terça-feira, 19 de março de 2024

OS 5 VENTOS DE DOUTRINA

Estamos vivendo em dias nos quais “todo vento de doutrina” tem soprado sobre a igreja. Ellen White comenta sobre isso em um longo artigo na Review and Herald, de 11 de janeiro de 1887. Segundo ela: “Os dias se aproximam rapidamente, quando haverá grande perplexidade e confusão. Satanás, vestido com vestes de anjos, enganará, se possível, os próprios eleitos. […] Todo vento de doutrina estará soprando.”

Vamos então apresentar os cinco “ventos de doutrina” que têm soprado sobre a igreja.

1. TEMPESTADE DE AREIA DA DÚVIDA
O primeiro é a “tempestade de areia da dúvida”. Caso você já tenha enfrentado uma tempestade de areia real, entende bem o que isso significa. Durante a tempestade de areia, não é possível identificar o caminho; a visão fica obscurecida; o pensamento, confuso; e o rumo, perdido.

Ao longo dos tempos, o inimigo tem usado a “tempestade de areia da dúvida”. Ele fez isso no Éden e também na tentação de Cristo, dois momentos decisivos da história da humanidade. Nos dois casos, ele torceu as palavras de Deus em favor de seu engano.

Com as dúvidas que levanta, o inimigo pretende minar a confiança na integridade da Bíblia e da mensagem adventista. Não há problema em fazer perguntas, mas, quando elas apenas provocam dúvidas e espalham incertezas, acabam destruindo a fé. Os primeiros cristãos não alcançaram o mundo pregando um Cristo que levantava dúvidas, mas um Deus que trazia certezas.

As “tempestades de areia da dúvida” são uma das estratégias do inimigo para fragilizar nossa fidelidade e enfraquecer nossa missão. Enfrente-as com a Bíblia na mão. Ela é a única lâmpada que pode iluminar seu caminho e fortalecer seus passos.

2. BRISA CONTAMINADA PELA HERESIA
Os diferentes ventos de doutrina (Ef 4:14) que sopram sobre a Igreja Adventista hoje trazem uma “brisa contaminada pela heresia”. Essa corrente de ar adoece o corpo de Cristo e transmite com rapidez o vírus do erro de uma pessoa para outra e de uma igreja para outra. Em geral, ela deixa um rastro de conflito e causa morte espiritual. Essa brisa afetou a igreja cristã apostólica e continua atingindo a igreja hoje.

Ainda no começo do cristianismo, Paulo procurou alertar Timóteo contra a heresia. Ele disse: “Continue a lembrar essas coisas a todos, advertindo-os solenemente diante de Deus, para que não se envolvam em discussões acerca de palavras; isso não traz proveito, e serve apenas para perverter os ouvintes” (2Tm 2:14, NVI). Ele chegou a nomear duas pessoas, Himeneu e Fileto, mencionando que o “ensino deles alastra-se como câncer” (2Tm 2:17, NVI).

Como uma doença mortal, ideias de mentes isoladas e sem coerência com a Bíblia causam feridas na igreja, distraem o povo de Deus, provocam desperdício de energia e atrapalham o cumprimento da missão.

Em todas as épocas, Deus tem acrescentado luz a Seu povo, e Ele faz isso conectando a nova mensagem com Sua revelação ao longo da história. Ellen White orienta: “As velhas verdades são todas essenciais; a nova verdade não é independente da antiga, mas um desdobramento dela” (Parábolas de Jesus, p. 127). Poderemos ter novas perspectivas sobre nossas crenças e doutrinas? Certamente. No entanto, qualquer nova revelação da verdade sempre estará fundamentada essencialmente no que Deus já comunicou à Sua igreja.

