quarta-feira, 19 de abril de 2023

COMO ERA JESUS FISICAMENTE?

Jesus por Akiane Kramarik*
A aparência de Jesus é tema de discussão desde o início do Cristianismo. Não há relatos de primeira mão da aparência física de Jesus. Alguns autores sugerem que as descrições físicas podem ter sido removidas da Bíblia, em algum momento, para enfatizar a sua universalidade. Entretanto, a maioria dos estudiosos acredita que Jesus assemelhava-se aos atuais habitantes do Oriente Médio, uma vez que a Bíblia (bem como outros relatos históricos) refere-se a ele como um Galileu Israelita.

A julgar pelos registros históricos que contam um pouco da vida na região em que Jesus nasceu e foi criado, o Messias deve ter sido um homem baixo, de pele morena e cabelos escuros e encaracolados (à esq., uma reconstituição feita pelo médico especialista em reconstrução facial inglês Richard Neave, da Universidade de Manchester). Por ser um trabalhador braçal, tinha uma estrutura física bem desenvolvida. “Como palestino, deveria ter as características daquele povo”, lembra frei Betto, dominicano autor do livro “Um Homem Chamado Jesus”. Esse é o máximo a que chega a especulação baseada em estudos. “Não saberemos nem precisamos saber da real aparência de Jesus – ela não importa”, afirma o cônego Celso Pedro da Silva, professor de teologia e reitor do Centro Universitário Assunção (Unifai).

A coisa mais próxima que temos a uma descrição na Bíblia pode ser encontrada em Isaías 53:2b: "Ele não tinha qualquer beleza ou majestade que nos atraísse, nada em sua aparência para que o desejássemos." Tudo o que essa passagem nos diz é que a aparência de Jesus era como a de qualquer outro homem - Ele era de aparência comum. Isaías estava aqui profetizando que o Servo sofredor por vir surgiria em condições humildes sem nenhum dos emblemas costumários da realeza, tornando a Sua verdadeira identidade visível apenas ao olhar perspicaz da fé.

O Novo Testamento não inclui descrições da aparência física de Jesus antes de sua morte, e as narrativas do Evangelho são, geralmente, indiferentes a aparências ou características das pessoas. Os Evangelhos Sinóticos abrangem o relato da Transfiguração de Jesus, durante o qual ele foi glorificado com "o Seu rosto brilhando como o sol", mas essa aparência refere-se à forma sobrenatural de Jesus.

O Livro de Apocalipse encerra a visão que João teve do Filho do Homem: "e os seus pés eram semelhantes ao bronze, e a sua cabeça e cabelos eram brancos como lã branca, como a neve" [outras traduções: "bronze polido"] em uma visão (1:13-16), mas esta visão é normalmente considerada uma referência à forma celestial de Jesus, não necessariamente a sua aparência durante a sua vida terrena.

Representações artísticas
Apesar da falta de referências bíblicas ou registros históricos, uma ampla gama de representações de Jesus tem aparecido, por dois milênios, muitas vezes influenciada por contextos culturais, políticos e teológicos. Como em outras artes Cristãs, as primeiras representações datam do final do segundo ou do início do terceiro século e são encontradas principalmente em Roma. Nestas primeiras representações, Jesus é normalmente apresentado como um jovem sem barba e com o cabelo encaracolado, por vezes com características diferentes dos outros homens retratados, por exemplo, seus discípulos ou romanos. No entanto, representações com barba também aparecem muito cedo, talvez desenhando um estereótipo do mundo grego da aparência dos muitos filósofos carismáticos.

Representações do 5º século da Paixão começaram a aparecer, talvez refletindo uma mudança no foco teológico da igreja primitiva. O século VI inclui algumas das primeiras imagens da crucificação e ressurreição. Por volta do século VI, a representação barbuda de Jesus havia se tornado padrão, tanto no Oriente e quanto no Ocidente. Essas representações com cabelo castanho avermelhado repartido no meio e com olhos em forma de amêndoa mostraram consistência durante vários séculos. Nessa época, várias lendas foram desenvolvidas para tentar validar os estilos de representação, por exemplo, a imagem de Edessa e, mais tarde, o Véu de Verônica.

O século XIII testemunhou um ponto de virada de como os Franciscanos começaram a enfatizar a humildade de Jesus, tanto no nascimento quanto na morte, através do Presépio, bem como na crucificação. Os Franciscanos aproximaram-se de ambas as extremidades do espectro de emoções e, como as alegrias do Natal foram adicionadas à agonia da crucificação, toda uma nova gama de emoções foram inauguradas, com amplo impacto cultural, sobre a imagem de Jesus.

O Renascimento trouxe uma série de mestres artísticos que foca em representações de Jesus, e, depois de Giotto, Fra Angelico, entre outros, desenvolveu, sistematicamente, imagens que incidiam sobre a representação de Jesus com um ideal de beleza humana. Leonardo da Vinci, em A Última Ceia, que é considerada a primeira obra de arte da Alta Renascença, devido ao seu alto nível de harmonia, tornou-se bem conhecido por retratar Jesus cercado por diferentes emoções.

