segunda-feira, 22 de maio de 2023

RACISMO

Aconteceu de novo... O Campeonato Espanhol viveu mais um episódio lamentável neste domingo, 21, na partida entre Real Madrid e Valência, no Mestalla. A partida foi interrompida no segundo tempo após Vinicius Jr ser vítima (outra vez) de racismo. Parte da torcida adversária chamou o brasileiro de “macaco” e o atacante denunciou o caso para a arbitragem. Após confusão dentro de campo, Vini Jr ainda foi expulso.

Após todo o episódio, com a cabeça fria, Vinicius Jr se manifestou nas redes sociais e reafirmou o caso de racismo. O brasileiro destacou que “não foi a primeira vez, nem a segunda e nem a terceira” e criticou de maneira enfática os organizadores da competição: “O racismo é o normal na LaLiga. A competição acha normal, a Federação também e os adversários incentivam. Lamento muito. O campeonato que já foi de Ronaldinho, Ronaldo, Cristiano e Messi hoje é dos racistas”.

O atacante do Real Madrid concluiu lamentando a situação e deixando em aberto a possibilidade de deixar a Espanha por conta dos episódios: “Lamento pelos espanhóis que não concordam, mas hoje, no Brasil, a Espanha é conhecida como um país de racistas. E, infelizmente, por tudo o que acontece a cada semana, não tenho como defender. Eu concordo. Mas eu sou forte e vou até o fim contra os racistas". Mais de 10 casos de racismo contra Vinicius Jr foram registrados desde que o brasileiro virou titular do Real Madrid. (Placar)

Um dos males mais odiosos dos nossos dias é o racismo, a crença ou prática que vê ou trata certos grupos étnicos como inferiores e, portanto, objetos de dominação, discriminação e segregação. Embora o pecado do racismo seja um fenômeno antiquíssimo baseado na ignorância, no medo, na alienação e no falso orgulho, algumas das suas mais hediondas manifestações têm ocorrido em nosso tempo. O racismo e os preconceitos irracionais operam em um circulo vicioso.

O racismo está entre os piores dos arraigados preconceitos que caracterizam seres humanos pecaminosos. Suas consequências são geralmente devastadoras, porque o racismo facilmente torna-se permanentemente institucionalizado e legalizado. Em suas manifestações extremas, ele pode levar à perseguição sistemática e mesmo ao genocídio.

As Escrituras ensinam claramente que todas as pessoas foram criadas à imagem de Deus, que “de um só fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da Terra” (At 17:26). A discriminação racial é uma ofensa contra seres humanos iguais, que foram criados à imagem de Deus. Em Cristo, “não há judeu nem grego” (Gl 3:28). Portanto, o racismo é realmente uma heresia e em essência uma forma de idolatria, pois limita a paternidade de Deus, negando a irmandade de toda a espécie humana e exaltando a superioridade racial de alguém.

Em Cristo somos uma nova criação; distinções de raça, cultura e nacionalidade, e diferenças entre altos e baixos, ricos e pobres, homens e mulheres, não devem ser motivo de dissensões entre nós. Todos somos iguais em Cristo, o qual por um só Espírito nos uniu numa comunhão com Ele e uns com os outros; devemos servir e ser servidos sem parcialidade ou restrição. Qualquer outra abordagem destrói o âmago do evangelho cristão.

Apesar da rima, racismo é incompatível com cristianismo. Até por seu fundamento, o cristianismo não pode ser racista, porque Jesus não era racista (Jo 4:9; Lc 10:30-37). Ele destruiu o muro de divisão entre a humanidade (Ef 2:13-18) e com Seu sangue comprou para Deus pessoas de todas as tribos e nações (Ap 5:9). O racismo perpetua o DNA do pecado, a linguagem do ódio e a estrutura da morte.

