Um fato importante para a compreensão desta profecia é que Isaías profetizou a queda de Babilônia, aproximadamente um século antes da Babilônia se tornar a maior potência mundial, com a ascensão da dinastia dos Caldeus ao poder. É interessante notar que os Caldeus nem tinham o domínio total do mundo de então, e Deus já estava dando orientação de como seria o seu final.
O profeta, ao fazer a profecia, descreve como seria Babilônia em seu apogeu, e isto está em todo o capitulo 13 de Isaías, mas logo em seguida conta quão trágico seria o seu fim. Capítulo 13:20 diz: “Nunca mais será habitada, nem reedificada de geração em geração; o árabe não armará ali a sua tenda, nem os pastores ali farão deitar seus rebanhos”.
Vamos conhecer um pouco sobre a antiga cidade de Babilônia. Ela ficava às margens do rio Eufrates e cerca de 88 quilômetros ao sul da moderna cidade de Bagdá e ao norte da cidade de Hila, no centro do atual Iraque.
Heródoto, historiador grego, que nasceu em 484 AC., afirma que a cidade media quase cem quilômetros. A população era de mais de um milhão de habitantes. As muralhas contavam com cem portões de bronze, vinte e cinco de cada lado. As muralhas chegavam em alguns lugares a ter 107 metros de altura e cerca de 27 metros de largura. Um profundo e largo fosso com água circundava as muralhas. As principais avenidas eram traçadas formando ângulos retos. Os jardins suspensos formavam um quadrado com 120 metros de cada lado, construídos em terraços. As partes mais altas dos jardins, continham árvores. Havia duzentos e cinqüenta torres nas muralhas. Numerosos canais cruzavam a região. Os maiores desses canais eram navegáveis e estavam todos ligados aos rios Eufrates e Tigre.
Babilônia, começou a se tornar uma potência a partir do dia 22 de novembro de 626 AC, quando Nebopolassar, assumiu o trono. Aos poucos foi derrotando aqueles que se opunham ao seu comando. Em 612 derrotou a poderosa Assíria. Seu filho Nabucodonosor, derrotou Neco, do Egito, em Carquemis, no ano de 625 AC. Nabucodonosor, reinou de 605-556 AC e teve um longo e brilhante reinado. Foi durante o seu reinado que invadiu Jerusalém e levou o povo israelita cativo. Foi esse mesmo rei que lançou os três jovens hebreus na fornalha ardente. Nabucodonosor transformou a cidade de Babilônia na mais esplendorosa das capitais, tornando-a a principal no mundo civilizado da época.
O tempo passou e Daniel, que havia sido levado bem jovem para Babilônia, agora era um senhor já bem idoso. Assumiu o poder, nesta ocasião, um nobre de Babilônia, por nome de Nabonido, mas acabou apontando a Belsazar, seu filho, como co-regente. Nabonido foi o último rei de Babilônia. No décimo sétimo ano de Nabonido, aproximadamente 539 AC., Ciro, rei da Pérsia, invadiu Babilônia.
Qual foi o ultimo ato de Belsazar, antes da cidade ser tomada? O filho de Nabonido, Belsazar, estava dando uma grande festa a mil de seus grandes (Daniel 5:1). Bebeu muito vinho na presença dos convidados. Havia uma tranqüilidade total, mesmo sabendo que os Medos e Persas estavam para atacar a qualquer momento. Belsazar, sem dar a mínima importância ao exército inimigo, ordenou que os vasos sagrados de Jerusalém, que seu avô havia trazido de Judá para Babilônia, fossem buscados para a festa porque ele queria beber vinho nesses vasos. Porém, quando estavam no auge da festa, a atenção foi atraída para uma cena aterrorizadora. Uma mão escrevia algo na parede, que ninguém conseguia entender. O terror tomou conta de todos. A música parou de ser tocada. Daniel, o velho Daniel, foi chamado e deu a interpretação do que estava acontecendo.
