Embora a palavra Trindade (do lat. trinitas, “tri-unidade” ou “tri-unicidade”) não se encontre na Bíblia (tampouco a palavra “encarnação”), o ensinamento que ela descreve está claramente contido nas Escrituras.1 Brevemente definida, a doutrina da Trindade compreende o conceito de que “Deus existe eternamente como três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo; cada pessoa é plenamente Deus; e há um só Deus.”2
O próprio Deus é um mistério – quanto mais a encarnação ou a Trindade! Contudo, embora não sejamos capazes de compreender logicamente os vários aspectos da Trindade, precisamos tentar entender o melhor possível o ensino escriturístico a ela concernente. Todas as tentativas para explicar a Trindade não atingirão o seu objetivo, “especialmente quando refletimos sobre a relação das três pessoas com a divina essência […] todas as analogias falham e nos tornamos plenamente cônscios do fato de que a Trindade é um mistério muito além do nosso entendimento. É a incompreensível glória da Divindade.”3 Portanto, procedemos melhor em admitir que “o homem não pode compreendê-la e torná-la inteligível. É inteligível em algumas de suas relações e modos de manifestações, mas ininteligível em sua natureza essencial.”4
Precisamos conscientizar-nos de que podemos atingir apenas uma compreensão parcial do que é a Trindade. Ao ouvirmos a Palavra de Deus, certos elementos da Trindade se tornarão claros, enquanto outros permanecerão um mistério. “As coisas encobertas pertencem ao Senhor, nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem, a nós e a nossos filhos, para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei” (Dt 29:29).
A TRINDADE NO ANTIGO TESTAMENTO
Várias passagens do Antigo Testamento sugerem ou mesmo implicam que Deus existe em mais do que uma pessoa, não necessariamente em uma Trindade, mas ao menos em uma relação binária.
(1) Gênesis 1
No relato da Criação em Gênesis 1, a palavra hebraica para Deus é ‘Elohim, a forma plural de ‘Eloha. Geralmente, este plural tem sido interpretado como um plural majestático, em vez de uma pluralidade. Todavia, G. A. F. Knight tem argumentado corretamente que tomar esta forma como um plural majestático é ler no antigo texto hebraico um conceito moderno, desconsiderando que os reis de Israel e de Judá são todos tratados no singular no texto bíblico.5 Além disso, Knight ressalta que as palavras hebraicas para “água” e “céu” são ambas plurais. Os gramáticos têm denominado este fenômeno de plural quantitativo. A água pode aparecer em forma de pequenas gotas ou grandes oceanos. Esta diversidade quantitativa em unidade, diz Knight, é uma maneira adequada de compreender o plural ‘Elohim. Também explica por que o substantivo singular ‘Adonai é escrito como um plural.6
Lemos em Gênesis 1:26: “Também disse [singular] Deus: Façamos [plural] o homem à nossa [plural] imagem, conforme a nossa [plural] semelhança.” Moisés não está usando um verbo plural com ‘Elohim, mas Deus, em sua fala, usa um verbo plural e pronomes plurais com referência a Si mesmo. Alguns intérpretes crêem que Deus aqui está falando aos anjos. No entanto, segundo as Escrituras, os anjos não participaram da Criação. A melhor explicação, portanto, é a de que já no primeiro capítulo de Gênesis há uma indicação de uma pluralidade de pessoas na própria Divindade.
(2) Gênesis 2:24
De acordo com Gênesis 2:24, o homem e a mulher devem tornar-se “uma só [heb. ‘echad] carne”, uma união de duas pessoas distintas, individuais. Em Deuteronômio 6:4, a mesma palavra é empregada para Deus: “Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único [‘echad] Senhor.” Diz Millard J. Erickson: “Parece que aqui algo está sendo afirmado acerca da natureza de Deus – Ele é um organismo, isto é, uma unidade de partes distintas.”7 Moisés poderia ter usado a palavra yachid (somente um, singular) em Deuteronômio 6:4, mas o Espírito Santo preferiu que assim não fosse.
(3) Outros textos que expressam uma pluralidade
Disse Deus após a queda do homem: “Eis que o homem se tornou como um de nós” (Gn 3:22). E, algum tempo depois, quando os homens começaram a construir a torre de Babel, disse o Senhor: “Desçamos e confundamos ali a sua linguagem” (Gn 11:7). Vez após outra a pluralidade da Divindade é enfatizada.
Em sua famosa visão do trono divino, Isaías ouve o Senhor indagando: “A quem enviarei, e quem há de ir por nós?” (Is 6:8). Aqui vemos Deus utilizando o singular e o plural na mesma sentença. Muitos eruditos modernos tomam isto como uma referência ao concílio celestial. Mas Deus alguma vez convocou Suas criaturas para conselho? Em Isaías 40:13 e 14 Ele parece refutar esta mesma noção. Ele não precisa aconselhar-Se com Suas criaturas, nem mesmo com os seres celestiais. Portanto, este plural, embora não prove a Trindade, sugere que há uma pluralidade de seres nAquele que fala.
