quarta-feira, 1 de novembro de 2023

DIA DE TODOS OS SANTOS

A Igreja Católica celebra o Dia de Todos os Santos (Festum Omnium Sanctorum) anualmente no dia 1 de novembro. A origem do dia remonta ao século II, quando os cristãos começaram a honrar os que tinham sido perseguidos e martirizados por causa da sua fé. No século VIII, o Papa Gregório III dedicou uma capela a todos os santos na Basílica de São Pedro em Roma, e a data foi oficialmente reconhecida para se celebrar a todos os santos da Igreja Católica, principalmente aqueles que não tinham um dia específico para eles. O Papa Gregório IV foi responsável, em 840, por difundir o então chamado Dia de Todos os Santos por todo o mundo, ordenando sua celebração universal.

Para o cristianismo católico, "santo" é todo aquele que já está no céu, junto de Deus, aguardando a parúsia (segunda vinda de Cristo). Aqueles que a Igreja Católica reconhece como santos, através da canonização, são as pessoas que desempenharam uma obra admirável, ou cuja vida serve de testemunho aos demais católicos. Esse título denota que, além de grande caráter, a pessoa está na graça de Deus (no Céu), mas a falta desse reconhecimento formal não significa necessariamente que o indivíduo não seja um santo. Aqueles santos que não possuem o reconhecimento formal da Igreja Católica recebem o título de Santos Anônimos. E para celebrar a honra desses santos é que foi instituído o Dia de Todos os Santos.

Qual o significado de santo na Bíblia?
O conceito bíblico de santos não é o mesmo apregoado pelos que defendem a canonização. A palavra grega hagios, normalmente traduzida para santos, tem muito a ver com o conceito de pessoas separadas do pecado, portanto consagradas a Deus. Há muitos textos, mas vamos a alguns deles que evidenciam que os santos são os cristãos vivos de hoje em dia e não apenas quem já morreu. A palavra não denota um grupo de pessoas diferenciada ou em nível acima dos demais que estão militando na fé cristã ainda. O apóstolo Paulo, testemunhando ao rei Agripa, relembra que ele perseguiu muitos santos e os jogou nas prisões (Atos 26:10). Ainda ele, autor da carta aos romanos, destaca na introdução que os destinatários de sua epístola são santos (Romanos 1:7). E vai mais além. Diz que, em determinado momento da história do mundo, os santos hão de julgar o mundo (1 Coríntios 6:2). Ele está falando de gente comum que decide se colocar nas mãos de Deus e abandonar o pecado ou de um grupo seleto de gente que, por decisão de homens, passa a exibir esse status de santos? Há outros textos nessa mesma linha e a ideia é a mesma.

Os santos, na Bíblia, são os que passam pelo processo de santificação aqui e isso não está associado a meramente se fazer obras em favor dos outros. O apóstolo Pedro destaca que, assim como Deus é santo, Ele espera que Seus filhos se tornem santos (1 Pedro 1:15). Mas não há indicação de que essa busca por santidade deva acontecer somente depois da morte e nem que está baseada apenas em boas obras praticadas. É uma ação divina que acontece obviamente enquanto a pessoa está viva (1 Tessalonicenses 5:23) e que vai até a vinda de Jesus Cristo. Logicamente se Deus habitar na vida de uma pessoa e impressionar sua mente, isso resultará em mudança de comportamento e consequente realização de obras dignas (Efésios 2:8-10 e Filipenses 2:12,13).

Não há qualquer aprovação divina para que alguém busque pessoas mortas como intercessores perante Ele. Os mortos não possuem consciência do que se passa com os vivos (Eclesiastes 9:5,6 e Jó 7:8-10), portanto, não podem ser intercessores junto a Deus. No livro de Apocalipse, capítulo 5 e verso 8, há menção das orações dos santos, porém não há qualquer base para se pensar que mortos possam fazer preces. Está falando, em realidade, de uma visão profética dada ao apóstolo João em que ele tem um vislumbre do que é o santuário celestial e a comparação de que o incenso, que era usado no santuário terrestre no tempo em que o povo de Israel antigo mantinha essa representação autorizada divinamente, significa justamente a oração dos santos (ou seja, pessoas tementes a Deus). A única intercessão amparada pela Bíblia é a de Jesus Cristo. Apesar da reputação digna e da maneira honrosa de vida que tiveram muitos homens e mulheres fiéis cristãos ao longo dos séculos, isso não os credencia a ser intercessores junto a Deus. Há um só mediador entre Deus e os homens (I Timóteo 2:5) e, desde o tempo do santuário terrestre, fica bem claro que o sangue do cordeiro representava o perdão dos pecados, ou seja, a morte de Cristo (Hebreus 8, 9 e 10 os capítulos inteiros e Apocalipse 19).

