"Vi ainda outra besta emergir da terra; possuía dois chifres, parecendo cordeiro, mas falava como dragão" (Apocalipse 13:11).
Ellen G. White afirma: "Uma nação, e apenas uma, satisfaz às especificações desta profecia; esta aponta insofismavelmente para os Estados Unidos da América do Norte" (O Grande Conflito, p. 440). E continua: Aqui está uma impressionante figura da elevação e do crescimento de nossa nação [Estados Unidos]. E os chifres semelhantes aos de um cordeiro, emblemas de inocência e brandura, representam corretamente o caráter de nosso governo, segundo é expresso em seus dois princípios fundamentais: republicanismo e protestantismo (Spirit of Prophecy, v. 4, p. 277).
Os Estados Unidos da América (EUA) comemoram nesta quinta-feira, 4 de julho, o 248º aniversário da sua Independência. Nesta data, em 1776, treze colônias britânicas na América do Norte fizeram a Declaração de Independência, rejeitando a autoridade britânica, a favor da política de autodeterminação. A independência foi oficialmente reconhecida pela Grã-Bretanha no Tratado de Paris.
Após a independência, os agora denominados Estados Unidos da América ainda eram um paisinho nanico que se estendia verticalmente entre o Maine e a Flórida e horizontalmente entre o Atlântico e o Mississípi. Mas isso estava prestes a mudar. Alimentados ideologicamente pelo chamado “destino manifesto”, que defendia a idéia de que os americanos teriam sido escolhidos por Deus para a missão de ocupar as terras entre os oceanos Atlântico e Pacífico, os Estados Unidos iniciaram um processo de expansão que se estenderia por mais de um século e que, no final, lhes daria as fronteiras atuais e o posto de quarto maior país do mundo.
Atualmente os Estados Unidos são considerados a principal potência do mundo, mas essa condição alcançada não ocorreu repentinamente, foram necessários vários fatores para que este se consolidasse como uma das nações mais importantes do planeta. A ascensão da economia norte-americana deve-se principalmente pela intensa acumulação de capital ocorrida na segunda metade do século XIX. No início do século XX, o país já possuía grandes empresas que detinham os monopólios do petróleo, aço, automóveis e ferrovias. E o crescimento da economia norte-americana também foi propiciado por acontecimentos históricos como a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), momento em que a Europa se encontrava em reconstrução, então os EUA forneceram empréstimos e mercadorias, resultando num gigantesco crescimento do PIB e se consolidando definitivamente como a maior potência mundial.
Hoje, o mundo entende que a política, eleições, tendências e economia dos Estados Unidos influenciam todas as outras nações do planeta. É a única superpotência do mundo, sem rivais próximos. E uma interpretação bíblica que vem se confirmando, revela que esta nação participará no cumprimento de uma das últimas profecias da Bíblia. Essa profecia está em Apocalipse 13.
Neste capítulo há a descrição de duas potências que são inimigas dos adoradores fiéis de Deus. Nos recuados tempos quando o Império Romano governava o mundo, Deus revelou ao apóstolo João, autor do Apocalipse, o surgimento de dois poderes de influência mundial. O primeiro é representado por uma “besta que emerge do mar” (Ap 13:1). Os reformadores protestantes identificaram a “besta do mar”. Para Martinho Lutero, João Calvino e os grandes reformadores protestantes do século 16, todas as descrições proféticas de Apocalipse 13:1-10 aplicam-se perfeitamente ao Império Romano em sua fase papal, ou seja, à hierarquia religiosa mais poderosa do planeta. Seu histórico de intolerância para com as ideias discordantes, evidente em episódios como o da Inquisição, confirma que a Igreja Romana está representada na Bíblia como a primeira besta de Apocalipse 13.
A segunda potência descrita no mesmo capítulo está figurada como “outra besta que emerge da terra” (Ap 13:11). Segundo o relato bíblico, essa “besta” “possuía dois chifres”, parecia “um cordeiro, mas falava como um dragão”. Ela “exerce toda a autoridade da primeira besta na sua presença”. Segundo Vanderlei Dorneles, em seu livro
O Último Império, o teólogo puritano Thomas Goodwin sugeriu em 1680 uma importante pista que levou à posterior identificação do símbolo profético. Ele concluiu que a segunda besta de Apocalipse 13 era a “imagem protestante do papado nas igrejas reformadas”.
Mais de um século depois, em 1798 e 1799, Jeremy Belknap e John Bacon, ambos da igreja congregacional, relacionaram os “chifres” da besta apocalíptica aos valores formativos dos Estados Unidos. Bacon defendeu que os dois chifres representavam a “liberdade civil e religiosa na América”. Os Estados Unidos eram independentes havia apenas 23 anos, e a Constituição americana vigorava há uma década.