(4) O Anjo do Senhor
A expressão “Anjo do Senhor” aparece cinquenta e oito vezes no Antigo Testamento, e “o anjo de Deus”, onze vezes. A palavra hebraica mal’ak (anjo) significa simplesmente “mensageiro”. Portanto, se o “Anjo do Senhor” é um mensageiro do Senhor, ele deve ser distinto do próprio Senhor. No entanto, em vários textos o “Anjo do Senhor” é também chamado “Deus” ou “Senhor” (Gn 16:7-13; Nm 22:31-38; Jz 2:1-4; 6:22). Os Pais da Igreja O identificavam com o Logos pré-encarnado. Eruditos modernos O têm visto como um ser que representa a Deus, como o próprio Deus, ou alguma força externa de Deus. Eruditos conservadores geralmente concordam que “esse ‘mensageiro’ deve ser visto como uma manifestação especial da existência ou essência do próprio Deus.”8 Se isto está correto, temos aqui outro indicador da pluralidade de pessoas na Divindade.
A TRINDADE NO NOVO TESTAMENTO
Nas Escrituras a verdade é progressiva. Quando chegamos, portanto, ao Novo Testamento, encontramos um quadro mais explícito da natureza trinitária de Deus. O próprio fato de se dizer de Deus que Ele é amor (1Jo 4:8) implica em que deve existir uma pluralidade dentro da Divindade, uma vez que o amor só pode existir em uma relação entre seres diferentes.
(1) No Evangelho de Mateus
(a) No batismo de Jesus encontramos os três membros da Divindade em atividade ao mesmo tempo:
"Batizado Jesus, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba, vindo sobre ele. E eis uma voz dos céus, que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo" (Mt 3:16-17).
O relato do batismo de Jesus é uma notável manifestação da doutrina da Trindade – ali estava Cristo em forma humana, visível a todos; o Espírito Santo descendo sobre Cristo em forma corpórea, como uma pomba; e a voz do Pai falou do céu: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.” Em João 10:30, Cristo reclama igualdade com o Pai, e, em Atos 5:3, o Espírito Santo é identificado como Deus. Portanto, é difícil, se não impossível, explicar a cena do batismo de Cristo de qualquer outra forma a não ser admitir que há três pessoas na natureza ou essência divina.
No batismo de Jesus, o Pai O chamou de “meu Filho amado”. A filiação de Jesus, porém, não é ontológica, mas funcional. No plano da salvação, cada membro da Trindade aceitou uma função específica. É uma função com a finalidade de atingir um objetivo específico, não uma mudança de essência ou condição. Millard J. Erickson explica isto deste modo:
O Filho não Se tornou menos do que o Pai durante Sua encarnação terrestre, mas subordinou-Se funcionalmente à vontade do Pai. Igualmente, o Espírito Santo está agora subordinado ao ministério do Filho (veja João 14-16), bem como à vontade do Pai, mas isto não implica em que Ele é menos do que são Eles.9
Os termos “Pai” e “Filho”, no pensamento ocidental, trazem consigo as ideias de origem, dependência e subordinação. Na mentalidade semítica ou oriental, porém, eles enfatizam igualdade ou identidade de natureza. Desse modo, quando as Escrituras falam do “Filho” de Deus, elas afirmam Sua divindade.
(b) No final do Seu ministério, Jesus disse aos Seus discípulos que eles deveriam ir e fazer “discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28:19). Neste, que é o rito introdutório de cada crente na religião cristã, a doutrina da Trindade é claramente ensinada. Primeiro, notamos que “em nome” (gr. eis to onoma) é singular, não plural (“nos nomes”). Ser batizado em nome das três pessoas da Trindade significa identificar-se a si próprio com tudo o que a Trindade representa; confiar-se ou entregar-se ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.10 Segundo, a união destes três nomes indica que o Filho e o Espírito Santo são iguais ao Pai. Seria um tanto estranho, para não dizer blasfemo, unir o nome do Deus eterno a um ser criado (quer tenha sido criado na eternidade ou em algum momento do tempo), e a uma força ou poder impessoal nesta fórmula batismal.
Quando o Espírito Santo é posto na mesma expressão e no mesmo nível que as outras duas pessoas, é difícil evitar a conclusão de que o Espírito Santo é também visto como uma pessoa e de igual posição que o Pai e o Filho.11
(2) Nos escritos de Paulo
Paulo e os demais escritores do Novo Testamento geralmente usam a palavra “Deus” ao se referirem ao Pai, “Senhor” quando se referem ao Filho, e “Espírito” referindo-se ao Espírito Santo. Em 1 Coríntios 12:4-6, Paulo se refere aos três no mesmo texto: "Ora, os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo. E também há diversidade nos serviços, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade de realizações, mas o mesmo Deus é quem opera tudo em todos."
Semelhantemente, em 2 Coríntios 13:13, ele enumera as três pessoas da Trindade: "A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós."
