"Não furtarás" (Êxodo 20:15). Furtar ou roubar são diferentes em alguns aspectos, porém, ativos pelo mesmo princípio - tomar posse não autorizada do que não lhe é devido. Apropriar-se indevidamente do que pertence a outro pode ocorrer de maneiras diferentes daquilo que é tecnicamente denominado como furto ou roubo. Por exemplo, há fraudes, desfalques, roubos, extorsões, dívidas não sanadas e muitos outros, embora diferentes em alguns aspectos, porém ligados pelo mesmo princípio.
Os versos de Êx 21:16; 22:1–16; Lv 6:2-5; 19:11, 13; Dt 24:7 ampliam o significado do mandamento, impondo alguma penalidade, forma de restituição ou avaria pelo ato cometido, com o objetivo de evitar a dor causada aos outros, proteger a propriedade do cidadão, a capacidade de possuir algo e a manutenção da ordem social.
A desonestidade, em todo o seu pormenor, está diretamente ligada à ideia do furto. É o que encontramos em Dt 5:17-19, pois o sétimo, oitavo, nono e décimo mandamentos estão conectados pela conjunção coordenativa "e", significando que ambos estão agrupados pelo mesmo princípio. Essa ordem contra o roubo também é reforçada repetidamente no Novo Testamento (Mt 19:18; Rm 2:21; 13:9; 1Co 6:10; Ef 4:28; Tt 2:10; 1Pe 4:15). Para que a sociedade exista, este princípio deve ser salvaguardado, ou então não há segurança nem proteção. Tudo seria pura anarquia.
Este mandamento proíbe qualquer ato pelo qual, direta ou indiretamente, obtenhamos desonestamente os bens cretos ou abstratos de outros. Especialmente nestes dias, em que o aguçado senso de moralidade está ficando cada vez mais monótono, é bom lembrar que a adulteração de produtos, a ocultação de defeitos dos bens vendidos, a deturpação da qualidade, o funcionário que rouba o tempo de trabalho, a apropriação do que não foi previamente acordado, a negligência no cumprimento das obrigações trabalhistas, o emprego de falsos pesos ou medidas, o descumprimento de benefícios prometidos, salários mal pagos, horas extras não compensadas, deturpação dos dados do imposto de renda, apropriação de crédito pelo trabalho intelectual ou ideia que pertença a outro, entre tantos, são todos os atos de um ladrão no mais pleno sentido da palavra. Se é lei, se é ético e se é moral, deve ser cumprido, mesmo que você tenha uma interpretação contrária.
Ellen G. White comenta: “Tanto pecados públicos como particulares são incluídos nesta proibição. O oitavo mandamento condena o furto de homens e tráfico de escravos, e proíbe a guerra de conquista. Condena o furto e o roubo. Exige estrita integridade nos mínimos detalhes dos negócios da vida. Veda o engano no comércio, e requer o pagamento de débitos e salários justos. Declara que toda a tentativa de obter-se vantagem pela ignorância, fraqueza ou infelicidade de outrem, é registrada como fraude nos livros do Céu" (Patriarcas e Profetas, p. 217). E continua: "O oitavo mandamento deve servir de proteção à alma, cercando aí o homem de maneira que ele não faça nenhuma usurpação prejudicial — o que seu egoísmo e desejo de ganho buscariam nos direitos de seu próximo" (Carta 15, 1895).
Não roubar significa amar a justiça, a equidade e o trato justo àqueles que fazem a lei da sua vida valer pelos outros como fariam os outros a eles, cumprem a essência do amor, traduzido nos mandamentos, e recebem de Deus as mais preciosas bênçãos.
Por outro lado, podemos roubar de outras pessoas de maneiras mais sutis, defraudando-lhes sua fé em Deus por meio de dúvidas e críticas, através do efeito destruidor de um mau exemplo, por fofocas perniciosas e caluniosas que podem privá-las de seu bom nome e caráter. Portanto, todo ato de esperteza que visa se beneficiar através de contas não pagas, diminuição de receitas, lucrar às custas de outros ou “se dar bem” em vários aspectos da vida acadêmica, social e profissional se configuram em engano, roubo ou furto.
Colocando o oitavo mandamento de forma positiva, eu diria: respeite o que pertence ao outro. O que é seu é seu. O que é do outro é do outro. Devolva o que você pegou emprestado e pague suas contas em dia! Dessa forma, você será uma pessoa confiável e respeitável na sociedade terrena. E o mais importante: desenvolverá uma característica fundamental dos cidadãos do Céu. Ellen G. White adverte: "Como tratamos com nossos semelhantes em pequenas desonestidades ou em fraudes mais ousadas, assim trataremos com Deus. Os homens que persistem num curso de desonestidade executarão seus princípios até enganarem sua própria alma e perderem o Céu e a vida eterna" (O Lar Adventista, p. 392).
"Certamente você realizará o propósito de Deus, não importa como esteja agindo. Mas faz diferença se você serve como Judas ou como João" (C. S. Lewis).
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