Por tudo isso e muito mais, se a lei não obrigasse, se a origem comum não fosse suficiente, se o exemplo do Salvador não bastasse, se o amor não unisse, teologicamente não haveria desculpa, pois em Cristo somos um. Se você ainda tem racismo no olhar e nas palavras, coloque Jesus no coração, para que Ele o transforme, porque racismo, além de crime, é pecado. E o pecado destrói tudo que a humanidade tem de bom.

Ellen G. White diz: “Quando for derramado o Espírito Santo, haverá um triunfo da humanidade sobre o preconceito em buscar a salvação de todos os seres humanos. Deus dominará as mentes. Os corações humanos amarão como Cristo amou. E a barreira da cor será considerada por muitos de maneira bem diferente daquela em que é considerada agora. Amar como Cristo ama eleva a mente a uma atmosfera pura, celestial e altruísta. Quem se acha intimamente ligado a Cristo é elevado acima do preconceito de cor ou casta. Sua fé apodera-se das realidades eternas” (Testemunhos para a Igreja, vol. 9, p. 209).

Racismo: saiba como denunciar
Racismo é crime previsto pela Lei 7.716/89 e deve sempre ser denunciado, mas muitas vezes não sabemos o que fazer diante de uma situação como essa, nem como denunciar, e o caso acaba passando batido. No Brasil, há uma diferença quando o racismo é direcionado a uma pessoa e quando é contra um grupo. 

Para começar, é preciso entender que a legislação define como crime a discriminação pela raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, prevendo punição de 1 a 5 anos de prisão e multa aos infratores.

A denúncia pode ser feita tanto pela internet, quanto em delegacias comuns e nas que prestam serviços direcionados a crimes raciais, como as Delegacias de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), que funcionam em São Paulo e no Rio de Janeiro. 

Para denunciar casos de racismo em páginas da internet ou em redes sociais, o usuário deve acessar o portal da Safernet e escolher o motivo da denúncia. Além disso, é necessário enviar o link do site em que o crime foi cometido e fazer um comentário sobre o pedido. Após esses passos, será gerado um número de protocolo, que o usuário deve usar para acompanhar o processo.

Se atente em unir provas! O primeiro passo é tirar prints da tela para que você possa comprovar o crime e ter como denunciar. Depois, denuncie o usuário pelo serviço de denúncias da rede social em que ocorreu o ato.

O Disque 100 é serviço do Governo Federal para receber denúncias de violações de direitos humanos. Desde 2015, o serviço conta com dois módulos novos: um que recebe denúncias de violações contra a juventude negra, mulher ou população negra em geral e outro específico para receber denúncias de violações contra comunidades quilombolas, de terreiros, ciganas e religiões de matriz africana. O serviço também aceita denúncias online de discriminação ocorrida em material escrito, imagens ou qualquer outro tipo de representação de idéias ou teorias racistas disseminadas pela internet.

A denúncia contra crime de racismo também pode ser feita em delegacias comuns e naquelas especializadas em crimes raciais e delitos de intolerância. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, as Delegacias de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) cumprem essa função. Atualmente, o Decradi está vinculado ao Departamento Estadual de Homicídio e Proteção a Pessoa (DHPP), em São Paulo, e ao Departamento Geral de Polícia Especializada da Polícia Civil, além de estar inserida no programa Delegacia Legal, no Rio. Em outros estados, existem delegacias especializadas em crimes cometidos em meio eletrônico, que podem ser acionadas em situações de injúria racial virtual.

Posso processar o agressor? Sim! Tanto para racismo quanto para injúria racial, após o boletim de ocorrência, é possível ingressar com duas ações, sendo uma criminal e cível. O processo criminal é importante para dar força ao processo cível, que tem por objetivo conseguir uma indenização.

No caso do crime de racismo, o processo fica a cargo do Ministério Público e a indenização deve ser direcionada ao grupo atingido ou a uma entidade que represente esse grupo. Caso seja crime de injúria racial a indenização é para a vítima direta do crime.

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