Gosto de fazer longas corridas e caminhadas. Em minha cidade atual, é possível fazer isso e contemplar muita natureza ao redor, porque ela se mistura com a parte urbana e em poucos quilômetros você já está na área rural, literalmente. Esse privilégio me dá a oportunidade de fazer uma das coisas que mais amo: contemplar as belezas naturais, das plantas aos animais.
Outro dia, em uma de 12km, avistei alguns urubus voando em círculos bem ao longe. A primeira coisa que me ocorreu é que eles estavam próximos de algum animal morto, esperando para se alimentar, mas eu não entendo muito sobre o comportamento de aves de rapina, de modo que a distância foi diminuindo e eu cheguei bem debaixo de onde eles estavam.
Ao me aproximar do local, vi que havia outros urubus no chão, o cheiro forte e pútrido indicava que alguma carcaça estava bem perto. Foi nesse momento em que avistei um cachorro morto, um grande cachorro morto, possivelmente atropelado, era um cão bonito e já estava bem machucado. Não sei o porquê, mas minha primeira reação foi correr batendo os pés com força para espantá-los, e assim houve uma bela revoada de aproximadamente uma dúzia de urubus feios e magros, mas não se afastaram por completo, ficaram no entorno.
Eu gosto muito de animais, de modo que fiquei triste pelo cachorro. Pensei na vida que aquele animal havia tido, nas pessoas que havia amado, enfim, o odor não permitiu que eu me demorasse nesses pensamentos, continuei a caminhada, mas a metáfora me ocorreu imediatamente: há muitas pessoas que são urubus espirituais.
Tal pensamento aconteceu de modo tão forte que foi quase uma impressão para que esse texto fosse escrito. Confesso que demorei para fazê-lo, porque o episódio com os urubus foi há mais de 1 mês. Contudo, os fatos vão acontecendo e eu senti vontade de compartilhar essa analogia com você.
Parece que essa ave sempre está onde a morte espreita. Pesquisando um pouco, vi que são capazes de concluir o serviço caso um animal esteja ferido ou doente; beirando a morte, mas não totalmente mortos. São aves de rapina, eles se alimentam da morte ou são capazes de matar para se alimentar. É provável que você diga: “Puxa! Mas eu não conheço gente assim!” Veja, não estou julgando o comportamento do urubu, se é bom ou mal, agradável ou nojento, é apenas uma constatação. Ele tem o seu papel na natureza.
Ao longo da minha vida, conheci muitas pessoas que agem como urubus. São pessoas que, no ar, parecem elegantes e majestosas como águias altaneiras; já viu como é elegante o voo do urubu? Eles planam a favor dos ventos, asas com uma envergadura que impressiona qualquer ave menor. No céu são lindos e nobres, mas só quando você chega perto é capaz de perceber como realmente são. Assim, essas pessoas são elegantes e agradáveis nos púlpitos das igrejas, mas você já as viu de perto?
Conheço gente-urubu que adora ficar sobrevoando em torno de fofocas, gostam de planar sobre situações tristes e desesperadoras, estão sempre no entorno dos feridos ou machucados pelo pecado para que, na primeira oportunidade, possam lhes cravar as garras pontiagudas da maledicência e dilacerar com uma bicada aguçada de maldade.
Eu já frequentei igrejas com urubus espirituais. São aquelas pessoas sobre as quais o Salmo 1 adverte. E não se engane: pastores e líderes não escapam dessa categoria! Sempre que houver pessoas amontoadas para ouvir uma fofoca que machuca, fere e mata a reputação de alguém, você estará diante de urubus espirituais.
Esses dias, uma amiga me contou que um pastor de uma cidade do interior proibiu a filha dela de cantar porque havia pedido para uma diretora de música pesquisar nas redes sociais da jovem e a viram com joias, e mesmo com a carta de referência o zeloso pastor queria resguardar seu rebanho do mal que aquele “pecado” poderia causar. Ele apenas fez com que uma família inteira ficasse magoada e que a moça tivesse uma crise de ansiedade que já estava tratando agravada. Feriu! Quase matou espiritualmente! Mas ele não contava que ela tivesse uma família para protegê-la com propriedade, não permitiram que ele, o ancião e a diretora de música continuassem beliscando a “carne” dessa jovem. Pensei: urubus espirituais!
Parece que tem gente que fica mais feliz quando os únicos pecadores dentro da igreja são eles mesmos, aves de rapina sombrias e fétidas ou aqueles que sejam semelhantes a elas. Podem até se parecer com águias quando estão exercendo suas atividades de voo, mas ao final, só querem comer a carne de quem já está ferido, quase morto, pensando que isso purificará sua comunidade.
Os urubus espirituais não querem outra coisa senão a morte, porque é dela que eles se alimentam. Quando vir um deles, ou um grupo reunido, bata os pés com força, eles são medrosos e voam para longe. Protejam os feridos, não deixe que morram. Depois, apenas continue a caminhada!
Leonardo Tonasso (via facebook)
"Digo com tristeza que existem entre os membros de igreja línguas desenfreadas. Há línguas falsas, que se alimentam com a maldade. Há línguas astutas, que segredam. Há loquacidade, impertinente intrometimento, insinuações hábeis. Entre os amantes da tagarelice, alguns são atuados pela curiosidade, outros pela inveja, muitos pelo ódio contra aqueles por meio dos quais Deus falou para os reprovar. Alguns ocultam seus sentimentos reais, enquanto outros estão ansiosos por divulgar tudo que sabem, ou mesmo suspeitam, dos males alheios. Enquanto muitos negligenciam sua própria alma, vigiam ansiosamente por uma oportunidade para criticar e condenar os outros" (Ellen G. White - Testemunhos Seletos, vol. 2, p. 22-24).
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