Conquanto não possamos dizer que estes textos sejam uma enunciação formal da Trindade, estas passagens e outras semelhantes (p. ex., Efésios 4:4-6) são de caráter distintamente trinitariano. Foi a Igreja em tempos posteriores quem elaborou os detalhes da Trindade, mas eles construíram sobre os fundamentos dos escritores bíblicos.
A DIVINDADE DE CRISTO NO NOVO TESTAMENTO
Um elemento decisivo na doutrina da Trindade é a divindade de Cristo. Sendo que a doutrina da Trindade ensina que há um Deus em três pessoas, e que cada uma dessas pessoas é plenamente Deus, torna-se importante verificar o que as Escrituras ensinam acerca da divindade de Cristo.
Há várias passagens no Novo Testamento que afirmam claramente a plena divindade de Cristo:
(1) João 1:1-3, 14
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.” A frase introdutória “no princípio” (sem o artigo) nos leva de volta ao início do tempo. Se o Verbo era “no princípio”, então Ele mesmo era sem princípio, que é outra maneira de dizer que Ele era eterno.
“O Verbo estava com Deus” nos diz que o Verbo é uma pessoa ou personalidade distinta. O Verbo não estava “em” (gr. en) Deus, mas “com” (pros) Deus.
“E o Verbo era Deus”, ou, mais literalmente: “e Deus era o Verbo.” O Verbo não era uma emanação de Deus, mas o próprio Deus. Conquanto o verso 1 não nos diga quem é o Verbo, o verso 14 claramente O identifica com Cristo. “Uma afirmação mais enfática e inequívoca da absoluta Divindade do Senhor Jesus Cristo é impossível de conceber.”12
(2) João 20:28
“Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu e Deus meu!” Esta é a única ocasião nos Evangelhos em que alguém diz a Cristo “Deus meu” (ho Theós mou). Quando Tomé viu o Cristo ressurreto, o duvidoso foi transformado num adorador. É significativo que nem Cristo, na ocasião em que isto ocorreu, nem João ao escrever o Evangelho, tenham desaprovado o que Tomé disse. Ao contrário, tanto quanto se referia a João, esse episódio constituiu um ponto importante em sua narração, pois ele imediatamente diz ao leitor: "Na verdade, fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram registados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome (20:30, 31)"
O que João está dizendo, portanto, é que “este livro foi escrito para persuadir as pessoas a imitarem Tomé, que chamou Jesus de ‘Senhor meu e Deus meu’”.
(3) Filipenses 2:5-7
Apesar de esta passagem ter sido escrita para ilustrar a humildade, ela é um dos textos fundamentais do Novo Testamento para apoiar a divindade de Cristo. “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma [gr. morfê] de Deus, não julgou como usurpação [harpagmós] o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma [morfê] de servo, tornando-se em semelhança de homens.”
Morfê (“forma” ou “aparência visível”) descreve a natureza genuína de uma coisa, sua essência. “Não se refere a qualquer forma mutável, mas à forma específica da qual dependem identidade e condição.”13 Morfê contrasta com skéma (2:7), que também significa “forma”, mas no sentido de aparência superficial em vez de essência. O substantivo harpagmós aparece somente neste texto do Novo Testamento; o verbo correspondente significa “roubar, tomar à força”. No grego secular o substantivo significa “roubo”. Todavia, o contexto esclarece que Jesus não cobiçou, ou não tentou roubar a “igualdade com Deus”. Ao contrário, Ele não tentou apegar-Se à igualdade com Deus que Ele possuía de modo intrínseco. Em outras palavras, Ele não tentou reter pela força Sua igualdade com Deus, mas “tratou-a como uma ocasião para renunciar a cada vantagem ou privilégio que desse modo Lhe pudesse ter vindo, como uma oportunidade para auto-empobrecimento e sacrifício de Si mesmo sem reservas.”14 Este é o significado de “a si mesmo se esvaziou”. Sua igualdade com Deus era algo que Ele possuía de maneira intrínseca; e alguém que é igual a Deus deve ser Deus. Por conseguinte, Filipenses 2:5-7 “é uma passagem que exige para sua compreensão a idéia de que Jesus era divino no mais pleno sentido.”15
(4) Colossenses 2:9
“Porquanto, nele habita, corporalmente [gr. somatikôs], toda a plenitude [pleroma] da Divindade.” A palavra pleroma tem o significado básico de “plenitude, cumprimento”. No Antigo Testamento, ela se refere repetidamente à terra e “toda a sua plenitude” (Sl 24:1; cf. 50:12; 89:11; 96:11; 98:7), que é citada em 1 Coríntios 1:26, 28. No grego secular, pleroma se referia ao pleno complemento da tripulação de um navio ou à quantidade necessária para completar uma transação financeira. Em Colossenses 1:19 e 2:9, Paulo usa a palavra para descrever a soma total de cada função da divindade.16 Essa plenitude habita em Cristo “corporalmente”; isto é, mesmo durante Sua encarnação, Cristo reteve todos os atributos essenciais da divindade, embora não os utilizasse em Seu próprio proveito. A plenitude da Divindade fez sua habitação em Sua humanidade sem consumi-la ou deificá-la, ou mudar quaisquer de suas propriedades essenciais… Via-se facilmente que a Divindade habitava naquela humanidade (ou natureza humana), pois lampejos de Sua glória brilhavam freqüentemente através de sua cobertura terrestre.17
(5) Tito 2:13
Paulo descreve os santos como “aguardando a bendita esperança e o glorioso aparecimento do nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo” (NKJV [New King James Version]). A KJV traduz esta passagem como “o glorioso aparecimento do grande Deus e nosso Salvador Jesus Cristo”, apresentando os santos à espera do Pai e do Filho. Conquanto esta tradução seja possível, a NKJV deve ser preferida pelas seguintes razões: (1) Os dois substantivos “Deus” e “Salvador” estão ligados por um só artigo, indicando que, por via de regra, os dois substantivos são duas designações para um único objeto. (2) Todo o Novo Testamento aguarda a segunda vinda de Cristo. (3) O contexto do verso 14 fala somente de Cristo. (4) Esta interpretação está em harmonia com outras passagens tais como João 20:28; Romanos 9:5; Hebreus 1:8; 2 Pedro 1:1. O texto de Tito 2:13 é, portanto, é uma asserção explícita à divindade de Cristo.
