridas em algumas regiões. Sua acessibilidade só pode abrir a possibilidade de mais tragédias.

A busca da paz e a preservação da vida devem ser os objetivos do cristão. O mal não pode ser combatido eficazmente com o mal, mas deve ser vencido com o bem. Os adventistas, como outras pessoas de boa vontade, desejam cooperar na utilização de todos os meios legítimos para reduzir e eliminar, onde possível, as causas fundamentais do crime. Além disso, tendo-se em mente a segurança pública e o valor da vida humana, a venda de armas de fogo automáticas ou semi-automáticas deveria ser estritamente controlada. Isso reduziria o uso de armas por pessoas mentalmente perturbadas e por criminosos, principalmente aqueles envolvidos com drogas e atividades de quadrilhas.

"Os terríveis relatos que ouvimos de homicídios e atos de violência declaram que o fim de todas as coisas está próximo. Agora, agora mesmo, precisamos estar nos preparando para a segunda vinda do Senhor" (Ellen G. White - Carta 308, 1907).

A série Falando de Esperança, com posicionamento da Igreja Adventista do Sétimo Dia sobre vários temas de interesse da sociedade, também abordou a questão do porte de armas:

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