Mas foi apenas em 1850 que essa interpretação se consolidou. George W. Holt, Hiram S. Case, Tiago White e Hiram Edson analisaram todos os elementos da profecia e concluíram que a segunda besta do Apocalipse é “a república protestante dos Estados Unidos”. No ano seguinte, um jovem de 22 anos chamado John Nevins Andrews destrinchou todas as evidências que apontam ser a nação americana a potência representada em Apocalipse 13:11-18. Com base nisso, ele previu que os Estados Unidos se tornariam um império mundial. Vale lembrar que, quando Andrews escreveu isso, a bandeira americana tinha apenas 31 das 50 estrelas que tem atualmente. Os 31 estados representados na flâmula compunham uma nação rural (apenas 15% da população vivia nas cidades). Ainda dependente da mão de obra escrava, o país com expressão econômica tímida no cenário internacional dava os primeiros passos de uma industrialização tardia em relação à Europa ocidental e tentava se erguer dos resultados da depressão econômica de 1837.
Ellen G. White assim descreve: "A profecia de Apocalipse 13 declara que a besta semelhante ao cordeiro fará com que 'a Terra e os que nela habitam' adorem o papado — simbolizado pela besta “semelhante a leopardo”. A besta de dois chifres também dirá a todos 'que habitam sobre a Terra, que façam uma imagem à besta, àquela que, ferida de espada, sobreviveu'. Além disso, ordenará a todos, 'os pequenos e os grandes, os ricos e os pobres, os livres e os escravos', que recebam a marca da besta (Apocalipse 13:11-16). Os Estados Unidos são o poder representado pela besta com chifres semelhantes aos de cordeiro. Esta profecia se cumprirá quando os Estados Unidos impuserem a observância do domingo, que Roma alega ser um reconhecimento de sua supremacia" (O Grande Conflito, p. 252).
Hoje, é indiscutível a liderança norte-americana no panorama internacional. Isso confirma a interpretação da profecia, que também revela que a “besta da terra” (EUA) levaria as pessoas a se sujeitarem à autoridade da “besta do mar” (Vaticano). Segundo a profecia, a nação americana “faz com que a terra e os seus habitantes adorem a primeira besta” e “seduz os que habitam sobre a terra por causa dos sinais que lhe foi dado executar diante da besta, dizendo aos que habitam sobre a terra que façam uma imagem à besta”.
Ellen G. White escreveu em 1888 que, “a fim de formarem os Estados Unidos uma imagem da besta, o poder religioso deve a tal ponto dirigir o governo civil que a autoridade do Estado também seja empregada pela Igreja para realizar os próprios fins” (O Grande Conflito, p. 443).
Em suma, “a imagem da besta” é uma nova versão do que vigorou na Idade Média: o papa mandava no rei, e o rei dava poder ao papa e executava a vontade deste.
Em seu livro Liberdade Americana e Poderio Católico, escrito em 1948, o jurista estadunidense Paul Blanshard previu, após minuciosa análise dos documentos históricos do catolicismo, que este pretendia conquistar poder político nos Estados Unidos. Blanshard alertou que a Igreja Católica, caso não mudasse sua postura, e caso os Estados Unidos não se precavessem contra ela, avançaria rumo ao controle do país e à supressão da liberdade religiosa. Diz Ellen G. White: Foi-me mostrado que Satanás nos está furtivamente tomando a dianteira. A lei de Deus, pela intervenção de Satanás, será invalidada. Em nossa terra [Estados Unidos] de alardeada liberdade, a liberdade religiosa terá o seu fim" (Evangelismo, p. 236).
Blanshard escreveu bem antes de 1984, quando os Estados Unidos estabeleceram relações diplomáticas com a Santa Sé. A aproximação entre a maior potência econômica e militar do planeta e a mais pujante hierarquia religiosa do globo deve ser encarada como a concretização de um perigoso cenário profético e apocalíptico. Segundo Ellen G. White, “quando as principais igrejas dos Estados Unidos, ligando-se em pontos de doutrinas que lhes são comuns, influenciarem o Estado para que imponha seus decretos e lhes apoie as instituições, a América do Norte protestante terá então formado uma imagem da hierarquia romana, e a aplicação de penas civis aos dissidentes será o resultado inevitável” (ibid., p. 445).
O cenário de união entre as potências religiosas e políticas do mundo é um dos últimos sinais que antecederão a segunda vinda de Cristo e o fim do mundo. Quando Cristo vier, as autoridades políticas e religiosas perderão seus poderes, e Deus salvará o seu povo e será o único governante do Universo, e “Ele reinará pelos séculos dos séculos” (Apocalipse 11:15).
Portanto, precisamos acompanhar com atenção o que vem acontecendo em nosso planeta – com um olho na Bíblia e outro nos sinais –, mas é preciso, também, evitar alarmismos que apenas criam sensacionalismo e que, no fim das contas, quando tudo passa, deixam um rastro de frustração. Lembremo-nos sempre de que, mais importante do que os sinais em si é a pessoa para a qual os sinais apontam: Jesus Cristo. Devemos amar a vinda dEle, mas sem descuidar da nossa comunhão com Ele agora e da missão de falar do amor e da salvação que Ele ainda oferece. Ele voltará em breve? Sim, eu creio nisso. Mas minha vida pode ser ainda mais breve do que esse grande evento, posto que tão frágil e incerta. Isso é um lembrete de que nosso preparo tem que ser diário; nossa ligação com Deus tem que ser constante, e não dependente de acontecimentos e circunstâncias.
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