A DIVINDADE DE CRISTO NO ANTIGO TESTAMENTO
Não somente é Jesus chamado Deus no Novo Testamento, mas Ele é também chamado Senhor e Deus em citações do Antigo Testamento onde a palavra hebraica é Yahweh ou Elohim.
(1) Mateus 3:3
“Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor.” Segundo o verso 1, este texto de Isaías se refere a João Batista, que foi o precursor de Jesus. Em Isaías 40:3, a palavra para Senhor é Yahweh. Portanto , “o Senhor” cujo caminho João devia preparar não era nenhum outro senão o próprio Yahweh.
(2) Romanos 10:13
“Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.” O contexto (vs. 6-12) deixa claro que Paulo está pensando em Cristo quando se refere ao “nome do Senhor”. O texto é uma citação de Joel 2:32 onde a palavra para Senhor no hebraico é, outra vez, Yahweh.
(3) Romanos 14:10
Neste texto, Paulo relembra a seus leitores que “todos havemos de comparecer ante o tribunal de Cristo” (versão Almeida Revista e Corrigida). Ele, então, adiciona uma citação de Isaías 45:23 que diz: “Pela minha vida, diz o Senhor, todo joelho se dobrará diante de mim, e toda língua confessará a Deus.” Em Isaías o que fala é Yahweh; no livro de Romanos, o mesmo texto é aplicado a Cristo.
(4) Hebreus 1:8, 9
“O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre… Deus, o teu Deus te ungiu.” Neste capítulo, sete textos do Antigo Testamento são usados para apoiar o argumento de que Cristo é superior aos anjos. O quinto texto, citado nos versos 8 e 9, vem do Salmo 45:6, 7, no qual um rei da casa de Davi é tratado como “Deus”. Trata-se de uma hipérbole poética – como é, às vezes, encontrada em cortes orientais – ou está esse texto apontando para uma outra pessoa além do príncipe do Antigo Testamento da casa de Davi?
Para os poetas e profetas hebreus, um príncipe da casa de Davi era o vice-regente do Deus de Israel; ele pertencia a uma dinastia à qual Deus havia feito promessas especiais ligadas à realização de Seu propósito no mundo. Além disso, o que era apenas parcialmente verdade de qualquer um dos governantes históricos da linhagem de Davi, ou mesmo do próprio Davi, seria realizado em sua plenitude quando aparecesse o Filho de Davi em quem todas as promessas e ideais associados com a dinastia seriam incorporados. E agora, finalmente, o Messias havia surgido. Em um sentido mais amplo do que era possível para Davi ou qualquer dos seus sucessores nos dias antigos, esse Messias pode ser tratado não meramente como Filho de Deus (verso 5) mas realmente como Deus, pois Ele é o Messias da linhagem de Davi e também o resplendor da glória de Deus e a própria imagem de Sua substância.18
Todas estas passagens indicam que Cristo, Deus e Yahweh são um.
JESUS E A SUA CONSCIÊNCIA DE SI MESMO
Jesus nunca afirmou diretamente Sua divindade; todavia, Seu ensino estava permeado de conceitos trinitarianos. De acordo com a ideia hebraica de filiação (ou seja, tudo que o pai é, o filho é também), Jesus afirmou ser o Filho de Deus (Mt 9:27; 24:36; Lc 10:22; Jo 9:35-37; 11:4). Os judeus entenderam que pela reivindicação de ser o Filho de Deus Ele estava reivindicando igualdade com Deus: “Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não somente violava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus” (Jo 5:18; cf. 10:33).
