terça-feira, 4 de junho de 2024

ESPIRITUALISMO MODERNO

As atrizes Jamie Hughes, Sionne Elise e Marie Mchugh do filme "As Irmãs Fox", previsto para 2025, que retrata a trajetória de Kate, Maggie e Leah Fox, pioneiras do espiritualismo.
Designações e contexto histórico
O espiritualismo moderno se refere à crença de que a morte não é o fim da existência. Em vez disso, ele afirma que o espírito sobrevive como uma alma etérea, imaterial, eterna e imortal. Após a morte, essas almas ou espíritos continuam a se desenvolver e evoluir, avançando para outras dimensões e níveis de existência e conhecimento. Os seres humanos que ainda estão em seus corpos podem entrar em contato com esses espíritos que partiram, pedindo ajuda e orientação. Os contatos podem ser feitos por meio de médiuns. Ou pode-se entrar em contato por meio do estudo e da prática.

Acredita-se que o espiritualismo moderno tenha se originado em Hydesville, Nova York, em 31 de março de 1848, com as irmãs Fox, que afirmavam que um espírito se comunicava com elas por meio de batidas misteriosas. Em 1888, uma das irmãs revelou que as batidas eram uma farsa, mas em 1889 ela retirou sua confissão. Apesar dos escândalos de fraude, o espiritualismo se espalhou. No fim do século 19, milhões de norte-americanos de classe média e alta se consideravam espiritualistas. Ellen White anunciou, em nome de uma visão que lhe havia sido concedida, que as misteriosas batidas eram uma manifestação do espiritismo, e que esse fenômeno se desenvolveria rapidamente, e sob o nome de religião se tornaria popular e enganaria multidões, tornando-se a peça-chave dos ardis de Satanás para os últimos dias (Primeiros Escritos, p. 299).

Nessa mesma época, na década de 1850, Hippolyte Léon Denizard Rivail, professor francês conhecido pelo pseudônimo de Allan Kardec, desenvolveu o espiritismo. Essa crença ensina que os seres humanos são encarnações e reencarnações de espíritos imortais que povoam uma esfera transcendente. Assim, enquanto o espiritismo acredita na reencarnação da alma eterna, o espiritualismo acredita na eternidade da alma sem aceitar o conceito de reencarnação. Embora todos os espíritas sejam espiritualistas, nem todos os espiritualistas são espíritas. Ainda que haja discordância entre esses movimentos, eles estão unidos por uma crença: a imortalidade da alma e a possibilidade de se comunicar com os espíritos após a morte. Na segunda metade do século 19, um número crescente de elites da Europa abraçou tanto o espiritualismo quanto o espiritismo, desenvolvendo o ocultismo ocidental. Organizaram-se em numerosas sociedades e associações, publicando uma enorme quantidade de livros e artigos sobre conhecimento esotérico e magia.

A imortalidade da alma
Os espiritualistas não afirmam que sua crença na imortalidade da alma é nova. Em vez disso, eles admitem que esse “conhecimento” vem dos “antigos”. O conceito da imortalidade da alma remonta à tentação da serpente. Essa falsa teologia se espalhou pelo mundo, permeando culturas e criando religiões como xamanismo, xintoísmo, hinduísmo, budismo, vodu, etc.

A imortalidade da alma foi o fundamento da filosofia grega, especialmente do pitagorismo, platonismo, aristotelismo, platonismo médio e neoplatonismo. O maniqueísmo e o gnosticismo também se basearam no mesmo conceito. Tragicamente, por meio de um sincretismo com a filosofia grega, o cristianismo também foi influenciado com o conceito da imortalidade da alma. Por essa razão, mesmo que muitas denominações cristãs tenham condenado o espiritismo, qualquer igreja que continua a se apegar ao conceito da imortalidade da alma é vulnerável a ele e ao ocultismo. Como resultado, algumas igrejas, como a Católica Romana e a Ortodoxa, desenvolveram um culto aos santos, que supostamente ouvem orações e respondem por meio da proteção e orientação aos que apelam a eles. Os reformadores rejeitaram o culto dos santos. No entanto, o conceito da imortalidade da alma está arraigado na maioria das denominações, abrindo-as para influências espiritualistas.

