sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

FIEL NO TEMPO DO FIM

À lei e aos mandamentos! Se eles não falarem conforme esta palavra, vocês jamais verão a luz!” (Is 8:20). O povo de Deus é encaminhado às Santas Escrituras como salvaguarda contra a influência dos falsos ensinadores e do poder ilusório dos espíritos das trevas. Satanás emprega todo artifício possível para impedir as pessoas de obter conhecimento da Bíblia; pois os claros ensinos dela põem a descoberto seus enganos. Em todo avivamento da obra de Deus, o príncipe do mal está desperto para a atividade mais intensa; aplica atualmente todos seus esforços em preparar-se para a luta final contra Cristo e Seus seguidores.

O último grande engano deve logo patentear-se diante de nós. O anticristo vai operar suas obras maravilhosas à nossa vista. Tão meticulosamente a contrafação se parecerá com o verdadeiro que será impossível distinguir entre ambos sem o auxílio das Escrituras Sagradas. Pelo testemunho da Palavra de Deus toda declaração e todo prodígio deverão ser avaliados e provados.

Os que se esforçam por obedecer a todos os mandamentos de Deus defrontarão oposição e escárnio. Somente em Deus lhes será possível subsistir. A fim de suportarem a prova que diante deles está, devem compreender a vontade do Senhor como se acha revelada em Sua Palavra; somente poderão honrá-Lo tendo uma concepção correta de Seu caráter, governo e propósitos, e agindo de acordo com esses. Pessoa alguma poderá resistir no último grande conflito, a não ser os que fortaleceram a mente com as verdades das Escrituras.

A toda pessoa virá a inquiridora prova: obedecerei a Deus de preferência aos homens? A hora decisiva está mesmo agora às portas. Estão nossos pés firmados na rocha da imutável Palavra divina? Estamos preparados para permanecer firmes em defesa dos mandamentos de Deus e da fé de Jesus?

Antes de Sua crucifixão, o Salvador explicou a Seus discípulos que Ele deveria ser morto, e do túmulo ressuscitar. Anjos estavam presentes para gravar Suas palavras na mente e no coração deles. Mas os discípulos aguardavam livramento temporal do jugo romano, e não podiam tolerar a ideia de que Aquele em quem se centralizavam todas suas esperanças devesse sofrer morte vergonhosa. As palavras de que necessitavam lembrar-se fugiram-lhes da mente; e, ao chegar o tempo da prova, esta os encontrou desprevenidos. A morte de Cristo destruiu-lhes tão completamente as esperanças como se Ele não os houvesse advertido previamente.

Assim, nas profecias, o futuro se patenteia diante de nós tão claramente como se revelou aos discípulos pelas palavras de Cristo. Os acontecimentos ligados ao fim do tempo da graça e a obra de preparo para o período de angústia acham-se claramente apresentados. Porém, multidões não possuem maior compreensão dessas importantes verdades do que teriam se nunca houvessem sido reveladas. Satanás vigia para impedir toda impressão que os faria sábios para a salvação, e o tempo de angústia os encontrará sem o devido preparo.

AUTORIDADE HUMANA X DIVINA
Quando Deus envia aos seres humanos advertências tão importantes que são representadas como proclamadas por santos anjos a voar pelo meio do céu, Ele requer que toda pessoa dotada de faculdade de raciocínio atenda à mensagem. Os terríveis juízos pronunciados contra o culto à besta e sua imagem (Ap 14:9-11) deveriam levar todos a diligente estudo das profecias para aprender o que é o sinal da besta e como devem evitar recebê-lo.

Contudo, as massas populares tapam os ouvidos à verdade, preferindo as fábulas. Olhando para os últimos dias, o apóstolo Paulo declarou: “Virá tempo em que não sofrerão a sã doutrina” (2Tm 4:3). Já chegamos a esse tempo. As multidões rejeitam a verdade das Escrituras, por ser ela contrária aos desejos do coração pecaminoso; e Satanás lhes oferece os enganos que desejam.

Entretanto, Deus terá sobre a Terra um povo que mantenha a Bíblia, e a Bíblia somente, como norma de todas as doutrinas e base de todas as reformas. As opiniões de homens ilustrados, as deduções da ciência, os credos ou as decisões dos concílios eclesiásticos, tão numerosos e discordantes como são as igrejas que representam a voz da maioria – nenhuma dessas coisas, nem todas em conjunto, deveriam considerar-se como prova em favor ou contra qualquer ponto de fé religiosa. Antes de aceitar qualquer doutrina ou preceito, devemos pedir em seu apoio um claro “Assim diz o Senhor”.

Satanás se esforça constantemente por atrair a atenção para o homem, em lugar de Deus. Ele induz o povo a olhar para os bispos, pastores, professores de teologia, como seus guias, em vez de examinarem as Escrituras a fim de que, por si mesmos, aprendam seu dever. Então, dominando a mente desses dirigentes, o diabo pode influenciar as multidões de acordo com sua vontade.

Quando Cristo veio para falar as palavras de vida, o povo comum O ouvia alegremente; e muitos, mesmo dos sacerdotes e príncipes, creram Nele. Mas os líderes máximos da nação estavam decididos a condenar e repudiar os ensinos Dele. Fossem embora frustrados todos seus esforços para encontrar acusações contra Ele, e sem mesmo poder fugir à influência do poder e sabedoria divinos, que acompanhavam Suas palavras, encerraram-se, entretanto, no preconceito; rejeitaram a mais clara evidência de Seu caráter messiânico, receosos de que fossem constrangidos a se tornarem Seus discípulos.