Repetidamente, Jesus afirmou possuir o que propriamente só pertence a Deus. “Ele falou dos anjos de Deus (Lc 12:8-9; 15:10) como Seus anjos (Mt 13:41). Ele considerava o reino de Deus (Mt 12:28; 19:14, 24; 21:31, 34) e os eleitos de Deus (Mc 13:20) como Sua propriedade.”19Em Lucas 5:20, Jesus perdoou os pecados ao paralítico, e os judeus, baseados em Isaías 43:25, arguiram corretamente: “Quem pode perdoar pecados, senão Deus?” Destarte, estava implícita na ação de Jesus de perdoar a pretensão de ser Deus.
A divindade de Cristo é também indicada pelo Seu uso do tempo presente em Sua resposta aos judeus: “Antes que Abraão existisse [genesthai], Eu Sou [ego eimi]” (Jo 8:58). Usando os termos genesthai (“nasceu” ou “se tornou”) e ego eimi (Eu Sou), Jesus contrasta Sua existência eterna com o início histórico da existência de Abraão. É a eternidade do ser, e não simplesmente a preexistência antes de Abraão, que é expressa aqui. Ao menos os judeus entenderam isto desse modo; perceberam que Jesus reivindicava ser Yahweh, o Eu Sou da sarça ardente (Êx 3:14), e pegaram em pedras para matá-Lo (8:59).
Finalmente, o fato de que Jesus aceitava a adoração de outros é evidência de que Ele mesmo reconhecia Sua divindade. Após Jesus ter vindo aos discípulos andando sobre a água, eles “o adoraram” (Mt 14:33). O cego cuja vista foi restaurada depois de lavar-se no tanque de Siloé “o adorou” (Jo 9:38). Depois da ressurreição, os discípulos foram para a Galiléia, onde Jesus lhes apareceu e eles “o adoraram” (Mt 28:17).
Reiteradamente Jesus aceitou a adoração como algo perfeitamente correto. Ele, desse modo, demonstrou direta pretensão à divindade.
TEXTOS DIFÍCEIS
Os antitrinitarianos usam vários textos bíblicos para apoiar sua alegação de que Jesus foi “gerado” em algum tempo da eternidade (quer dizer, Ele teve um princípio e, portanto, não é absolutamente igual a Deus).
(1) Apocalipse 3:14
“Jesus, o princípio da criação de Deus.” Alega-se que Jesus foi criado em algum momento no passado, que Ele foi a primeira obra de Deus.
Resposta:
(a) A palavra grega arquê pode ser traduzida por “princípio”, “ponto de origem”, “primeira causa” ou “governante”. O próprio Pai é chamado “princípio” em Apocalipse 21:6.
(b) O mesmo título é usado para Jesus em Apocalipse 22:13. Conquanto a palavra arquê possa ter um sentido passivo, que faria de Jesus o primeiro ser criado, o sentido ativo da palavra torna-O a primeira causa (ou causa primária), agente motor, ou o Criador. Que Jesus não é o primeiro ser criado, mas o próprio Criador, é o testemunho de outros textos do Novo Testamento (veja Jo 1:3; Cl 1:16; Hb 1:2).
(2) Provérbios 8:22-31
“Eu fui gerada.” Afirma-se que esta passagem, se refere a Jesus e ensina que Jesus nasceu ou foi criado.
Resposta:
(a) O contexto fala acerca da “sabedoria”, não de Jesus. A personificação da sabedoria é um artifício literário que ocorre também noutras partes das Escrituras. No Salmo 85:10-13 temos “misericórdia e verdade” se encontrando, “justiça e paz” se beijando, e a “verdade” brotando da terra. No Salmo 96:12, “o campo” está alegre, e “todas as árvores do bosque” se regozijam “na presença do Senhor.” (Veja também 1 Cr 16:33; Is 52:9; Ap 20:13-14). Esta espécie de linguagem não deve ser interpretada literalmente. “A personificação é um artifício literário e poético que serve para criar atmosfera, e para avivar ideias abstratas e objetos inanimados, representando-os como se fossem seres humanos.”21
(b) A personificação do divino atributo da sabedoria como uma mulher inicia-se no capítulo 1. “Grita na rua a Sabedoria, nas praças levanta a voz” (1:20). No capítulo 3 nos é dito: “Mais preciosa é do que pérolas” e “todas as suas veredas” são “paz” (3:15, 17). No capítulo 7, ela é chamada de “irmã” (7:4), e, no capítulo 8, a sabedoria habita com a prudência, outra personificação (8:12). A sabedoria personificada é também o assunto de Provérbios 9:1-5. A aplicação destas passagens a Jesus requer um método alegórico de interpretação bíblica que conduz a pontos de vista incompatíveis com outras passagens. Foi esta espécie de hermenêutica que levou os Reformadores a rejeitar o método alegórico de interpretação. Também deve-se notar que nenhum verso desta passagem é citado no Novo Testamento.