Verdadeira santificação
A santificação é um tema de profundo interesse espiritual e teológico. A santidade é tanto um atributo de Deus como uma demanda para o crente. Embora se trate de um tema complexo e integrado por aspectos tensos, o essencial é claro. E o que Ellen G. White escreveu nos facilita para uma compreensão equilibrada e desafiante desse aspecto que é importantíssimo para a fé cristã.

"A santificação exposta nas Sagradas Escrituras tem que ver com o ser todo - as partes espiritual, física e moral. [...] A verdadeira santificação é uma inteira conformidade com a vontade de Deus. Pensamentos e sentimentos de rebelião são vencidos, e a voz de Jesus suscita uma nova vida, que penetra todo o ser. Aqueles que são verdadeiramente santificados não ostentarão sua própria opinião como uma norma do bem ou do mal." (1)

"A verdadeira santificação vem por meio da operação do princípio do amor (1 João 4:16). A vida daquele em cujo coração Cristo habita, revelará a piedade prática. O caráter será purificado, elevado, enobrecido e glorificado. A doutrina pura estará entretecida com as obras de justiça; os preceitos celestiais misturar-se-ão com as práticas santas." (2)

"Santificação significa perfeito amor, perfeita obediência, inteira conformidade com a vontade de Deus. Se nossa vida estiver ajustada à vida de Cristo mediante a santificação da mente, alma e corpo, nosso exemplo será uma poderosa influência no mundo." (3)

"Ninguém que pretenda ser santo é realmente santo. Quanto mais se aproximam de Cristo, mais lamentam suas imperfeições em comparação com Ele, pois sua consciência se torna mais sensível, e percebem melhor o pecado, assim como Deus o percebe." (4)

"Eu me assusto e me sinto indignada quando ouço um pobre e caído mortal exclamar: “Eu sou santo; estou sem pecado!”. Ninguém a quem Deus concedeu uma extraordinária visão de Sua grandeza e majestade jamais declarou algo semelhante. Ao contrário, eles se sentiam afundados na mais profunda humilhação da alma quando viam a pureza de Deus e, em contraste com ela, as imperfeições de sua própria vida e caráter." (5)

"Aceitar Jesus deve ser seguido por imitar o Seu exemplo. É um processo a que a Bíblia chama santificação. Os dois devem sempre ir juntos." (6)

"A santificação é o resultado de uma obediência que dura a vida toda." (7)

“Como Deus é santo em Sua esfera, assim deve o homem caído, mediante fé em Cristo, ser santo na sua.” (8)

Viver em santidade
Viver em santidade significa separar-se do mundo. Isso não quer dizer que você terá de fugir para as montanhas, isolar-se e nunca mais falar com incrédulos. Significa que terá de separar seu coração do sistema de valores do mundo e valorizar as coisas que Deus considera mais importantes.

Viver em santidade significa purificar-se. Purificar-se não é vestir uma túnica branca e cobrir tudo o que não é santo em sua vida. Antes, é pedir para o Deus santo purificar seu coração.

Viver em santidade significa viver no Espírito, e não na carne. Nossos pensamentos carnais podem desqualificar-nos tanto quanto nossas ações. Ore para Deus ajudá-lo viver no Espírito, não na carne.

Viver em santidade significa ser santificado por Jesus. Uma vez que aceitamos a Jesus, não podemos manter nosso antigo estilo de vida pecaminoso. Agora que Cristo vive em nós e o Espírito Santo nos guia e nos transforma, não temos mais desculpas para andar segundo nossos velhos hábitos.

Viver em santidade significa andar perto de Deus. Só conseguimos ver o Senhor com clareza quando nos esforçamos para caminhar perto dEle em pureza e paz. “Esforcem-se para viver em paz com todos e para serem santos; sem santidade ninguém verá o Senhor” (Hebreus 12:14).

Viver em santidade significa deixar Deus nos guardar. Santidade é a vontade de Deus para nossa vida, algo que Ele planejou para nós desde o princípio. E Ele é capaz de nos manter santos. Quando nosso coração deseja viver em pureza e fazer o que é certo, Deus nos guarda de cair em pecado.

Referências
1. Santificação, p. 7 e 9
2. Refletindo a Cristo, p. 73
3. Cuidado de Deus, p. 287
4. Reavivamento Verdadeiro, p. 49
5. Review and Herald, 16 de outubro de 1888
6. Um Convite à Diferença, p. 33
7. Atos dos Apóstolos, p. 314
8. Atos dos Apóstolos, p. 559

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