Esses oponentes de Jesus eram homens que, desde a infância, o povo havia sido ensinado a reverenciar e a cuja autoridade os israelitas haviam se acostumado implicitamente a se curvarem. Eles perguntavam: “Como é que nossos príncipes e doutos escribas não creem em Jesus? Não O receberiam esses homens piedosos se Ele fosse o Cristo?” Foi a influência desses ensinadores que levou a nação judaica a rejeitar seu Redentor.

O espírito que atuava naqueles sacerdotes e príncipes ainda é manifesto por muitos que fazem alta profissão de piedade. Eles se recusam a examinar o testemunho das Escrituras relacionados às verdades especiais para este tempo. Apontam para seu número, riqueza e popularidade, e olham com desdém os defensores da verdade, sendo esses poucos, pobres e impopulares, e que sustentam uma fé que os separa do mundo.

Cristo previu que aquela postura de acatar a autoridade humana não se limitaria a seu tempo. Olhando profeticamente, Ele viu que, no futuro, a obra de exaltação da autoridade humana teria o objetivo de controlar a consciência individual, postura que tem sido uma terrível maldição para a igreja em qualquer época. É por isso que as tremendas acusações de Jesus contra os escribas e fariseus, bem como as advertências Dele ao povo para que não seguisse aqueles guias cegos, foram registradas como aviso às gerações futuras. [...]

FUNDAMENTADOS NA PALAVRA
Deus nos deu Sua Palavra para que pudéssemos nos familiarizar com Seus ensinos e saber, por nós mesmos, o que Ele requer de nós. Quando o doutor foi ter com Jesus com a pergunta: “Que farei para herdar a vida eterna?”, o Salvador lhe fez referência às Escrituras, dizendo: “Que está escrito na lei? Como lês?” A ignorância não desculpará jovens nem idosos, nem os livrará do castigo devido pela transgressão da lei de Deus, pois têm ao seu alcance uma exposição fiel daquela lei, de Seus princípios e requisitos.

Não basta termos boas intenções; não basta fazermos o que se julga ser direito, ou o que o ministro diz ser correto. A salvação de nossa alma está em jogo, e devemos examinar as Escrituras por nós mesmos. Por mais fortes que possam ser nossas convicções, por maior confiança que tenhamos de que o ministro sabe o que é a verdade, não seja esse nosso fundamento. Na jornada em direção ao Céu, temos um mapa dando todas as indicações do caminho, e não devemos conjeturar a respeito de coisa alguma. [...]

Estamos vivendo no período mais solene da história deste mundo. O destino das imensas multidões da Terra está prestes a ser decidido. Nosso próprio bem-estar futuro, e também a salvação de outras pessoas dependem do caminho que agora seguimos. Necessitamos ser guiados pelo Espírito da verdade. Todo seguidor de Cristo deve fervorosamente perguntar: “Senhor, que queres que eu faça?”

Precisamos nos humilhar perante o Senhor, com jejum e oração, e meditar muito em Sua Palavra, especialmente nas cenas do juízo. Cumpre-nos buscar agora uma experiência profunda e viva nas coisas de Deus. Não temos um momento a perder. Acontecimentos de importância vital estão a ocorrer ao redor de nós; estamos no terreno encantado de Satanás. Não durmam, sentinelas de Deus! O adversário está perto, de emboscada, pronto para a qualquer momento, caso haja negligência e sonolência, saltar sobre vocês.

Muitos estão enganados quanto à sua verdadeira condição diante de Deus. Orgulham-se dos maus atos que não cometem; porém, se esquecem de enumerar as boas e nobres ações que Deus exige deles, mas negligenciaram cumprir. Não basta que sejam árvores no jardim de Deus. Devem corresponder à Sua expectativa, produzindo frutos. Ele os responsabiliza pela sua falta em cumprir todo o bem que poderiam fazer, mediante Sua graça que os fortalece. Nos livros do Céu, a vida dessas pessoas está registrada como uma árvore que em vão ocupa o terreno. Contudo, mesmo o caso dessa classe não é inteiramente desesperador. […]

Quando o tempo de prova vier, serão revelados os que fizeram da Palavra de Deus sua regra de vida. No verão, nenhuma diferença se nota entre os ciprestes e as outras árvores; porém, ao soprarem as rajadas hibernais, os ciprestes permanecem inalteráveis, enquanto as outras árvores perdem a folhagem.

Assim, aquele que com coração falso professa a religião pode agora não ser diferente do cristão verdadeiro; contudo, está diante de nós justamente o tempo em que a diferença entre eles aparecerá. Levante-se a oposição, de novo exerçam domínio o fanatismo e a intolerância, acenda-se a perseguição, e os insinceros e hipócritas vacilarão, renunciando a fé. No entanto, o verdadeiro cristão permanecerá firme como uma rocha, tornando sua fé mais forte e sua esperança mais viva do que nos dias da prosperidade.

[Este artigo foi extraído das páginas 593 a 602 do livro O Grande Conflito de Ellen G. White]

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