(c) Provérbios 8:22-31 contém imagem poética que precisa ser cuidadosamente interpretada. A primeira frase do verso 22 pode ser traduzida por: “O Senhor me possuía” (KJV, NIV); “O Senhor me criou” (RSV, NEB); ou “O Senhor me gerou” (NAB). O significado básico do verbo qanah é “comprar, adquirir”, donde vem “possuir”; mas as duas outras traduções são possíveis. Ao lado de qanah, duas outras palavras se referem à origem da sabedoria: nasak (“estabelecer”; 8:23), e chil (“nascer”; 8:24, 25). O pensamento básico desta passagem é sempre o mesmo: a sabedoria estava com Deus antes do início da Criação. Quer Deus a tenha criado ou quer ela tenha sido gerada ou simplesmente possuída, não é o ponto focal. O que é fundamental não é a maneira de sua origem, mas, antes, sua antiguidade e precedência dentro da Criação de Deus. Sendo que a linguagem é poética e metafórica, não deve ser usada para estabelecer coisa alguma concernente à suposta origem de Cristo.
Ellen White às vezes aplicou Provérbios 8 homileticamente a Cristo, mas ela usou o texto para sugerir Sua preexistência eterna. Antes de citar Provérbios 8 ela diz: “Cristo era, essencialmente e no mais alto sentido, Deus. Estava Ele com Deus desde toda a eternidade, Deus sobre todos, bendito para todo o sempre.”22
(3) Colossenses 1:15
“Jesus, o primogênito.” Sendo que Jesus é chamado o “primogênito” (prototokos), argumenta-se que Ele deve ter tido um princípio.
Resposta:
(a) A expressão prototokos (“primogênito”) neste texto é um título, não uma definição de Sua condição biológica. De acordo com 1:16, tudo foi criado por Jesus. Portanto, Ele não pode ter criado a Si mesmo.
(b) O termo “primogênito” tinha um significado especial para os hebreus. Em geral, o primogênito era o líder de um grupo de pessoas ou de uma tribo, o sacerdote da família, e o que recebia duas vezes mais da herança do que seus irmãos. Ele tinha certos privilégios bem como responsabilidades. Às vezes, porém, o fato de que alguém era o primogênito não importava aos olhos de Deus. Por exemplo, embora Davi fosse o filho mais novo, Deus o chamou de “meu primogênito” (Sl 89:20, 27). A segunda linha do paralelismo no verso 27, nos diz que isto significava que ele deveria se tornar o rei mais exaltado. Veja também a experiência de Jacó (Gn 25:25-26 e Êx 4:22) e Efraim (Gn 41-50-52 e Jr 31:9). Nestes casos, o elemento tempo “primeiro” foi apagado. Era importante apenas a posição especial e a dignidade da pessoa chamada o “primogênito”. No caso de Jesus, este termo também se refere à Sua exaltada posição e não a um momento do tempo no qual Ele nasceu. Em Colossenses 1:18, Cristo é chamado “o primogênito de entre os mortos.” Embora Ele não fosse cronologicamente o primeiro (Moisés e outros O haviam precedido), Ele é o preeminente.
(4) João 1:1-3
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.” Alega-se que há uma distinção entre Deus o Pai, que é o Deus, e Jesus, que é apenas um deus. O termo grego para Deus (theós) é encontrado com o artigo ‘o (ho), “o Deus”, ou sem o artigo, “um deus” ou “Deus”. Em João 1:1-3 o Pai é chamado ho theós, ao passo que o Filho é chamado theós. Justifica isto a alegação de que o Pai é o Deus Todo-poderoso, enquanto que o Filho é apenas um deus?
Resposta:
(a) O termo theós sem o artigo é frequentemente usado também para o Pai, até no mesmo capítulo (veja Jo 1:6, 13, 18; Lc 2:14; At 5:39; 1Ts 2:5; 1Jo 4:12 e 2Jo 9). Jesus é também “o Deus” (Hb 1:8-9; Jo 20:28). Em outras palavras, o uso do termo Deus – com ou sem o artigo – não pode ser usado para fazer uma distinção entre Deus o Pai e Deus o Filho. Deus o Pai é theós e ho theós, e assim também é o Filho.
Muitas vezes, a ausência do artigo em grego denota qualidade especial e não deve ser traduzido com o artigo indefinido “um”.
(b) Se João tivesse usado o artigo definido cada vez que ocorre theós, ele estaria afirmando que há apenas uma pessoa divina. O Pai seria o Filho. Diz João 1:1: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com ho theós, e o Verbo era théos. Se João tivesse usado apenas ho theós, ele estaria dizendo: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com ho theós, e o Verbo era ho theós. De acordo com João 1:14, o Verbo é Jesus. Portanto, substituindo “Verbo” por “Jesus” obtemos a sentença: “No princípio era Jesus, e Jesus estava com ho theós, e Jesus era ho theós.” Ho theós se refere claramente ao Pai. O texto modificado diria: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com o Pai, e o Verbo era o Pai.” Isso está teologicamente errado. Falando acerca das duas pessoas da Divindade, João não tinha outra escolha senão usar uma vez ho theós e na próxima vez theós. Portanto, a ausência do artigo no segundo caso não pode ser usada para argumentar contra a igualdade entre o Pai e o Filho.