Espírito de Profecia
Ilustração de John Sartain
Our Savior (1866)
Ellen G. White quando visitava a família da Srª Abbie Kellogg Norton sempre contemplava na parede da sala uma gravura de Jesus, da autoria de John Sartain, feita em 1866, e dizia ser o mais parecido com o que via em visão. No testemunho pessoal de Abbie, escrito em 19 de março de 1935, ela diz:

“Lembro-me bem de ver o irmão e a irmã White vindo à nossa casa muitas vezes quando eu era criança, provavelmente entre os anos de 1878-1881. A irmã White comentava sobre a semelhança da imagem e o Salvador que ela tem visto em suas visões. Suas palavras eram: ‘Sim, sim, ele parece o Salvador como me tem sido mostrado em visão – é o mais semelhante do que qualquer outro que tenho visto.’ Isso causou uma grande impressão em todos nós. Pouco antes de minha mãe morrer, ela recontou essa história a alguns dos irmãos e irmãs de Mountain View, Califórnia."

Ellen White viu Jesus, pela primeira vez, em um sonho sobrenatural quando tinha cerca de 15 anos de idade. Embora já tivesse sido batizada, ainda lutava contra um intenso sentimento de pecaminosidade. Ela sentia-se indigna da salvação. Em seu sonho, ela foi levada para uma sala e viu Jesus.

Em Testemunhos para a Igreja (v. 1, p. 28, 29), ela relata a experiência: “Não havia dúvida quanto àquele belo semblante; aquela expressão de benevolência e majestade não poderia pertencer a nenhum outro.” Quando Ele olhou para Ellen, ela viu em Seus olhos que Ele conhecia “todas as circunstâncias” da sua vida e todos os seus “íntimos pensamentos e sentimentos”.

Este sonho inicial sobre Jesus foi seguido por muitos outros: “Tenho visto muitas vezes o amorável Jesus, que é uma pessoa” (Primeiros Escritos, p. 77). Suas expressões faciais, especialmente Seus olhos e o som da Sua voz, causaram um impacto profundo sobre ela.

Vejamos outos textos de Ellen White que revelam alguns detalhes sobre a aparência de Jesus:

"As palavras de João não se podiam aplicar a nenhum outro senão ao longamente prometido. O Messias se achava entre eles! Sacerdotes e principais olharam em torno, com assombro, na esperança de descobrir Aquele de quem João falara. Ele, porém, não era distinguível entre a multidão" (O Desejado de Todas a Nações, p. 120).

"Ao olhar Natanael para Jesus ficou decepcionado. Poderia esse homem que apresentava os vestígios da labuta e da pobreza, ser o Messias? (Idem, p. 124).

"Era assinalado o contraste entre Jesus e o sumo sacerdote, quando juntos falavam… Perante essa augusta personagem achava-Se a Majestade do Céu, sem adorno ou ostentação. Tinha nas vestes os vestígios das jornadas; Seu rosto era pálido e exprimia tristeza; todavia, nEle se estampavam dignidade e benevolência em estranho contraste com o ar orgulhoso, presunçoso e irado do sumo sacerdote" (Idem, p. 568)

"Ele viajava a pé, ensinando Seus discípulos à medida que seguia. Suas vestes eram empoeiradas e manchadas pela viagem. Sua aparência não era atraente; porém as verdades apontadas de modo simples que caíam de Seus lábios divinos faziam com que os ouvintes se esquecessem de Sua aparência e se sentissem atraídos, não pelo homem, mas pela doutrina que Ele ensinava" (Testemunhos para a Igreja, vol. 4, p. 373).

"Ele deveria ser dotado de beleza tal O tornasse singular entre os homens. Não deveria manifestar atrativos maravilhosos de modo a atrair atenção para Si mesmo" (Seventh-day Adventist Bible Commentary, vol. 5, p. 1131).

"Ele depôs Sua glória e majestade. Era Deus, no entanto, as glórias da forma divina, Ele, por um pouco, renunciou" (The Review and Herald, 5 de julho, 1887).

Entretanto, não devemos nos preocupar com a aparência de Cristo, com conjecturas, e sim com a Sua vida, Seu exemplo de amor, abnegação, altruísmo e sacrifício substitutivo. Ele foi o maior e melhor homem que já pisou nesta Terra, e deixou muitas lições para O seguirmos. Ele disse: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (João 14:6). Todo aquele que nEle crer, será salvo (João 3:16). Ele está hoje junto ao Pai, intercedendo por nós, portanto nossa aceitação diante de Deus é pelos méritos de Cristo e não pelos nossos (Hebreus 4:14-16).

Ilustração: Akiane Kramarik é uma artista, poetisa e criança prodígio nascida nos Estados Unidos. Seu talento para a pintura fez com que o mundo a conhecesse, pois cada quadro pintado tem uma expressão de realismo muito forte. Nas pinturas em que ela retrata o ser humano, a expressão facial é surpreendente, chega a parecer que é uma fotografia. Uma de suas pinturas mais importantes foi “Jesus”, ela diz que à noite rezou pedindo a Deus para lhe mostrar como era Jesus, na manhã seguinte um homem bateu na porta de sua casa, era um carpinteiro e dizia que “seria o modelo para o seu quadro”.

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