Duas observações adicionais são importantes. Em primeiro lugar, o espiritualismo moderno surgiu durante o mesmo período em que o adventismo milerita se originou, na década de 1840, e na mesma área geográfica em que este surgiu, o nordeste dos Estados Unidos. Esse surgimento foi a tentativa do diabo de antecipar e desacreditar a obra de Deus de proclamar a segunda vinda de Jesus e as três mensagens angélicas. Deus tem proclamado essas mensagens por meio da igreja remanescente, que foi confirmada pelo dom profético. Uma das crenças fundamentais adventistas consiste no chamado à rejeição da crença pagã da imortalidade da alma. A igreja também tem apelado ao mundo pelo retorno ao ensino bíblico sobre a natureza unitária do ser humano. Os adventistas têm encorajado a humanidade a depositar sua esperança na vida após a morte, não na ideia de sobreviver à morte como uma alma imortal, mas na ressurreição na volta de Jesus.

Em segundo lugar, o Iluminismo europeu ou modernismo, com sua ênfase na ciência e na educação científica e na tecnologia, prometia à humanidade o extermínio das superstições, da magia, da feitiçaria e de qualquer contato com o sobrenatural. Talvez o único sucesso do modernismo a esse respeito tenha sido minar a crença no Deus cristão entre os ocidentais. Além disso, o modernismo nunca conseguiu erradicar o sobrenatural da sociedade ocidental. Pelo contrário, a sociedade ocidental tornou-se secular e ateia, sem se livrar do espiritualismo. Assim, a segunda metade do século 19 é conhecida como um dos maiores avivamentos da história do espiritualismo, espiritismo, ocultismo, feitiçaria e magia. No fim do século 20, o próprio modernismo lutava pela sobrevivência, enquanto as crianças pós-modernas eram inundadas com histórias ocultistas – na forma de livros, desenhos animados e filmes – repletas de poderes sobrenaturais, magia, feitiçaria e comunicações com os mortos.

Hoje, o que também é conhecido como Experiências de Quase-Morte (EQM) são apenas outra manifestação desse mesmo princípio. E, infelizmente, até mesmo muitos cristãos os veem como prova de que os mortos vivem de modo imediato em outro reino de existência.

Espiritualismo e o grande conflito
Qual é o papel do espiritualismo na estratégia do maligno em meio ao grande conflito? Ao promovê-lo, Satanás pretende explicar e confirmar seu engano fundamental que deu início ao grande conflito, ou seja:

- Deus não é o único Deus, mas todos nós somos deuses;

- Temos vida que está em nós e é nossa;

- Temos um componente (a alma) do nosso ser que é espiritual (imaterial, etéreo), indestrutível, imortal e eterno; e

- Somos moralmente autônomos.

A queda da humanidade no pecado trouxe sofrimento incomensurável, destruição e morte, provando empiricamente que o diabo estava errado. Nessa situação, os humanos duvidariam com razão da tese de Satanás em que ele afirmou que a rebelião contra Deus não levaria à morte, mas a outro nível divino de existência e consciência. O espiritualismo em várias formas, então, é a tentativa do maligno de redefinir a morte e afirmar que só o corpo morre e que a alma transita para uma forma superior de vida.

Satanás usa o espiritualismo para atrair as pessoas ou levá-las a um encontro consigo mesmo e seus demônios. A Bíblia ensina que por trás dos fenômenos espiritualistas, como no caso da idolatria, estão os próprios demônios (1Co 10:20). Esses encontros são perigosos não apenas porque são enganosos (Jo 8:44) e geram impureza (Mc 5:2), mas também porque levam à possessão demoníaca, uma situação na qual os demônios controlam e escravizam pessoas. Por várias razões e como parte de sua estratégia, eles não podem possuir ou controlar todos da mesma forma. No entanto, as forças demoníacas estão constantemente planejando uma grande gama de armadilhas para capturar o maior número possível de pessoas para apoiá-las no grande conflito. Pedro nos adverte que nosso adversário “anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar” (1Pe 5:8, NVI).