(5) João 1:14, 18; 3:16, 18; 1 João 4:9
“O Filho unigênito (monoguenês).” Sugere-se que a palavra monoguenês aponta para uma geração literal de Jesus.
Resposta:
(a) A palavra monoguenês significa “único, único de uma espécie, singular”. Ocorre nove vezes no Novo Testamento. Encontra-se três vezes em Lucas (7:12; 8:42; 9:38), onde sempre se refere a um único filho. É encontrada cinco vezes nos escritos de João (Jo 1:14, 18; 3:16, 18; 1 Jo 4:9) como uma designação da relação de Jesus com Deus. Ocorre somente uma vez em Hebreus 11:17, onde Isaque é chamado o filho monoguenês de Abraão. Isaque não era o filho único de Abraão, mas era o filho singular, invulgar, o único filho da promessa. A ênfase não é sobre o nascimento, mas sobre a singularidade do filho. Portanto, a tradução “único” ou “singular” deve ser preferida. A tradução “unigênito” pode ter se originado com os primeiros Pais da Igreja e se encontra na Vulgata. A última, por sua vez, influenciou traduções posteriores.
O termo normal para gerado é gennao, que se encontra em Hebreus 1:5 e pode apontar para a ressurreição ou encarnação de Cristo.
Na LXX (Septuaginta) o termo monoguenês é a tradução do hebraico yachid, que significa “único, singular” ou “amado” (cf. Mc 1:11, em conexão com o batismo de Cristo).
Não está claro se monoguenês se refere apenas ao Senhor histórico e ressurreto ou também ao Senhor preexistente. É de interesse notar, porém, que nem em 1:1-14, nem em 8:58, nem no capítulo 17, João usa o termo “Filho” para o Senhor preexistente.
(6) Mateus 14:33
“Tu és o Filho de Deus.” Pode o título “Filho de Deus” ser compreendido literalmente?
Resposta:
(a) Esse título é um título messiânico. (veja Sl 2:7; At 13:33; Hb 1:5). Enfatiza a divindade de Cristo. Jesus usou este título muito raramente para Si mesmo (somente em João, p. ex., Jo 11:4). É um dos muitos títulos que Jesus possuía. Na tentativa de compreender o que Jesus é, todos eles precisam ser investigados a fim de se obter uma visão coerente. Que o título “Filho de Deus” enfatiza a divindade de Cristo é evidente de João 10:29-36. Isso é ainda mais apoiado pelo fato de que o Filho é a imagem exata de Deus, sendo igual a Deus (Cl 1:15; Hb 1:3; Fp 2:6).
(b) A palavra “filho” tem uma ampla extensão de significados na língua original. Portanto, não é possível reduzi-la aos estreitos limites da língua inglesa (ou portuguesa) e defini-la de uma maneira puramente literal. A filiação de Jesus é atestada em conexão com o Seu nascimento (Lc 1:35), batismo (Lc 3:22), transfiguração (Lc 9:35) e ressurreição (At 13:32-33). A Bíblia silencia quanto à questão sobre se este título descreve a relação eterna entre Pai e Filho. Em qualquer caso, as Escrituras atribuem existência eterna a Jesus (Is 6:6; Ap 1:17, 18).
Durante Sua encarnação, Jesus subordinou-Se voluntariamente ao Pai, sendo o Filho de Deus. Isto incluía a entrega das prerrogativas, mas não a natureza da divindade. O Senhor ressurreto, sendo entronizado como rei e sacerdote, também aceita voluntariamente a prioridade do Pai, mas Ele e o Pai são – segundo as Escrituras – ambos Deus, personalidades coeternas e coiguais de uma só Divindade.
O ESPÍRITO SANTO COMO SER PESSOAL
Que o Espírito Santo é uma pessoa divina, igual ao Pai e ao Filho em poder, substância e glória, manifesta-se através das Escrituras.
Alguns têm indagado se o Espírito Santo é uma pessoa distinta ou apenas o “poder” ou a “força” de Deus. Há vários versos onde o Espírito Santo é mencionado junto com o Pai e o Filho (Mt 28:19; 1Co 12:4-6; 2Co 13:13). Uma vez que o Pai e o Filho são pessoas, isto indica que o Espírito Santo deve ser também uma pessoa.
Frequentemente, o pronome masculino “ele” é usado com referência ao Espírito Santo (Jo 14:26; 15:26; 16:13, 14) apesar do fato de que a palavra para Espírito em grego (pneuma) é neutra e não masculina.
A palavra “conselheiro” ou “consolador” (parakletos) uniformemente se refere a uma pessoa, não a uma força.
É dito que o Espírito Santo fala (At 8:29), ensina (Jo 14:26), dá testemunho (Jo 15:26), intercede em favor de outros (Rm 8:26-27), distribui dons a outros (1Co 12:11), e proíbe ou permite certas coisas (At 16:6-7). De acordo com Efésios 4:30, o Espírito Santo pode ser também entristecido pelas pessoas. Todas estas atividades são características de uma pessoa, não de uma força.
