Deus nos criou como seres sexuais e nos deu algo chamado desejo sexual. Essa é uma das necessidades físicas básicas do ser humano. A ordem divina foi “sede fecundos e multiplicai-vos” (Gn 9:7). Assim como o Senhor nos deu apetite por alimento, Ele nos dotou com apetite sexual para que homens e mulheres não só desfrutem da intimidade no contexto do casamento, mas também procriem.
Nossa condição de seres sexuais com desejo sexual é parte do propósito divino para a raça humana. Contudo, desejo sexual não é o mesmo que luxúria. John Piper define luxúria com esta simples equação: “Luxúria é desejo sexual menos honra e santidade.” Quando somos lascivos, tomamos essa coisa boa – o desejo sexual – e removemos dele a honra para com os outros e a reverência para com Deus. A luxúria é um desejo idólatra que rejeita as orientações divinas e busca satisfação à parte do Senhor.
Em Mateus 5:27 e 28, Jesus ensinou que se demorar em pensamentos impuros é pecado. “Ouvistes que foi dito: Não adulterarás. Eu, porém, vos digo: qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com ela.” Cristo deixa claro que “nossos pensamentos são mais importantes do que nossas ações”. Além disso, afirma que o adultério é mais do que ter um caso extraconjugal. É algo que começa no coração – e Deus vê nosso coração e conhece nossas intenções (1Co 2:11, Hb 4:13). Suas palavras também ensinam que os limites mentais e emocionais são tão importantes quanto os limites físicos.
As implicações disso são claras quando se relacionam com pornografia, conteúdos eróticos escritos ou filmados e outros materiais que promovam o desejo sexual por alguém que não seja o cônjuge. Assim, quando qualquer pessoa é física ou emocionalmente inserida na intimidade sexual, mesmo que em pensamento, compromete a pureza do ato conjugal. Ellen G. White adverte: "A lei de Deus requer pureza não somente na vida exterior, mas também quanto às intenções e emoções secretas do coração. Cristo, que ensinou de maneira mais abrangente nossos deveres para com a lei de Deus, declarou que um mau pensamento ou um olhar é verdadeiramente tão pecado quanto o ato ilícito" (Os Escolhidos, capítulo 27, A Lei no Monte Sinai).
O apóstolo Paulo escreveu: “Entre vocês não deve haver nem sequer menção de imoralidade sexual como também de nenhuma espécie de impureza e de cobiça; pois essas coisas não são próprias para os santos” (Ef 5:3, NVI). Mas, por que o padrão divino é tão alto? Por que Deus não permite nem um pouco de luxúria, sendo Ele mesmo que criou os seres humanos com desejos sexuais?
Uma das razões pelas quais o Senhor nos exorta a purificar a vida é porque Ele sabe que a luxúria nunca fica no nível da “sugestão”. Ela anseia por mais. O resultado é que a lascívia nunca pode ser extinta. Assim que seu objetivo é alcançado, ela quer algo maior. Em Efésios 4:19, Paulo descreve o interminável ciclo da luxúria. Ele fala sobre aqueles que se afastaram de Deus perdendo “toda a vergonha e se entregaram totalmente aos vícios; eles não têm nenhum controle e fazem todo tipo de coisas indecentes” (NTLH). Esta é a recompensa da luxúria, fazer “se entregarem totalmente aos vícios”.
Ellen G. White alerta: "O matrimônio estava dentro da ordem determinada por Deus; foi uma das primeiras instituições que Ele estabeleceu. Deu instruções especiais concernentes a esta ordenança, revestindo-a de santidade e beleza; estas instruções, porém, foram esquecidas, e o casamento foi pervertido, e feito com que servisse às paixões. Aquilo que em si mesmo é lícito, é levado ao excesso. Multidões não se sentem sob qualquer obrigação moral de reprimirem seus desejos sensuais, e tornam-se escravos da luxúria" (Patriarcas e Profetas, p. 62).
Deus criou nossas necessidades para serem supridas por meio de relacionamentos reais. É preciso investir energia nas relações criadas por Deus, uma coisa que não ocorre nas relações construídas sobre o engano e a luxúria. Quando se trata de luxúria, Deus diz: “não ... nem mesmo uma sugestão”, porque não podemos ceder às exigências da lascívia e esperar satisfazê-la. Ela sempre cresce. Com isso, a luxúria nos rouba a capacidade de desfrutar de intimidade e prazer sexual saudáveis. Os cristãos, portanto, devem se manter puros ao fugir da imoralidade (1Co 6:18), pensar em coisas puras (Fp 4:8), amar o Senhor Jesus Cristo e não agradar os desejos da natureza pecaminosa em relação à luxúria (Rm 13:14).
Ellen G. White diz: "Os homens estão vivendo para os prazeres dos sentidos, para este mundo e para esta vida unicamente. A extravagância invade todas as rodas da sociedade. A entrega de todas as faculdades a Deus, simplifica grandemente o problema da vida. Enfraquece e abrevia milhares de lutas com as paixões do coração natural" (Mensagens aos Jovens, p. 30).
O objetivo de cada pessoa que tem colocado a sua fé em Jesus Cristo é tornar-se cada vez mais semelhante a Ele a cada dia. Isto significa jogar fora o velho modo de vida sob o controle do pecado e conformar seus pensamentos e ações de acordo com o padrão delineado nas Escrituras. A luxúria é o contrário desse objetivo.
Ninguém nunca vai ser perfeito ou alcançar a impecabilidade enquanto ainda nesta terra, no entanto, ainda é uma meta para a qual nos esforçamos. A Bíblia faz uma declaração forte sobre isso em 1 Tessalonicenses 4:7-8: "Porquanto Deus não nos chamou para a impureza, e sim para a santificação. Dessarte, quem rejeita estas coisas não rejeita o homem, e sim a Deus, que também vos dá o seu Espírito Santo."
Se a luxúria ainda não tomou conta do seu coração e mente, prepare-se para combater as suas tentações através de uma vida santa. Se você atualmente luta com a luxúria, é hora de confessar o seu pecado a Deus e pedir a Sua intervenção para que a santidade possa ser uma marca da sua vida também.
Finalizo com este pensamento de Ellen G. White: "Mas ninguém que tenha caído deve se desesperar. Homens encanecidos, uma vez honrados por Deus, podem ter envilecido suas almas, sacrificando a virtude no altar da luxúria; mas se se arrependem, abandonam o pecado e voltam-se para Deus, há ainda esperança para eles. Aquele que declara: 'Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida' (Apocalipse 2:10), faz também o convite: 'Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que Se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar' (Isaías 55:7). Deus odeia o pecado, mas ama o pecador. “Eu sararei sua perversão”, Ele declara, 'Eu voluntariamente os amarei' (Oséias 14:4)" (Profetas e Reis, p. 38).
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