Poucas palavras evocam sentimentos tão positivos como “liberdade”. De poetas a publicitários, de filósofos a políticos, de escravos a libertários, todos apelam para o conceito, embora nem sempre entendam ou vivam a verdadeira liberdade. Dependendo do momento histórico, esse tema ganha ainda mais relevância. Hoje se fala muito em liberdade, mas ela corre risco.
A Bíblia menciona frequentemente esse tópico. Por exemplo, ela diz que devemos escolher os caminhos da vida e não da morte (Dt 30:19); o Espírito do Senhor ungiu Jesus para proclamar a liberdade (Lc 4:18); a verdade e o Filho libertam (Jo 8:32, 36); onde está o Espírito está a liberdade (2Co 3:17); “tudo” é permitido, mas nem tudo convém (1Co 6:12); devemos viver como pessoas livres, mas não podemos abusar da liberdade e usá-la para o mal (Gl 5:13; 1Pe 2:16).
A ideia bíblica de liberdade, portanto, não é no sentido de uma licença para agir como quiser. Como ensina uma antiga ilustração, o trem é livre enquanto permanece no trilho. Se ele sair do trilho, ganha certa “liberdade” superficial, mas perde a verdadeira liberdade para ir, vir e cumprir seu propósito. O mesmo acontece com as pessoas que saem dos “trilhos”. Liberdade não é o direito de fazer o que é errado, mas ter a opção de fazer o que é certo.
Ellen G. White diz: "Verdadeira liberdade e independência são encontradas no serviço de Deus. Este serviço não imporá sobre vós nenhuma restrição que não aumente a vossa felicidade. Acedendo aos Seus reclamos, encontrareis tal paz, contentamento e prazer que nunca poderíeis desfrutar na vereda de desenfreada licenciosidade e pecado. Estudai então devidamente a natureza da liberdade que desejais. É ela a liberdade dos filhos de Deus, para serem livres em Cristo Jesus? Ou chamais liberdade à condescendência egoísta com paixões baixas? Tal liberdade conduz ao mais penoso remorso; é a escravidão mais cruel" (Fundamentos da Educação Cristã, p. 88).
Muitas pessoas querem ser livres, mas não aceitam se submeter a Deus. Não existe liberdade sem estar ligado a Cristo. Só existem dois senhores, e temos que decidir a qual deles serviremos. As escolhas do dia a dia determinam se de fato somos livres ou não.
Ellen G. White afirma: "Toda pessoa que recusa entregar-se a Deus, acha-se sob o domínio de outro poder. Não pertence a si mesma. Pode falar de liberdade, mas está na mais vil servidão. Não lhe é permitido ver a beleza da verdade, pois sua mente se encontra sob o poder de Satanás. Enquanto se lisonjeia de seguir os ditames de seu próprio discernimento, obedece à vontade do príncipe das trevas. Cristo veio quebrar as algemas da escravidão do pecado para a alma. 'Se pois o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.' 'A lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus” nos liberta “da lei do pecado e da morte' (Romanos 8:2)" (O Desejado se Todas as Nações, p. 32).
O pecado cria amarras que só podem ser quebradas pelo poder de Deus. Por meio dEle, recebemos três tipos de liberdade:
1. Liberdade de consciência. Não existe liberdade que não nasça na consciência. E somente Jesus pode oferecer esse tipo de coisa. Nascemos pecadores, inclinados a fazer o que é errado, dignos de condenação e morte eterna. Mas, quando aceitamos que nossa culpa foi paga por Jesus, a sentença condenatória é tirada de nossos ombros. Uma pessoa revestida da graça de Deus é como se nunca tivesse pecado. E, se eventualmente quebramos a lei de Deus e nos arrependemos, Jesus devolve nosso acesso à presença de Deus. Paulo declarou: “Portanto, agora já não há condenação para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8:1).
2. Liberdade para obedecer. Quem deseja fazer a vontade de Deus com as próprias forças pode ser considerado uma boa pessoa, mas não é livre. Em Romanos 8, encontramos a descrição da luta entre os desejos da natureza humana pecaminosa e os da nova natureza em Cristo. Paulo diz que Jesus veio nos libertar da escravidão do pecado. A graça é o único poder capaz de quebrar o domínio do pecado no coração humano.
Mesmo tendo ainda a natureza pecaminosa, depois da conversão, temos liberdade para obedecer. Por isso, rejeitamos determinadas coisas, embora a Bíblia não seja explícita em proibi-las. Por exemplo: fumar ou não fumar; ir a determinados lugares ou não; assistir a certos filmes ou não; tomar certas bebidas ou não. Fazemos o certo porque somos livres para obedecer.
3. Liberdade de conhecimento. Quanto mais conhecemos Jesus, maior é nossa liberdade (Jo 8:32). O conhecimento da verdade liberta. O conhecimento divino proporciona acesso a uma fonte inesgotável de sabedoria. Quem tem comunhão com Jesus conhece a verdade e o próprio Deus. Quem não conhece a verdade será enganado e escravizado por superstições e preconceitos. Somente aqueles que buscam o conhecimento do Senhor crescem em liberdade.
Sobre o título do post, retirado do trecho do Hino da Independência, “já raiou a liberdade no horizonte do Brasil”, o compositor Evaristo da Veiga metaforicamente coloca a liberdade com um “sol” que já raiou, ou seja, já é uma realidade. Cristo veio a este mundo “para proclamar liberdade aos cativos e a abertura de prisão aos presos” (Isaías 61:1). O Sol da Justiça nasceu “e salvação trouxe debaixo das suas asas” (Malaquias 4:2). Seja livre hoje conhecendo a verdade!
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