O ESPÍRITO SANTO COMO DEUS
Vários textos das Escrituras descrevem o Espírito Santo como Deus:
(a) Mateus 28:19 “…batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.” Este texto coloca o Espírito Santo em um nível igual ao do Pai e do Filho.
(b) Pedro disse a Ananias que, mentindo ao Espírito Santo, ele havia mentido não “aos homens, mas a Deus” (At 5:3-4).
(c) O Espírito Santo é onipotente. Ele distribui dons espirituais “a cada um individualmente como lhe apraz” (1Co 12:11). Ele é onipresente. Habitará com o Seu povo “para sempre” (Jo 14:6). Ninguém pode furtar-se à Sua influência (Sl 139:7-10). Ele é também onisciente, “porque o Espírito a todas as cousas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus” e “as cousas de Deus ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus” (1Co 2:10, 11).23
(d) Ellen White cria firmemente na personalidade do Espírito Santo. “Precisamos reconhecer que o Espírito Santo, que é tanto uma pessoa como o próprio Deus, está andando por esses terrenos.”24
CONCLUSÃO
Embora com a doutrina da Trindade haja certas dificuldades textuais e conceituais, nosso estudo do Antigo e do Novo Testamento tem produzido algumas possíveis respostas. Temos visto que a Divindade existe em uma pluralidade, que Jesus é Deus, coexistente com o Pai desde a eternidade, e que o Espírito Santo é a terceira pessoa da Divindade.
Os textos difíceis da Bíblia são melhor compreendidos em harmonia com o restante das Escrituras. É de pouco valor para a Igreja causar divisão por causa de diferentes compreensões de alguns aspectos da Divindade. Conquanto o mistério da Trindade jamais possa ser plenamente compreendido pelo homem finito, é uma doutrina bíblica que faz parte da Fé Cristã.
Gerhard Pfandl (via Pastor Adventista)
Referências
1 Artigo traduzido do original em inglês por Francisco Alves de Pontes. Salvo indicação diversa, os textos bíblicos utilizados na tradução são extraídos da Versão Almeida Revista e Atualizada.
2 W. Grudem, Teologia Sistemática (São Paulo: Vida Nova, 2002), 165.
3 Louis Berkhof, Systematic Theology (Eerdmans, 1994), 88.
4 G. A. F. Knight , A Biblical Approach to the Doctrine of the Trinity (Edinburgh, 1953), 20.
5 Ibid.↑
6 Millard J. Erickson, Christian Theology (Grand Rapids, MI: Baker, 1983), 1:329.
7 G. Ch. Aalders, Genesis (Grand Rapids, MI: Zondervan, 1981), 300.
8 Erickson, 1:338.
9 Alguns comentaristas crêem que por trás da fórmula está a linguagem das transferências de dinheiro da era helenística, de sorte que a fórmula expressa figurativamente que a pessoa batizada é “transferida” para a conta do Senhor e assim se torna Sua propriedade. Outros interpretam “nome” como “autoridade”. Destarte, alguém é batizado pela autoridade do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
10 Grudem, 230.
11 Arthur W. Pink, Exposition of the Gospel of John (Grand Rapids, MI: Zondervan, 1945), 22.
12 W. Poehlmann, “Morfê”, Exegetical Dictionary of the New Testament, 3 vols., eds. H. Balz e G. Schneider (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1981), 2:443.
13 F. F. Bruce, Philippians, NIBC (Peabody, MA: Hendrickson, 1989), 69.
14 Leon Morris, The Lord from Heaven: A Study of the New Testament Teaching in the Deity and Humanity of Jesus (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1958), 74.
15 Alguns comentaristas definem pleroma em função do pensamento gnóstico, pelo qual pleromasignifica o novo éon (ou emanação gnóstica) que encarnou-se no Redentor (Kaeseman, Essays on New Testament Themes [Londres, 1964], 158). C. F. D. Moule, porém, tem ressaltado que pleroma era uma palavra tão comum na LXX que seria preciso forte evidência para levar alguém a procurar em uma fonte externa seu significado primário em um escritor tão imergido no Antigo Testamento como Paulo (The Epistles to the Colossians and to Philemon, Cambridge Greek Testament Commentary [Cambridge, 1957], 166).
16 John Eadie, Colossians, Classic Commentary Library (Grand Rapids, MI: Zondervan, 1957), 145.
17 F. F. Bruce, Hebrews, NICNT (Grand Rapids, MI: Eerdmans,. 1964), 19, 20.
18 Erickson, 326.
19 Sou grato ao meu colega Ekkehardt Mueller pelo material deste parágrafo.
20 Kenneth T. Aitken, Proverbs (Westminster Press, 1986), 85.
21 Mensagens Escolhidas, 1:247.
22 Nisto Cremos: 27 ensinos bíblicos dos adventistas do sétimo dia (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1988), 90.
23 Evangelismo, 616.
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