quarta-feira, 22 de maio de 2024

O PERIGO NÃO VEM DE FORA... VEM DE DENTRO!

Creio que enfrentamos dois perigos na igreja: os de fora e os de dentro. Mas acredito que o último deve ser o mais temido. Nosso maior perigo hoje é a atitude amplamente prevalecente de muitos membros que aceitam, com aparente satisfação, sua baixa condição espiritual e não se preocupam muito com isso.

Além dessa realidade, está a falha de alguns líderes que não apelam para uma nova e mais elevada vida espiritual na igreja. Creio que esse apelo deve ser feito hoje. Graças a Deus, há aqueles que o fazem. Mas acredito que deveria ser feito por todos os líderes dessa causa.

Ellen G. White em seu livro Mensagens Escolhidas, vol. 1 diz: "Um reavivamento da verdadeira piedade entre nós, eis a maior e a mais urgente de todas as nossas necessidades. Buscá-lo, deve ser nossa primeira ocupação. Os antigos porta-bandeiras sabiam o que significava lutar com Deus em oração, e fruir o derramamento de Seu Espírito. Estes, porém, estão se retirando do cenário; e quem está surgindo para preencher-lhes o lugar? Como é com a geração que surge? Estão eles convertidos a Deus? Estamos nós alerta quanto à obra que se está desenvolvendo no santuário celeste, ou estamos à espera de algum poder impelente que venha sobre a igreja antes de despertarmos? Temos esperança de ver toda a igreja reavivada? Tal tempo nunca há de vir. (p. 121, 122)

Como era nos tempos de Neemias, assim é hoje. Os Sambalates, Tobias e Gésens modernos se levantam, observam o trabalho de Deus e criticam a forma pela qual é feito. Encontram defeito na obra e naqueles que a executam. Mas, graças a Deus, no tempo de Neemias, eles não conseguiram parar o trabalho. Portanto, se estivermos sob a direção do Senhor, se formos consagrados a Deus, eles nunca poderão parar o trabalho em si. Esta é a obra de Deus. Não são os perigos de fora que devemos temer, mas os de dentro.

Ellen G. White adverte: "Temos muito mais a temer de dentro do que de fora. Os obstáculos à força e ao êxito são muito maiores da parte da própria igreja do que do mundo. Os incrédulos têm direito de esperar que os que professam observar os mandamentos de Deus e ter a fé de Jesus, façam muito mais que qualquer outra classe para promover e honrar mediante sua vida coerente, seu exemplo piedoso, sua influência ativa, a causa que representam. Mas quantas vezes se têm os professos defensores da verdade demonstrado o maior entrave ao seu progresso! A incredulidade com que se contemporiza, as dúvidas expressas, as sombras acariciadas, animam a presença dos anjos maus, e abrem o caminho para a execução dos ardis de Satanás" (ME1, p. 122).

Creio que nós, hoje, somos em grande parte responsáveis por esse espírito de dúvida, permissividade e descrença. Certa vez, o pastor James Lamar McElhany, ex-presidente da sede mundial da igreja, recebeu uma carta de um jovem de uma de nossas escolas. “Durante nosso crescimento, nossa vida é moldada pelo ambiente”, escreveu ele. “Há pouco tempo, ouvi um pregador condenando o consumo de carne, e, menos de uma hora depois, ele e outros três que estavam na plataforma dizendo ‘amém’ estavam comendo carne num restaurante. Não sei o que o Senhor vai fazer a esse respeito, mas Ele deveria fazer algo.”

Esse foi o comentário do estudante. Podemos dizer que talvez esse jovem seja um extremista. Mas isso não é realmente o que importa nessa carta. O mais importante não é o que o jovem é, mas o que os pregadores são. Eles dizem uma coisa na plataforma, defendem um princípio, depois na vida cotidiana contradizem com outra prática.

Queridos irmãos, não precisamos ir longe para encontrar as causas da incredulidade e da dúvida, quando nossos líderes dão esse tipo de exemplo diante do povo. O que é realmente alarmante não é apenas o que aquele jovem disse, mas o fato de muitos de nossos membros terem perdido a fé em seus líderes devido à falta de coerência da liderança.

Os líderes deveriam estar dando um exemplo consistente, colocando em prática as reformas exigidas pelo dom profético. Como podem esperar ter a confiança e o respeito do povo se são inconsistentes? Como podem falar de renascimento espiritual e reforma, quando oferecem esse tipo de testemunho? Precisam ter coerência.

Através de outros péssimos testemunhos, também estamos abrindo a porta ao adversário. Ellen G. White afirma: "Quantas vezes, por sua falta de domínio próprio, professos cristãos abrem a porta ao adversário das almas! Divisões, e até amargas dissensões que infelicitariam qualquer comunidade mundana, são comuns nas igrejas, porque há tão pouco esforço para controlar os sentimentos errôneos, e reprimir toda palavra de que Satanás se possa aproveitar. Uma casa dividida contra si mesma não pode subsistir. Engendram-se e multiplicam-se incriminações e recriminações. Satanás e seus anjos operam ativamente para obter uma colheita da semente assim semeada. Os mundanos contemplam isto, e exclamam zombeteiramente: “Como esses cristãos se aborrecem uns aos outros! Se isto é religião, não a queremos!” E olham a si mesmos e a seu caráter irreligioso com grande satisfação. Assim são confirmados na impenitência, e Satanás exulta ante seu êxito" (ME1, p. 123).

Precisamos também de uma reforma na pregação sobre a vinda do Senhor. Creio que nossa identidade como adventistas do sétimo dia é a proclamação sobre a volta de Jesus. Estando rodeados pelas crescentes evidências de Seu retorno, como podemos permanecer ignorantes sobre um assunto tão vital como esse? Como servos de Deus, devemos “tocar a trombeta”, pois “breve Jesus voltará”. Nosso movimento foi fundado sobre essa bendita esperança, e todo pregador deve falar sobre ela e repeti-la em todos os lugares.

Atente para este pensamento de Ellen G. White: "A obra está diante de nós; empenhar-nos-emos nela? Precisamos trabalhar depressa, precisamos avançar constantemente. Temos de preparar-nos para o grande dia do Senhor. Não temos tempo a perder, tempo para empenhar-nos em desígnios egoístas. O mundo deve ser advertido. Que estamos fazendo, como indivíduos, para levar a luz a outros? Deus deixou a cada homem sua obra; cada um tem sua parte a desempenhar, e não podemos negligenciar essa obra senão com risco para nossa alma" (ME1, p. 126).

Creio que o Senhor ainda está com Seu povo. A igreja de Laodiceia é também a igreja da trasladação. A mesma igreja repreendida por seus delitos é a igreja que deve ser levada para o reino de Deus. O conhecimento desse fato me dá coragem. Podemos continuar trabalhando com a certeza de que essa causa triunfará!

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