Isaías foi um dos grandes profetas no reino do Sul (Judá). Por aproximadamente 60 anos ele exerceu seu ministério profético em Jerusalém. Isaías foi contemporâneo de quatro reis: Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias (Is 1:1). Seu tempo foi marcado pelo terrível domínio da Assíria, um dos impérios mais sanguinários da História. Além disso, a crise espiritual assolou o povo de Deus.
A religião se tornou extremamente ritualista. Embora o povo fizesse profissão de sua fé em Deus, a vida espiritual estava distante da Fonte da vida. Como igreja, não podemos nos enveredar por esse mesmo caminho hoje? Ou seja, tornando a religião um verdadeiro sistema de meros rituais?
Ellen White nos alerta: "Nossas reuniões devem oferecer o maior interesse possível. Deve imperar ali a própria atmosfera do Céu. As orações e discursos não devem ser prolixos e enfadonhos, apenas para encher o tempo. Todos devem espontaneamente e com pontualidade contribuir com sua parte e, esgotada a hora, a reunião deve ser pontualmente encerrada. Desse modo será conservado vivo o interesse. Nisso está o culto agradável a Deus. Seu culto deve ser interessante e atraente, não se permitindo que degenere em formalidade insípida. Devemos dia a dia, hora a hora, minuto a minuto viver para Cristo; então Ele habitará em nosso coração e, ao nos reunirmos, Seu amor em nós será como uma fonte no deserto, que a todos refrigera, incutindo nas almas desanimadas um desejo ardente de beber da água da vida" (Serviço Cristão, p. 162).
VISÃO PANORÂMICA DA APOSTASIA (Ler Isaías 1:2-9)
Nesses versos, o profeta faz uma descrição da condição espiritual do povo de Deus. Nesse contexto, o comentário de Ellen White é relevante: “O professo povo de Deus havia se separado Dele, perdido a sabedoria e pervertido seu entendimento. Via só o que estava perto, pois tinha se esquecido da purificação de seus pecados de outrora. Movia-se de maneira inquieta e incerta na escuridão, procurando apagar de sua mente a recordação da liberdade, da tranquilidade e da felicidade das quais desfrutava em sua condição anterior. Mergulhava em todo tipo de loucura presunçosa e imprudente, colocava-se em oposição às providências de Deus e aprofundava a culpa que já tinha sobre si. Dava ouvidos às acusações de Satanás contra o caráter divino e representava a Deus como se Ele fosse destituído de misericórdia e perdão” (Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 4, p. 1251, 1252).
O povo havia se distanciado de Deus apesar de Suas orientações claras no que se refere ao verdadeiro espírito de adoração. O povo de Deus O deixou, blasfemando contra Ele por meio de uma prática religiosa abominável. O verso 7 diz que suas cidades foram assoladas, e as lavouras foram devoradas por nações estrangeiras.
Deus ordenou que Seu povo fizesse uma reforma espiritual, se lavando e purificando das injustiças e maldades cometidas contra seus patrícios, incluindo os órfãos e viúvas.
RITUAIS COM CAPA DE RELIGIÃO (Ler Isaías 1:10-17)
Ellen White escreve: “Com a opressão e as riquezas vieram o orgulho e o amor à ostentação (Is 2:11, 12), embriaguez e orgia (Is 5:22, 11, 12). E nos dias de Isaías, a própria idolatria já não provocava surpresa (Is 2:8, 9). Práticas iníquas tinham se tornado tão predominantes entre todas as classes que os poucos que permaneciam fiéis a Deus eram muitas vezes tentados a perder o ânimo, dando lugar ao desencorajamento e desespero” (Profetas e Reis, p. 306).
Por meio do profeta, Deus descreveu todo o ritual que era exercido no santuário. Os rituais foram planejados para funcionar no contexto da aliança que Deus havia feito com o povo, e essa aliança de Deus com os israelitas possibilitava Sua habitação entre eles. O problema não estava nos rituais, mas numa prática “religiosa” destituída do espírito devocional.
a) As mãos que ofereciam sacrifícios e eram erguidas em oração eram as mesmas que estavam manchadas de sangue pela violência e opressão (Is 1:15; 58:3, 4).
b) Essa violência e opressão se demonstravam quando membros da comunidade da aliança eram maltratados. Dessa forma, era demonstrado desprezo pelo Senhor, o Protetor de todos os israelitas.
c) O ato de ofertar estava maculado com o sangue de inocentes. Seus sacrifícios não eram apenas inválidos, mas eram pecados! Seus rituais demonstravam lealdade, mas seu comportamento provava que haviam quebrado a aliança.
Deus apresentou poderosas evidências de que os judeus, os acusados, eram culpados de quebra de acordo e apelou para que eles passassem por uma reforma. Esse apelo sugere que havia esperança (ver Is 1:2-17).
Como membros e líderes da igreja remanescente, devemos estar atentos para que não incorramos nos mesmos pecados de Israel. Devemos inserir diariamente em nossa religião o espírito devocional, como escreveu Paulo, “com o pão da sinceridade e da verdade” (1Co 5:8).
Ellen White adverte: "Precisamos quebrar a monotonia de nossa atividade religiosa. Estamos realizando uma obra no mundo, mas não mostramos suficiente atividade e zelo. Se fôssemos mais fervorosos, os homens se convenceriam da verdade de nossa mensagem. A falta de vida e a monotonia de nosso culto a Deus repelem muitos que nos observam para ver em nós zelo profundo, fervente e santificado. A religião formal não serve para este tempo. Podemos praticar todos os atos externos do culto e, não obstante, estar tão destituídos da influência vivificante do Espírito Santo, como o estavam os montes de Gilboa do orvalho e da chuva. Necessitamos da umidade espiritual; bem como dos claros raios do Sol da Justiça para nos enternecer e subjugar o coração" (Evangelismo, p. 169).
O CONVITE DA GRAÇA (Ler Isaías 1:18-20)
O Senhor lhes disse que os pecados deles, embora fossem vermelhos como o carmesim, se tornariam brancos. Nesse texto, Deus estava Se oferecendo para transformá-los. O argumento de Deus é uma oferta de perdão ao Seu povo!
Agora vemos o propósito das incisivas palavras de advertência de Deus. Elas não foram ditas para rejeitar o povo, mas para trazê-lo de volta a Ele. Seu perdão possibilitava que eles fossem transformados por Seu poder. Aqui vemos as sementes da “nova aliança” (Jr 31:31-34), fundamentada no perdão.
CONCLUSÃO
“Deus convida o ser humano a se encontrar com Ele para discutir seus problemas com liberdade e franqueza. Ele não é um juiz imprudente ou um tirano arbitrário, mas um Pai amoroso e amigo. Deus Se interessa por tudo que afeta o ser humano e Se preocupa com seu bem-estar. Todas as advertências divinas são dadas para o bem do ser humano. Ele deseja que todos compreendam isso e creiam. Dificilmente seria possível conceber uma demonstração mais encantadora do maravilhoso amor e da bondade de Deus do que a encontrada neste misericordioso convite para arrazoar com o Senhor dos céus e da terra” (Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 4, p. 87).
Baseado no esboço de sermão de Roy E. Gane (via Revista do Ancião)
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