Nos últimos dias da história da Terra o espiritualismo ganhará forças e será um dos últimos e mais potentes enganos de Satanás. Ellen G. White alerta: “Terríveis cenas de caráter sobrenatural logo se manifestarão nos céus como indício do poder dos demônios que realizarão milagres. Os espíritos diabólicos irão aos reis da Terra e ao mundo inteiro para mantê-los no engano e forçá-los a se unir a Satanás em sua última luta contra o governo do Céu. […] Surgirão pessoas dizendo ser o próprio Cristo e reivindicando o título e a adoração que pertencem ao Redentor do mundo. Farão milagres extraordinários de cura, afirmando terem recebido do Céu revelações que contradizem o testemunho das Escrituras." 

E continua: “Como ato culminante no grande drama do engano, o próprio Satanás personificará a Cristo. Há muito tempo, a igreja diz considerar o advento do Salvador como a concretização de suas esperanças. […] Em várias partes da Terra, Satanás se manifestará entre as pessoas como um ser majestoso [...] semelhante à descrição do Filho de Deus dada por João no Apocalipse” (Ap 1:13-15; O Grande Conflito, p. 518).

Nos momentos finais da história deste mundo, ocorrerão até mesmo aparições de personagens bíblicos para contradizer o que a Palavra do Senhor nos ensina. A serva do Senhor nos adverte: “Os apóstolos, conforme personificam esses espíritos de mentira, são apresentados contradizendo o que escreveram, sob a inspiração do Espírito Santo, quando estavam na Terra. Negam a origem divina da Escritura Sagrada” (O Grande Conflito, p. 557). E diz mais: “Mediante os dois grandes erros — a imortalidade da alma e a santidade do domingo — Satanás há de enredar o povo em suas malhas. Enquanto o primeiro lança o fundamento do espiritismo, o último cria um laço de simpatia com Roma” (O Grande Conflito, p. 588).

O poder de Cristo
Apesar dos esforços de Satanás, a cura que Cristo concede às pessoas possuídas por demônios (Lc 8:26-33; Mt 12:45) demonstram Seu poder para nos libertar do controle do maligno. Os adventistas do sétimo dia proclamam a vitória de Cristo não apenas no fim do grande conflito, mas aqui e agora. A crença fundamental número 11, denominada “Crescimento em Cristo”, destaca de modo preciso esse ponto:

“Com Sua morte na cruz, Jesus triunfou sobre as forças do mal. Aquele que durante Seu ministério terrestre subjugou os espíritos demoníacos, quebrou o poder do maligno e confirmou sua condenação final. A vitória de Jesus nos dá a vitória sobre as forças do mal que ainda procuram controlar-nos ao andarmos com Ele em paz, alegria e com a certeza de Seu amor” (Nisto Cremos: As 28 Crenças Fundamentais da Igreja Adventista do Sétimo Dia [CPB, 2018], p. 167).

Inicialmente, essa crença fundamental era necessária devido à situação em algumas partes do mundo, como Ásia e África, em que os cristãos, em geral, e até mesmo alguns adventistas, não tinham certeza de que as Escrituras rejeitam todas as práticas ocultistas. Além disso, mesmo que os adventistas nessas áreas entendessem que a Bíblia se opõe a todas as práticas espíritas, eles hesitavam em livrar-se das práticas e ensinamentos porque temiam a retaliação dos espíritos. Outro ponto é que o espiritualismo, o espiritismo e o ocultismo são realidades difundidas, não apenas na África e na Ásia, mas em todo o mundo. Sendo assim, a Crença Fundamental 11 é para todos. Independentemente de nossas origens culturais e sociais, todas as pessoas precisam da mesma mensagem do evangelho: “As Minhas ovelhas ouvem a Minha voz; Eu as conheço, e elas Me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da Minha mão” (Jo 10:27-29, NVI).

Quando mais densas forem as trevas, entretanto, mais forte deve brilhar a nossa luz. Nos momentos de maior engano e perseguição, “quando a religião de Cristo for mais desprezada, quando Sua lei for mais desprezada, então nosso zelo deve ser mais ardoroso e nosso ânimo e firmeza mais inabaláveis. Permanecer em defesa da verdade e justiça quando a maioria nos abandona, ferir as batalhas do Senhor quando são poucos os campeões — essa será nossa prova. Naquele tempo devemos tirar calor da frieza dos outros, coragem de sua covardia, e lealdade de sua traição” (Testemunhos Seletos, v. 2, p. 31).

[via CPB]

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