terça-feira, 21 de novembro de 2023

A PARÁBOLA DO BOM ARGENTINO

Certa ocasião, um brasileiro perguntou: “Mestre, o que preciso fazer para herdar a vida eterna?”. Então, o Mestre respondeu: “O que está escrito na Lei? Como você a lê?” Ele respondeu: “Ame o seu próximo como a si mesmo”. Disse o Mestre: “Você respondeu corretamente. Faça isso, e viverá”.

Mas ele, querendo justificar-se, perguntou ao Mestre: “E quem é o meu próximo?” Em resposta, disse o Mestre: “Um homem descia do Rio de Janeiro para Assunção, quando caiu nas mãos de assaltantes. Estes lhe tiraram as roupas, espancaram-no e se foram, deixando-o quase morto.

Aconteceu estar descendo pela mesma estrada um pastor. Quando viu o homem, passou pelo outro lado. E assim também um apóstolo; quando chegou ao lugar e o viu, passou pelo outro lado. Mas um argentino, estando de viagem, chegou até ali, e quando viu o homem, teve muita pena dele. Aproximou-se, enfaixou-lhe as feridas, derramando nelas vinho e óleo. Depois colocou-o sobre o seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e cuidou dele. No dia seguinte, deu dois pesos ao hospedeiro e disse: “Cuide dele. Quando eu voltar, pagarei todas as despesas que você tiver”.

“Qual destes três, você acha que foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?”

Depois de muito auto-contorcimento, caras e bocas, respondeu o brasileiro: “O argentino, que teve misericórdia dele”. E o Mestre disse: "Pois vá e faça a mesma coisa."

Que essa história sirva para atenuar, um pouco, a centenária rivalidade no futebol entre Brasil e Argentina. Afinal, hoje é dia de jogaço pelas eliminatórias da Copa do Mundo. Agora, falando sério...

Em Lucas 10:25-37 encontramos uma história que nos ensina muitas verdades, e cada vez que a lemos, aprendemos muitas lições. Ela é conhecida como O Bom Samaritano. A escritora Ellen White escreveu que nessa história, Cristo ilustra “a natureza da verdadeira religião. Mostra que a religião consiste, não em sistemas, credos ou ritos, mas no cumprimento de atos de amor, no proporcionar aos outros o maior bem, na genuína bondade.” Ela diz mais: "Cristo mostrou que nosso próximo não quer dizer simplesmente alguém de nossa igreja ou da mesma fé. Não tem que ver com distinção de raça, cor, ou classe. Nosso próximo é todo aquele que necessita de nosso auxílio. Nosso próximo é toda alma que se acha ferida e quebrantada pelo adversário. Nosso próximo é todo aquele que é propriedade de Deus."

Qual dos três era o próximo daquele homem sofredor? O sacerdote? O levita? O samaritano? Qual foi a resposta do intérprete da lei? O que teve misericórdia dele. Ellen White comenta que o doutor da lei não quis pronunciar o nome samaritano para fazer tal elogio. Jesus percebeu isso.

Quantas vezes nós, cristãos do século XXI, temos agido como o intérprete da lei, evitando reconhecer as virtudes daqueles que não consideramos como irmãos? Quantas vezes temos agido como o sacerdote, como o levita, agairrados a formalismos, a tradicionalismos, ignorando a lei do amor de Deus? Nós somos iguais a eles quando colocamos o EU em primeiro lugar. Quando as tradições, as normas de igreja só interessam para satisfazer o ego. Quando as normas de cerimonialismo são mais importantes que a grande lei do amor de Deus. Quando não reconhecemos que todos os seres humanos, filhos de Deus, são o nosso próximo (o homem, a mulher, a criança, o idoso, o jovem, o magro, o gordo, o alto, o baixo, o bonito, o feio, o rico, o pobre, o brasileiro, o argentino...).

O meu próximo não tem que ser alguém igual a mim: da mesma religião, do mesmo grupo de amigos, da mesma cidade, da mesma nacionalidade etc. O meu próximo é toda e qualquer pessoa neste mundo.

Ellen White continua dizendo que “na história do bom samaritano, Jesus ofereceu uma descrição de Si mesmo e de Sua missão. O homem fora enganado, ferido, despojado e arruinado por Satanás, sendo deixado a perecer; o Salvador, porém, teve compaixão de nosso estado de desamparo. Deixou Sua glória, para vir em nosso socorro. Achou-nos quase a morrer, e tomou-nos ao Seu cuidado. Curou-nos as feridas. Cobriu-nos com Sua veste de justiça” (O Desejado de todas as Nações, p. 497-505).

O Bom Samaritano das nossas vidas é Cristo. Ele nos encontrou como mortos, caídos pela ação do pecado, porque fomos atacados por Satanás (os salteadores), mas ele nos cuida, nos salva e nos tira da condição de semimortos e garante o pagamento, com o seu sangue na cruz, conduzindo-nos ao Pai (o hospedeiro), dizendo: receba esta pessoa, aceite-a bem, pois eu garanto o pagamento de todas as despesas, eu pago o preço para que ela seja curada e transformada.

Adaptação de texto de Unção Outros Não

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