As heresias aparecem sempre bem disfarçadas. Essas ideias são apresentadas como nova luz e minam sorrateiramente a confiança na igreja e em sua liderança. Em geral, seus defensores assumem a posição de guardiões da verdade e se apresentam como os únicos que podem expressá-la. Isso não é o surgimento de uma nova luz, mas o ressurgimento de uma velha heresia. Como resultado, as pessoas perdem o interesse de alcançar o mundo e se tornam obcecadas em mudar a igreja.

As brisas da heresia fazem muito mal à igreja. Proteja-se delas, permanecendo fiel à Revelação e manejando bem a Palavra da verdade.

3. VENTO QUENTE DO FANATISMO
“O vento quente do fanatismo” tem soprado sobre a igreja hoje. Normalmente baseada em uma religião emocionalista, essa corrente bastante perigosa coloca os sentimentos acima da Palavra de Deus.

Para uma geração que muitas vezes é superficial em sua compreensão da Bíblia e quer uma forma instantânea de religião, o inimigo se sentirá à vontade para mostrar seus sinais e maravilhas dentro da própria igreja. E eles se transformarão na essência da fé para alguns.

Ellen White fez um contundente alerta sobre essa ameaça: “Cenas assombrosas, com as quais Satanás estará intimamente ligado, terão lugar em breve. A Palavra de Deus declara que Satanás operará milagres. Fará com que as pessoas fiquem doentes, e depois, de repente removerá delas seu poder satânico. Serão consideradas então curadas. Essas obras de cura aparente levarão os adventistas do sétimo dia à prova” (Mensagens Escolhidas, v. 2, p. 53).

Milagres têm seu lugar em nossa experiência de fé, mas não podem, de modo nenhum, substituir o valor da Palavra de Deus em nossa vida. Em breve, a igreja receberá a chuva serôdia, e muitas demonstrações de poder divino ocorrerão, mas elas jamais serão usadas como base para anular as verdades das Escrituras.

Não podemos correr o risco de ser uma geração sempre em busca de “algo mais” e que se torna presa fácil da sedução do inimigo. Se não estivermos ancorados e fundamentados em Deus e em Sua Palavra, poderemos ser levados pelo fanatismo e seu falso movimento religioso.

Precisamos ficar atentos, e isso significa observar sempre o primeiro passo do avanço que o mal esteja fazendo entre nós. Se não percebermos a maneira como ele discretamente começa a influenciar e ditar comportamentos, abraçaremos o erro como se fosse verdade. Depois da mudança de comportamentos é muito mais difícil despertar e voltar ao caminho original.

Por isso, não seja um cristão em permanente busca de êxtase e novidade, tornando-se, assim, vulnerável ao “vento quente do fanatismo”. Estabeleça sua fé e esperança na Palavra de Deus, e Ele manterá seus pés firmes, e seus olhos, abertos.

4. O VENTO GELADO DO FORMALISMO
O formalismo religioso é um dos ventos de doutrina que têm soprado com força sobre a igreja. Seus efeitos diminuem a vitalidade, a alegria e a espontaneidade cristã. Essa corrente fria de ar espiritual chega para congelar nossa essência e valorizar apenas a aparência.

Temos que dizer não ao “vento gelado do formalismo”. Ele tem fechado a porta da frente e aberto a porta dos fundos da igreja. Seu efeito empobrece a missão e aumenta a frustração. Tudo se torna muito frio e formal, sem vida, sem sentimentos, carinho, perdão, amor e aceitação. Nessa corrente, os ­rituais assumem o protagonismo, enquanto as pessoas ficam em segundo plano.

Igrejas paralisadas pelo vento gelado do formalismo perdem a sensibilidade espiritual. As pessoas mantêm sua religião por uma questão de família, tradição, hábito ou comodidade. Não surgem novos sonhos, planos e projetos. Não há ousadia, inovação nem paixão pela missão. Igrejas assim sobrevivem, mas deixam de crescer. Como disse o apóstolo Paulo, têm aparência de piedade, mas negam o seu poder (ver 2Tm 3:5).