Note qual era a mensagem que coube a Daniel transmitir. “Deus contou o teu reino e o acabou. Pesado foste na balança e achado em falta. Dividido foi o teu reino, e dado aos Medos e Persas” (Daniel 5:26-28).
O rei e seus súditos estavam confiantes nos muros inexpugnáveis de Babilônia, porém naquela noite que Belsazar dava a festa, fora dos muros, Ciro executava o seu plano para invadir a cidade. Herodoto, conta que Ciro havia anteriormente feito secar o Palacopas, um canal que atravessava a cidade de Babilônia, levando as águas supérfluas do Eufrates para o lago Nitócris, a fim de desviar o rio para ali. Assim, o rio baixou de nível, e os soldados puderam penetrar na cidade através do leito quase seco. Num outro momento nós vamos estudar o que aconteceu com os portões de Babilônia, que estavam abertos. Ciro entrou e tomou a cidade, e mais tarde fez de Susã a capital do seu reino. Babilônia, foi entrando em declínio, ao ponto de que no ano 24 DC ela já estava em ruínas, e segundo Jerônimo, que viveu no VI século DC, Babilônia se reduzira a um local de caçadas de monarcas persas, e que, a fim de preservar a caça, as muralhas eram reparadas de vez em quando.
Querido leitor, o que podemos aprender da profecia da queda de Babilônia? Primeiro que só Deus conhece o futuro. Ninguém mais. Outra coisa é que segurança mesmo só existe no Senhor. Nenhuma casa ou fortaleza é suficiente para nos proteger. E, também podemos destacar que o orgulho sempre precede a queda. Não foi diferente com Babilônia e não será diferente hoje em dia também.
Algo também digno de nota é que Babilônia, nas Escrituras Sagradas, não representa somente uma região geográfica. O termo grego Babylṓn é usado apenas 12 vezes no Novo Testamento. Sua maior incidência está no livro do Apocalipse (Apocalipse 14:8; 16:19; 17:5; 18:2,10 e 21). Nele, tem-se a Babilônia como um símbolo dos poderes das trevas que perseguem o povo de Deus no tempo do fim.
Em Apocalipse 14:8, é predita a queda da Babilônia espiritual, assim como nos tempos do reinado de Belsazar. Ao descrever as sete últimas pragas, João declara que Deus se lembrará da Babilônia e lhe dará o “vinho do furor da sua ira” (Apocalipse 16:19). Embora Apocalipse 17 descreva a grande hostilidade destes poderes a ponto de se embriagarem com “o sangue das testemunhas de Jesus (Apocalipse 17: 5-6), chegará a hora de seu juízo e Babilônia cairá (Apocalipse 18).
O conteúdo de Daniel 5 traz uma reflexão a respeito da transitoriedade dos reinos terrestres, o juízo de Deus e aponta para a queda antitípica da Babilônia do tempo do fim. Assim como Ciro conquistou Babilônia com seu exército, Jesus dará fim à Babilônia espiritual e estabelecerá o seu reino eterno, por ocasião de sua vinda. Por isso, “ficai também vós apercebidos; porque, à hora em que não cuidais, o Filho do Homem virá” (Mateus 24:44).
Ellen G. White escreve: "Do surgimento e queda das nações conforme expostos nos livros de Daniel e Apocalipse, precisamos aprender quão sem valor é a glória meramente terrena e externa. Babilônia, com todo o seu poder e magnificência, como nosso mundo jamais contemplou igual — poder e magnificência que ao povo daquele tempo pareciam estáveis e permanentes — quão completamente passou. 'Como a flor da erva' (Tiago 1:10), pereceu. E assim perece tudo o que não tem a Deus por fundamento. Apenas o que está vinculado ao Seu propósito, e expressa Seu caráter, pode perdurar. Seus princípios são a única coisa firme que o nosso mundo conhece" (Profetas e Reis, p. 548).
[via Tempo Profético e Notícias Adventistas]
Ilustração: The Fall of Babylon by John Martin
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