Igrejas congeladas pelo formalismo creem que, se alterarem suas rotinas, elas se afastarão dos antigos caminhos. Apegam-se aos costumes e deixam de lado os princípios. Estão mais preocupadas em não mudar o que os pioneiros fizeram do que em encontrar alternativas bíblicas para se comunicar e influenciar a geração do século 21. É óbvio que não podemos sacrificar nosso estilo de vida nem deixarmos de ser bíblicos. Porém, precisamos encontrar caminhos eficazes para representar melhor o caráter de Cristo e comunicar o evangelho às pessoas. Jesus não veio ao mundo para preservar rituais, mas para “buscar e salvar o perdido” (Lc 19:10).

Quando nos entregamos a Jesus, o formalismo perde seu lugar. Nossas cerimônias se tornam vivas, nossos relacionamentos passam a ser autênticos, e nossa mensagem ganha força e profundidade. Ao mesmo tempo, o Senhor destrói a frieza que, muitas vezes, leva à falta de aceitação, crítica, intolerância, divisão e fanatismo.

Em igrejas submissas à Palavra de Deus, as coisas são diferentes. “O vento gelado do formalismo” para de soprar, o Espírito Santo está ativo e a transformação acontece. As pessoas são fiéis e demonstram isso vivendo em amor e engajadas na pregação do evangelho. Fuja da frieza do formalismo e mantenha sempre o equilíbrio entre a profundidade na Palavra e a intensidade no amor.

5. A BRISA SUAVE DO COMODISMO
O vento de doutrina mais perigoso que sopra sobre a igreja é a brisa suave do comodismo. Ela embala calmamente, faz com que as pessoas se sintam confortáveis e as coloca para dormir.

Essa “suave brisa” aparece claramente na descrição de Laodiceia, a sétima igreja do Apocalipse. Essa igreja é descrita tentando se equilibrar entre o calor da Palavra e o frio do secularismo. Ela tenta harmonizar as orientações de Deus com os desejos do coração humano não regenerado. Sente-se rica e abastada, mas não consegue notar que essa riqueza aparente a coloca em uma triste condição.

A brisa suave do comodismo nos faz querer entrar na igreja para adorar sem ter o desejo de sair para salvar. Ela nos torna mais exigentes com a pregação, o louvor, a arquitetura do templo, o conforto dos bancos, a acústica do som, o estilo do pastor e a fama do cantor, mas nos deixa insensíveis às necessidades do pecador.

Vemos o mundo ir de mal a pior, reconhecemos os sinais da segunda vinda de Jesus, cantamos de nossa esperança, ouvimos sobre o poder do Espírito Santo, choramos nos apelos, nos emocionamos com os batismos, mas continuamos com a velha vida.

Somos capazes de dar boas ofertas, participar em projetos desafiadores, enviar missionários, plantar novas igrejas, distribuir milhões de livros, pregar no rádio, TV e internet, mas não permitimos que o Espírito Santo nos desperte e reavive.

Nosso problema não está na visão, mas na reação. Não está no entusiasmo, mas na falta de poder. Não está no conhecimento, mas na ausência de transformação. Não está na falta de iniciativas, mas na ausência de entrega.

A descrição de Laodiceia parece pessimista, mas sua mensagem é encorajadora: “Ao anjo da igreja em Laodiceia escreve: Estas coisas diz o Amém” (Ap 3:14). Podemos confiar que, apesar de nossas limitações, o Senhor não desiste de Seus filhos. Depois de Laodiceia, não haverá outra igreja, porque quando Deus diz amém, é amém. Não há um remanescente saindo do remanescente. Não há uma oitava, nona ou décima igreja.

Laodiceia está nas mãos da “testemunha fiel e verdadeira” (Ap 3:14), que é Jesus. Não se esqueça de que Ele tem poder de espantar a brisa suave do comodismo com o fogo transformador do Espírito Santo. Permita que o Senhor faça essa obra em sua vida hoje.

[via CPB]

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